sexta-feira, 29 de março de 2013

'' O AMOR QUE VENCEU A MORTE''

''Portanto ide, ensinai todas as nações , batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espirito Santo.
Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado, e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém."

mateus: 28.19.20.

segunda-feira, 4 de março de 2013

'' ALGUÉM NOS ESPERA.''


Hoje é doze de dezembro de mil novecentos e vinte e nove.
Meu nome é Carmem Lucia, meu pai Adelino esta ao meu lado, estamos entrando na igreja, meu futuro marido, Almir está me esperando no altar.
Minha mãe Silvia que fez meu vestido de noiva, simples, mas, lindo.
È o vestido mais lindo do mundo, escolhi me casar com os cabelos soltos que é na altura dos ombros cortado em fio reto com franja.
Meu bouquet de noiva foi feito com flores do jardim da casa dos meus pais.
Sou filha única e meu pai tem uma quitanda.
 Eu e Almir tivemos um noivado longo, nove anos, hoje eu tenho vinte e oito anos e ele tem trinta e cinco. Éramos vizinhos.
Moramos numa cidade do interior do estado de são Paulo.
Minha tia Cintia fez o bolo do meu casamento, toda a família e amigos estavam na igreja.
Minha prima paterna Soraia, casada com um filhinho pequeno foi quem nos emprestou sua casa no litoral norte para passarmos a lua de mel, voltaríamos em uma semana.
Foi tudo muito simples e bonito. Meu marido Almir era professor e adorava crianças e queria ter muitos filhos.
Passado um ano de casados morávamos no mesmo bairro que minha prima Soraia.
Ela e o marido alugaram uma casa para nós e nos tornamos muito amigos.
Em 1931 eu estava esperando o nosso primeiro filho Pedro que nasceu em outubro.
Pedro era alegre e muito levado e éramos muito felizes. Meu marido além de lecionar num colégio só de meninos também trabalhava com contador em uma loja.
Eu cuidava da casa e de Pedro, eram tempos difíceis e para ajudar nas despesas da casa comecei a fazer balas de coco para vender.
Pedrinho ia comigo entregar as balas. Com o tempo comecei a fazer bolos e doces.
Almir aceitava minha ajuda desde que não atrapalhasse na educação de Pedro.
Soraia sempre ia a casa levando, às vezes, novas receitas para me ajudar, ela era a irmã que eu não tinha.
Meus pais não gostavam muito que Soraia me ajudasse. Eles achavam que ela muitas vezes esquecia-se da casa dela para estar mais na minha.
O aluguel tinha aumentado e eu pedi para mudarmos para uma casa mais perto dos meus pais.
Almir: - Carmem sua prima ficará sem você, o marido dela trabalha muito e ela fica sozinha com as crianças.
Carmem: - Eu fico sozinha também, e meus pais acham que devemos morar mais perto.
Almir: - Não é isso eles acham que a Soraia fica muito tempo aqui e quanto ao aumento do aluguel eu trabalharei um pouco mais.
Carmem: - quanto tempo mais que você irá trabalhar, só resta os domingos.
Com o passar dos dias meus pais conseguiram convencer Almir a alugar uma casinha de fundo no mesmo bairro que eles moravam e com o aluguel mais baixo.
Mas, mesmo assim Almir trabalhava muito.
Soraia diminuiu as visitas em casa agora que estava grávida da sua filha Marinalva.
Quando a filha dela nasceu eu engravidei e estava ansiosa para contar para meu marido quando ele chegasse a casa.
Quando ouvi o barulho do portão, eu já tinha preparado o jantar e Pedrinho estava dormindo.
Carmem: - Almir tenho uma grande e maravilhosa surpresa!
Almir: - Você pegou mais encomendas de doces?
Carmem: - Não! Você será pai novamente! Quem sabe não será uma menininha!
Para minha surpresa e susto Almir ficou nervoso.
Almir: - Por quê? Agora não podemos, não consigo parar para descansar. Você quer acabar comigo?
Chorei muito me senti desolada e desesperada. Resolvi fazer mais doces e vender e lavar roupas para fora. Com quatro meses de gravidez eu vivia no tanque de roupa e no fogão. Pedrinho era minha única alegria quando ele sorria meu mundo iluminava-se.
