Em 1926 tinha um vilarejo chamado Luz Quente,
sertão do Ceará, um lugar esquecido por todos a seca dominava tudo.
O vilarejo
escapara das matanças dos coronéis. Raimundo tinha treze anos e não tinha
registro de nascimento, ninguém tinha contava- se nos dedos quem sabia
escrever.
Mas, havia uma
senhora num lugarejo chamado Rio Seco a algumas horas de viagem, perto de Luz
Quente, era Da. Sebastiana Cleusina que sabia ler porque tinha trabalhado em
cidade grande como empregada doméstica. Ela tinha retornado para terra esquecida por
todos porque seu pai adoecera e ela começou a escrever cartas cobrava algumas
moedas para ajuda- La.
Raimundo
ouviu de seu pai sobre a senhora que escrevia, mas ele não tinha uma moeda. Seus
pais andavam muito para achar água barrenta. Tinham esperança que chovesse por
perto dali para sentir o gosto da água na boca.
Ouviu de seu pai Sr. Gecerino:
- Se eu tivesse uma moeda iria pedir para ela
escrever para Deus e pedir água limpa, apenas um copo e dividiríamos com todos.
Depois de alguns dias o senhor Gecerino ficou
doente, sua mãe, Dª. Raimunda chamou uma
benzedeira para salvar o marido.
A benzedeira benzeu e disse: - Ele esta delirando,
está dizendo que vai chover!
Todos sabiam que sua mãe iria perder o
marido. Jaci sua irmã de dez anos pegou
uma caneca e colocou debaixo dos olhos chorando. Raimundo: - por que você está
fazendo isso?
Jaci: - É para juntar as lagrimas da dor que sinto
pelo nosso pai, assim ele terá uma gota d’água de nossas lágrimas.
Raimundo e os nove irmãos choraram e juntaram algumas
gotas de lágrimas, puseram na boca do pai.
Jaci: - Nosso
pai não vai morrer!
Raimundo: - Mamãe vou para Rio Seco, vou levar
meio dia andando e vou pedir para moça
escrever uma carta para Deus.
Raimunda ouviu e abraçou o filho. Pela manhã ainda
bem cedo Raimundo saiu pela estrada a caminho da senhora que escrevia .
Ele caminhava
e pensava: - Deus! Nosso Deus vai ouvir de uma pessoa que sabe desenhar no
papel, Ele vai ler e nos ouvirá e papai ficara bom.
Depois de
algumas horas caminhando sob o sol quente, Raimundo desmaia na estrada.
Um viajante
passou viu o menino caído no chão, parou, desceu da carroça, ele tinha um pouco
de água e colocou na boca de Raimundo. O
menino levantou assustado olhando para o viajante e perguntou:
- O que é isso que o senhor me deu? Água limpa?
Viajante: - Sim!Tome um pouco!
Raimundo sentiu uma enorme vontade de tomar a
água, mas lembrou de seu pai.
- Desculpe! Não posso beber, tenho que chegar logo
na casa da moça que desenha no papel para salvar meu pai. Ele esta doente, onde
pegou água?
O viajante: - Há dias e dias daqui beba meia
caneca você precisa ter forças para chegar ao seu destino. Diga-me para quem são estas linhas?
Raimundo: - Para Deus! Ele ouvirá alguém que sabe desenhar,
o senhor sabe?
Viajante: - Não! Sou um viajante, mas sobe na
carroça que vou te levar até Rio Seco.
Raimundo: - Eu aceito porque será mais rápido
chegar.
O viajante sorriu: - você é forte e corajoso!
Depois de umas horas chegaram a Rio Seco.
Raimundo é aqui! O senhor não vai comigo?
O viajante:- vamos fazer uma coisa eu tenho que ir
ver um amigo, mas fica me esperando aqui nesse lugar, eu te levo em casa.
Raimundo agradeceu e foi andando e perguntando para um para outro onde era a
casa da senhora que desenhava no papel.
Ele ficou sabendo a casa onde à senhora escrevia,
era só bater palma que ela vinha.
Raimundo chegou a casa e bateu palmas. Uma menina veio atende-ló.
A menina: - Minha tia cobra uma moeda para
escrever. Raimundo não tinha uma moeda, veio a senhora!
A menina
disse: - É ela!
Raimundo foi falando depressa: - Eu não tenho
nenhuma moeda, mas meu pai esta doente, por favor, eu vim de longe
para pedir à
Senhora fazer umas linhas para Deus curar meu pai e para chover.
A Senhora Cleusina; - Entendi! Entra vem comer
alguma coisa!
Ela colocou um prato com comida na frente dele.
Senhora. Cleusina se você comer e varrer as folhas
do quintal lá fora eu escrevo.
Raimundo comeu rápido chorando, com a
possibilidade de poder ver seu pai ficar bom. Ele comeu tudo devido à fome,
pensou nos irmãos lá em casa sem ter quase nada. Levantou- se correndo e foi lá
fora pegou alguns galhos e varreu as folhas.
Sra. Cleusina olhava emocionada, estava vendo um
menino de fé.
Raimundo: - A Senhora desenha as linhas agora?