Soraia veio me visitar com os filhos, contei a ela a reação do Almir em relação à segunda gravidez.
Soraia: - Carmem os homens não são iguais às nós, meu marido também é assim, quando fico nervosa deixo meus filhos na minha mãe e saio, vou a igreja dar uma volta de bonde, agora ocupo meu tempo ajudando os doentes.
Carmem: - Soraia que lindo ser humano você é, eu me queixando para você enquanto você divide seu tempo com os doentes.
Eu achava a    menina Marinalva linda tinha cabelos castanhos lisos e lindos, olhos verdes. Eu a chamava de esmeralda.
Soraia: - Marinalva puxou pelas bisavós paternas, ela é minha pedra preciosa.
Depois de cinco meses estava lavando roupa quando senti as dores do parto, minha mãe que estava em casa comigo chamou a parteira.
E a tarde nasceu minha filha Bernadete.
Almir chegou à casa a noite entrou no quarto e olhou para o neném e perguntou:
- Você tem muito leite?
- Tenho você não precisa gastar com o leite para ela.
Abracei minha filha e chorei muito.
Com vinte dias do nascimento de Bernadete eu já estava no tanque de roupa. Minha mãe me ajudava com os doces.
Eu agradecia a Deus pelas muitas encomendas de doces e de roupas para lavar.
Conforme as crianças iam crescendo eu conseguia nos manter, não faltava nenhum tipo de alimento aos meus filhos.
Eu entregava as roupas em outro bairro mais longe de casa, enquanto minha mãe ficava com as crianças. Chegando a casa encontrei Soraia a minha espera.
Soraia: - Carmem você sabe o quanto minha mãe te amava, e desde o falecimento dela que eu não sei o que fazer com as crianças.
Prometi que iria continuar meus préstimos aos doentes mais não posso ir porque não tenho com quem deixar as crianças. Você não poderia ficar com elas na terça e na quinta feira à tarde? Meu marido trabalha muito e disse que pagará por essas horas, sei que faz tempo que não se veem.
Eu tinha admiração por Soraia pelo trabalho dela com os doentes, e mesmo minha mãe não aceitando eu concordei.
Toda terça e quinta- feira as crianças ficavam em casa, e no final da tarde vinha busca-las, minha mãe sempre ajudando a cuidar das crianças.
Eu achava que estava fazendo uma caridade para minha prima que tanto bem fazia para quem precisava.
Sempre entregava roupas às quartas e sextas feiras. A me3nina Marinalva não dava trabalho nenhum. Ela era muito carinhosa me olhava com os olhinhos verdes brilhando.
Já fazia um ano que as crianças ficavam todas às terças e quintas férias. Soraia sempre vinha busca-las ante que Almir chegasse a casa. Às vezes Pedrinho falava dos primos e eu dizia que eles vinham nos visitar.
Almir: - Tudo bem! Mas, a sua prima traz o lanche das crianças?
Carmem: - Almir você não era assim? O que há com você?
Almir: - É o cansaço!
Numa quarta feira levei Pedrinho comigo para entregar doces, eu havia adquirido uma encomenda extra de roupas, mas teria que entregar nas quintas-feiras em outro bairro.
Na semana seguinte com a sacola de roupas, peguei o bonde e de longe parecia ter visto Almir caminhando na rua, tive certeza que era meu marido.
Pensei como? Ele deveria estar no colégio lecionando!
Retornei para casa pensativa e contei para minha mãe e ela me aconselhou a esquecer. Ao dormir eu fitava Almir e minha cabeça não parava de pensar.
No dia seguinte minha pediu novamente para que eu esquecesse.
Silvia:- Minha filha os homens são assim misteriosos, não era o Almir, feche os olhos, desde que o mundo é mundo os homens dão seus passeios.
Soraia logo chegou com as crianças e como tinha feito balas a mais os deixei deliciando-se e logo sai. Fui ao mesmo local onde tinha visto o Almir, mas não o achei. Então resolvi ir até a casa da Soraia, sabia que ela estava no hospital.
Para minha surpresa uma vizinha veio ao meu encontro.
Carmem: - Por favor, a minha prima mora aqui a senhora sabe me dizer que horas ela chega?
A vizinha me relatou que há um ano Soraia tinha mudado porque o marido havia a abandonado. Fiquei sem saber o que fazer. Votei para casa e Soaria já tinha levado as crianças.
Não consegui dormir, levantei-me e vasculhei os bolsos do paletó de Almir e achei uma chave que não era da nossa casa.
Na manhã seguinte a mesma rotina, terça feira a Soraia veio trazer as crianças e minha mãe as recebeu. Eu estava escondida na praça, quase defronte minha casa.
Vi Soraia sair, ela estava bem vestida, estava a pé, andamos por quase meia hora, eu a segui de longe.
Ela entrou em uma casa e eu pensei que era onde ela morava, achei que ela iria trocar de roupa para ir para o hospital.
Eu era completamente inocente, de qualquer forma, não esperava o que vi.
Continuei esperando por mais quarenta minutos e vi Almir e Soraia saindo juntos da casa e cada um indo para um lado.
Senti-me mal e desmaiei, fui acordada pelo farmacêutico.
- A senhora está bem?
Carmem: - Meu Deus já é noite!
 O farmacêutico e a esposa me levaram até em casa de carro.
Chegando a casa Almir abriu a porta.
Almir: - O que houve? Sua mãe está preocupada as crianças já jantaram!
Carmem: - Fui entregar doces e me senti mal na rua cheguei a desmaiar.
Almir: - Não vai me dizer que está grávida de novo?
Carmem: - Não! Almir.
Eu pensava: Meu Deus! Soraia e Almir eram amantes, queria reagir, mas, como?
Não conseguia olhar para o meu marido, pensei nas crianças, nos filhos da Soraia.
Resolvi conversar com ela era terça feira, quando ela chegar falarei com ela.
Já era hora do jantar e ninguém tinha aparecido, nem Soraia, nem meu marido havia chegado.
Dei o jantar para as crianças e as coloquei na cama para dormir.
Meus pais estavam preocupados e queriam ir até o hospital para ver se algo ruim tinha acontecido.
Carmem: - Pai não é necessário! Eu achava que eles haviam fugido.
Não conseguia dormir, pensava que não conhecemos as pessoas namorei por nove anos, e Almir sempre respeitoso, meus pais o admiravam, casamos na igreja diante de Deus e todos os parentes e amigos. Tinha orgulho de apresentar meu marido, um professor que trabalhava muito pela família.
Eu não aceitava o que estava acontecendo, mas não tinha coragem de tomar nenhuma atitude. Poderia dizer adeus a Soraia, mas, com meu marido eu iria conversar, achava que devia aceitar a traição, porque tinha filhos e eu seria a esposa largada pelo marido.
Logo que amanheceu eu me levantei da cama, ainda não era sete horas da manhã bateram na porta. Abri com cuidado achando que era o Almir estava pronta para perdoa-lo, afinal era o pai dos meus filhos.
Ao abrir a porta vi que era o Américo, esposo de Soraia.
Américo: - Posso entrar? Ele estava pálido com uma mala deixada do lado de fora da casa.
Américo: - Carmem estou indo embora! Fiz algo terrível, não sei se você irá me perdoar.
Carmem: - Américo o que houve?
Américo: - Hoje eu terei que ir embora, irei para o norte do país. Eu sabia que eles eram amantes, descobri quando Marinalva nasceu na minha família não tem ninguém com olhos verdes, mesmo assim eu a perdoei, mesmo ela negando a traição.
Só tive certeza quando sua tia Magda me disse que havia encontrado Soraia e Almir no bonde.  Ela me disse que se encontraram por acaso, que Soraia ia indo a sua casa para pegar as crianças e que ela tinha muito orgulho que a filha era benemérita.
Mas, eu sabia que Soraia nunca ajudou ninguém, nenhum doente.
Ela não me aceitava como marido depois que tivemos nosso único filho Josué Fabrício.
Américo:- Carmem, Marinalva é filha do Almir com Soraia.