Sra. Cleusina: - Senta aqui vamos, o que você quer
que eu escreva?
Raimundo andou de um lado para o outro e pensou bem:
- Eu sei que a verdade tem que ser dita para Deus!
Sra. Cleusina chorou! Ela estava muito emocionada
com Raimundo.
- Raimundo
é seu nome, eu tenho que te dizer algo!
Raimundo chorando respondeu: - A senhora não vai
desenhar porque não tenho uma moeda?
Raimundo: - Olha eu varro tudo!
Sra. Cleusina: - Está bem! Senta na cadeira, eu
sento aqui neste banco.
Raimundo: - Deus sou pobre, meu pai está doente,
ele pede um pouco de água numa caneca, assim dividiremos com a família, mas se
chover perto da minha casa Deus, no açude terá água do seu céu.
Deus serei bom com todos que eu encontrar! Aqui é o Raimundo!
Sra. Cleusina escreveu rápido com o papel, dobrou
e dobrou. E agora o endereço?
Raimundo:- É para o céu!
Sra. Cleusina:- Está bem! Vou por na caixa e quando
o caixeiro viajante passar ele levará.
Raimundo sorriu: - Obrigado! Agora vou encontrar
com o viajante ele vai me levar de carroça para casa.
Sra. Cleusina chorando: - Está bem! Raimundo amei te
conhecer, você me ensinou muito.
Raimundo se despediu e foi encontrar com o
viajante. Chegando ao local o viajante estava já estava esperando dizendo
- Com seu sorriso você conseguiu! E o que tem
neste saco?
Raimundo sorrindo: - Senhora Cleusina disse que é
coisa de comer!
Raimundo subiu na carroça e foi com o viajante.
Sra. Cleusina andava de um lado para o outro com o
papel na mão resolveu sair foi à igrejinha.
Entrou
procurando pelo velho padre Valmir que já não ouvia direito pela idade
avançada:
- Padre eu
preciso me confessar!
Padre: - Agora? Vejo o desespero nos seus olhos,
minha filha você ajuda a todos escrevendo as cartas, que mal poderia ter feito?
Sra. Cleusina: - Padre eu pequei! Vou parar no
fogo do inferno!
O padre vendo o desespero de Cleusina sentou para
ouvi- La. : - Filha fale alto que estou meio surdo!
Cleusina fechou a porta da sala onde estavam.
O padre perguntou:- Senhor! O que fizeste filha?
Cleusina: - Padre eu escondo um grande pecado! Hoje
um menino que veio de longe, andou muito até aqui, porque veio me pedir para
escrever uma carta para Deus para o pai de ele ficar curado e chover!
Padre: - Este menino é um anjo de Deus! Estas
assim por que escreveu e viestes entregar a carta dele, minha de filha?
Cleusina: - Raimundo pediu para escrever o
endereço: O céu! Para Deus!
As lágrimas corriam pelo rosto do padre: - Me dê a
carta, orarei por todos!
Cleusina deu a carta ao padre, ele abriu virou o
papel de frente e de costas e intrigado falou: - Filha volte na sua casa e
pegue a carta aqui só tem um tipo de rabiscos e nada está escrito!
Cleusina chorando: - É esse meu pecado não sei ler
e escrever. As pessoas me mandavam escrever, mas o caixeiro era eu!
Eu gravava na minha cabeça o que diziam e eu ia
por essas bandas e falava o que não estava escrito, mas caprichava nas palavras!
Aqui é tudo esquecido por Deus!
O padre olhou bem para Cleusina: - Te darei uma
missão! Farei uma missa em intenção a
este menino e ao pai dele, e na missa você filha, virá ao altar e contará para
o povo tudo que me disse, para ter o perdão. E todo dia nesta mesma hora venha
que vou te ensinar a ler e escrever.
Cleusina chorando: - Vou saber ler e escrever! Mas
o povo vai me matar! Vou morrer sem aprender.
Padre: - Cleusina Deus tem um propósito para tudo,
este menino é o bem Deus! Mal ele sabe que Deus confiou a ele uma mudança
completa na vida de todos. Vá para casa
ore cem Pai Nosso e cem Ave Maria, sabes rezar?
Cleusina:- De boca eu sei!
Raimundo chegou com o viajante na casa dele.
Quando sua mãe o viu com o desconhecido se assustou.Raimundo desceu e foi logo dizendo: - Mãe me
perdoe eu fui atrás da Senhora, ela fez a carta para Deus. Este é meu amigo, é
mesmo o senhor não me disse seu nome?
O viajante olhou para mãe de Raimundo, ela chorava!
O viajante:- Raimundo meu nome é Feliciano Souza!
Como vai minha filha Raimunda?
Raimunda:- é a Mão de Deus! Meu pai! O Senhor em minha casa! Ele é seu
neto.
Raimundo estava atônito, sem entender nada. Correu
para dentro para ver o pai que estava deitado.
Retornou dizendo: - Papai ficará bom é só Deus
receber a carta, mas não entendi nada.
Raimunda:- Pai o Senhor aceita entrar em minha
pobre casa, esses são seus netos.