Eu fiquei atordoada achei que fosse desmaiar, mas tinha que ouvir tudo por mais difícil que fosse.
Carmem: - Como você conseguiu aceitar? Diga-me como eu também preciso aceitar?
Américo: - Há um ano eu a abandonei nossa casa e Almir alugou uma casa para eles, ia visita-la toda terça e quinta feira!
Carmem: - Meu Deus! Pedro e Bernadete são irmãos de Marinalva. O que Faremos?
Américo; - Carmem eu não terei perdão! Depois de pedir a Soraia, varias vezes em nome das crianças que mudasse de atitude. Ontem à tarde eu os encontrei no quarto, na cama e atirei. Foram quatro tiros no Almir e um no peito de Soraia.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Américo: - Eu peço perdão, mas, era uma questão de honra!
Carmem: - Honra! Os dois eram pecadores, mas era pais, o que você dirá para seus filhos? Você estava com as mãos limpas de sangue, mas, agora como você olhará nos olhos dos seus filhos? Agora Josué é pequeno, mas logo será um homem o que ele sentira? E os meus filhos? E Marinalva?
Américo: - Não olharei nos olhos dos meus filhos, partirei, diga que fui um bom pai. Aqui nesta caixa está o dinheiro e uma carta para eles. Por favor, crie os meus filhos, agora são seus.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus!
Não conseguia parar de chorar, vieram todas as lembranças, estavam mortos. A atitude de cada um fizeram suas escolhas, achavam que estavam acima do bem e do mal.
Algumas pessoas agem assim pensam que nada acontecerá com eles, que são imortais e que nunca serão cobrados de nada, mas, a resposta vem sem volta muitas vezes.
Américo: - Carmem você será uma boa mãe, diga a eles que eu os amo e nunca conte a Marinalva a verdade.
Carmem: - Eu cuidarei deles como meus filhos, direi a eles que Soraia e Almir foram para o céu, depois pensarei no que direi.
Américo: - Adeus Carmem! Um dia te darei a mão quando você menos esperar!
Carmem: - Adeus Américo!
Sentia que não o veria nunca mais. Mais tarde veio a policia avisar que Almir estava morto com três tiros e Soraia com um tiro. Tive fazer uma fisionomia de surpresa.
A fama de Soraia de mulher separada e adultera fez com que ninguém fosse ao velório. No velório do meu marido muitos amigos e familiares estavam presentes.
Diziam pobre homem honrado e trabalhador fora vitima de uma emboscada.
Passei todo o velório sentada em minha casa, às crianças estavam na casa dos meus pais. Todos tinham entendido a realidade dos fatos, mas, Soraia levou toda a culpa e a má fama.
Lutei muito na vida, trabalhei muito, passaram-se dez anos. E um dia chegou uma carta de Américo dizendo que havia colocado no banco em meu nome uma quantia para te ajudar.  Neste momento estou com um revolver apontado em minha direção, não consigo conviver com o que eu fiz. Adeus! Seu eterno amigo.
Depois de ler a carta entendi que Pedro, Bernadete, Josué Fabrício e Marinalva eram meus quatro filhos. Nunca contei a verdade, disse que os pais haviam morrido num acidente. Depois que recebi a carta mudamos de São Paulo para o interior.
Passaram- se trinta anos! Pedro agora era um bom pai, ele e a esposa Vilma Maria eram feirantes. Bernadete estava casada, era uma boa mãe e boa esposa.
Para ela o pai era amoroso, sempre achei que Almir encontraria alguém que o marcaria para sempre. Ele era um professor que não sabia nada da vida.
Josué Fabrício lembrava-se muito pouco da mãe, era casado, um bom pai e se tornou um ótimo torneiro mecânico. Marinalva, minha esmeralda foi a ultima a se casar.
Casou-se com quarenta anos com um engenheiro. Conheceu um mundo de muito amor. Cuidou de mim até a minha morte.
Para Josué e Marinalva a mãe era linda e bondosa e o pai foi trabalhar no norte e morreu por lá.
No dia três de abril de mil novecentos e setenta e cinco em Campinas eu desencarnei. Não porque estava doente, mas, era chegada a hora.
Quando vivemos em paz não devemos ter medo de viver e muito menos de morrer.
Eu estava internada e sabia que era chegada minha hora, disse a Marinalva:
Carmem: - Milha filha acho que estou morrendo, estou me sentindo tão leve.
Marinalva: - Mamãe é porque você tem um coração leve, em paz!
- Eu te amo mamãe!
Eu ouvi as palavras eu te amo bem longe! Muito longe!
Estava vendo flores, mas, não conseguia atravessar o véu, senti uma mão forte me levar até um portão grande repleto de flores.
Carmem: - Obrigado por ajudar esta velha aqui acho que estamos num lugar diferente.
Quando olhei melhor era Américo com um grande sorriso.
Américo: - Carmem obrigada por tudo! Nossos filhos estão bem, obrigado por ensina-los a orar por mim. Contarei-te tudo que me ocorreu.
Eu estava perplexa. – Américo se estamos aqui é porque morremos!
...
“Carmem e Américo sentaram-se num lindo jardim e ele começou a contar sua trajetória”.
- Eu fiz muita coisa errada, tirei a vida de duas pessoas, de minha esposa e seu marido, e por ultimo a minha vida pela dor que sentia pelo que fiz.
Achava que eu não merecia viver cheguei ao ultimo estagio de sentimentos negativos e confusos, depois que tirei minha própria vida.
Não queria abrir os olhos, passei um bom tempo assim, sem querer enxergar nada.
Quando decidi abrir os olhos devagar vi o lugar mais feio do mundo, sem vida. Escuro com muita lama, rochas cinzentas, pessoas gritando em desespero, outras jogavam pedras em todos pedindo para deixa-los em paz.
Depois de algum tempo ouvi a voz de um homem pedindo socorro e logo apareceu alguém com uma luz muito clara ajuda-lo e eu perguntei:
- Que lugar é este? Ouvi-o dizer:
- Você está nas profundezas do seu desespero, seus sentimentos estão confusos, há muita dor que te consome, clame pelo Senhor Deus, clame ao Senhor Salvador Jesus Cristo, arrependa-se dos teus feitos. Peça perdão ao Pai!
Comecei a pensar que eu era o mal ladrão que estava ao lado de Jesus.
A maioria de nós é assim, fazemos coisas erradas, mentimos matamos aos outros e a nos mesmos na covardia de não querer assumir nossos próprios erros.
Covardia em não olhar para nós mesmos, de ouvir e entender que erramos, ou achamos que somos os senhores da vida então podemos tirar minha própria vida que não mereço mais viver. Então apago a luz e saio de cena?
Meus pensamentos eram confusos, sabia que tinha tirado a vida de duas pessoas. Comecei a andar, minhas aflições vagavam no tempo.
Até que vi jogada na lama, ela, minha esposa Soraia, aquela que me traira.
Cheguei mais perto achando quem ela me reconheceria.
Soraia: - Ei moço! Tira-me daqui! Ele vai vir e me matar, sinto dor de parto, tirei meus dois bebes. Moço me leve ao hospital.
Américo: - Meu Deus! Ela não me reconheceu, está gritando de dor como se estivesse com dor de parto, é o remorso que está a fazendo gritar. Quanto tempo será que faz que estamos aqui?
Voltei onde estava Soraia, ela gritava de dor.
Soraia: - Moço!Moço! Tem alguma coisa errada meus bebes não nasceram. Fiquei compadecido e disse a ela.
Américo: - Soraia te peço perdão! Alguém! Deus nos ajude!
Vi de longe uma pessoa de roupa clara, chamei-o para ajuda-la, me ajoelhei, eles a levaram.
- Você está começando a entender! Disse o homem de roupa clara.
Eu não aceitei ir com ele, não me achava digno, o tempo parecia não passar e eu ouvia orações!
- Papai eu te abençoo!Era a voz dos meus filhos orando por mim, chorei muito, arrependimento dilacerava meu coração.
Estava vagando naquele lugar escuro sem fim, parecia o sertão sem luz, com a dor no meu coração até ver o Almir, o reconheci, ele se arrastava na lama de sentimentos. Tive vontade de chuta-lo, mas, um homem sem rosto me empurrou dizendo:
- Não faça o mesmo que eu fiz, chutei a mim mesmo, se você chuta-lo estará chutando a si mesmo, perdoe!
Olhei em direção da voz que não era estranha, era meu pai Alaor Mendonça.
Ele tinha abandonado minha mãe, eu e minha irmã. Não perdoava meu pai, tinha ódio dele pelo abandono. Ele olhou para mim e eu disse a ele.
- Eu conheço você dos meus sonhos ou pesadelos?
- Vamos ajuda-lo, eu o ouço chorar, disse referindo-se ao Almir.
Eu neguei, e ele me ajudou a olhar para o Almir como um coitado, na verdade o ódio que eu sentia vinha do meu pai por ter nos abandonado. Aquele homem que eu reencontrei no inferno de nós mesmos.
Fiquei confuso, que armadilha era aquela? Será que Deus me colocar abem de frente com a minha própria realidade? Escondemos-nos dentro de nós mesmos como tartarugas que quando temem colocam a cabeça dentro do casco.
Cheguei perto do Almir, ele não me reconheceu, de longe vi os socorristas, chamei por eles. O que importava era a minha decisão de ajuda-lo.
O socorrista sorriu e perguntou:
- Não queres ir conosco?
Américo: - quero, mas, me ajudem com meu pai!
Segurei a mão do meu pai com firmeza, agora eu podia ouvi-lo com clareza.
O socorrista e o Almir sumiram. Eu entendi que eu tinha que atravessar aquele lugar até chegar lá em cima, eu o levava segurando firme sua mão. E ele dizia.
Alaor: - Quem é você para me ajudar?
Américo: - Não importa! Agora vamos em frente. A subida de nós mesmos é difícil, é como escalar o monte Everest.
No final da caminhada aquele homem que tinha medo de tudo, que era eu, tinha conseguido subir com meu pai. Vi meu pai olhando para mim e dizendo:
Alaor: - Américo meu filho me perdoe!
Américo: - Pai porque o senhor nos abandonou? Perguntei com o coração cheio de lagrimas.
Alaor: - Por que fui fraco, perdi meu emprego, bebi muito fui parar na sarjeta. Tinha uma foto de vocês, era meu consolo, um dia cheguei perto de casa, sua irmãzinha me viu e não me reconheceu correu para dentro chamando a sua mãe dizendo que tinha um bêbado na porta. Resolvi sumir! Eu tive pena, ódio de mim mesmo, depois o ódio transformou-se em lamento, em dor.
Américo: - Pai vamos para casa, os socorristas estão aqui.
Eles nos ajudaram, chegamos ao hospital, tivemos tratamento com base na caridade e no amor. Meu pai entendeu e pediu para renascer numa nova vida. Ele será meu pai nesta nova etapa. Meu coração agora via tudo diferente, queria aprender tudo com amor que é à base da vida ’’
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Américo: - esperei você chegar todo este tempo para te agradecer, agora eu estou partindo para uma nova aprendizagem, uma nova chance.
Carmem:- Estou chegando e você partindo?
Américo: - Eu te poupei de um trabalho imenso, pedi para reencarnar e Soraia e Almir serão meus filhos na Terra assim terás paz.
Carmem: - Graças a Deus! Pensei que você iria me dizer que Soraia seria sua esposa novamente.
Américo: - Tenho que ir, pegarei o trem das emoções, aprenderei a viver enquanto Almir e Soaria não chegarem, é uma troca de sentimentos. Carmem você ensinou meus filhos a orarem por mim foi o que me salvou, obrigado.
Carmem: - Está tudo bem nossos filhos são felizes eles não tem rancor de você ou de Soraia. Encontraremos-nos, eu te esperarei amigo! Até breve!
Américo: - Enfermeiros esta é minha amiga e irmã Carmem Lucia, você estará em boas mãos. Seja feliz.
Carmem: - Veja, são meus pais! Estão vindo ao portão para me receber, que lugar lindo! Eu já estava me sentindo feliz. Alguém sempre nos espera quando nosso coração está pronto.








Ditado pelo espirito de João Harsan

Psicografado pelo médium Esaú Davi.