Feliciano: - aceito! Perdão por ter abandonado você
quando casou, mas como diz Raimundo a carta está fazendo efeito antes mesmo de
chegar ao céu.
Raimunda: - Filho, este é seu avô, não nos vemos
desde que me casei com seu pai.
Feliciano:- Não sou mais coronel perdi tudo, te
procurei em todos os lugares, gastei tudo que tinha, sua mãe está viva, não
fala comigo desde que te mandei embora, andei pelo mundão de Deus te procurando
e hoje vejo um menino desmaiado na estrada era meu neto, ele tomou um pingo de
água. Vou pegar água na carroça.
Raimundo e os irmãos ouvindo assustados: - Ele é
avô de vocês meus filhos, era um coronel e hoje está assim.
Raimundo:- Mamãe estou assustado, mas como pode? É
a carta deve estar voando para o céu. A Sra.Cleusina deu esse saco com coisas.
Feliciano entrou com um jarro de água pegou
canecas encheu de água e deu para todos beberem.
Raimundo
levou a água e deu aos poucos, com cuidado para o seu pai.
Raimunda fala para o pai: - Seu neto trouxe comida!
Vou preparar!Fique meu pai para comer conosco!
Feliciano:- Sim minha filha!Perdoe-me!
Pai e filha se abraçaram e Feliciano chamou Raimundo
e o abraçou: - Meu neto aceite meu abraço sincero de um homem arrependido. Raimundo
o abraçou com um sorriso: - O Senhor é bom eu só não sabia quem o Senhor era.
Raimunda fez a comida deu a todos e para o marido foi
uma noite farta de alegria, de reencontro, de perdão...
Feliciano dormiu na rede que tinha na sua carroça.
Ficou alguns dias com sua filha e seu genro que melhorou com o alimento e a
água e com seus netos.
Amanheceu e Cleusina arrumou tudo o pai dela ouviu
a verdade saindo da boca da filha. Ela se comprometeu em ir à igrejinha
aprender ler e escrever, era seu primeiro dia e a primeira palavra sagrada que
o padre ensinou foi Deus.
A missa em intenção a Raimundo e sua família seria
no dia seguinte com a presença de quase todo o povo do lugarejo.
O padre orou,
fez a missa e disse no sermão sobre perdão e fé, mas antes contou a vida de
Raimundo, um menino de Deus que com sua fé mudará a vida de muitos as pessoas
ouviram e se emocionaram.
O padre chamou Cleusina no altar á frente de todos
e ela foi com receio, mas ela pensava quem era ela se um menino enfrentou o
desconhecido com fé por que ela não poderia fazer o mesmo. E para a surpresa
dela o pai de Cleusina, entrou na igreja.
Ela olhou a todos os rostos que estavam esperando
ela falar, a ilustre da cidade: - Meus amigos, esses dias tive uma lição de fé
e humildade e espero que me perdoem pelo que fiz. Eu estou aprendendo a escrever e ler com o
padre porque não sei ler e escrever, quando me pediam para escrever as cartas
eu memorizava o que diziam e ia até o lugar nessas redondezas e falava a carta
por isso que demorava a escrever, eu falava suas cartas ao vivo. Peço perdão a
todos!
Um olhou para o outro e o padre:- Meus filhos lembrem-se
do perdão, Cleusina teve um ato errado, mas ira se redimir. Ela está aprendendo
a ler e escrever comigo, em um ano ensinará a todos ler e escrever sem cobrar
nada, abrirei uma sala para as aulas.
O povo ficou contente com a atitude do padre e de Cleusina,
ela seria professora da cidade, ela sorria, mas estava apavorada.
Todos saíram satisfeitos da igreja.
Cleusina:- O senhor! Como surgiu esta ideia?
O tempo passou na cidade, Cleusina virou professora.
O padre Valmir morreu e deixou em seu lugar um padre jovem com ideias para
aumentar as salas de aula que depois virou uma escola.
De tantas orações que fizeram choveu dois dias
perto e um pouco na região enchendo os açudes. O pai de Raimundo ficou bom, viu
o filho crescer e se tornar responsável pelas terras do avô Feliciano.
Agora a família mudou-se para a região onde moravam
os avós. Raimunda pode ficar com a mãe
até a passagem dela para eternidade. Tornaram-se uma família só. Um belo dia Raimundo
estava viajando com seu filho e retornou para Rio Seco, viu uma placa:
“Escola luz do amanhã!” Ele não imaginava quando
menino mudara sua vida, a vida de sua família e de uma região que não era
esquecida por Deus.
Deus estava
esperando alguém que tivesse fé e nesta fé a ação e reação de todos.
Em 1993, Raimundo, o menino que conduziu sua vida
e a de todos partiu da terra, deixando netos e bisnetos.
Chegando à cidade espiritual reencontrou com todos,
seu avô, seus pais, alguns irmãos e foi recebido com carinho por todos.
Ele foi abraçado por tantos irmãos e não entendia
o por que. Até ele reencontrar a Senhora das cartas. Ele a abraçou e disse: - Não
pude te agradecer, sua carta chegou ao céu!
Cleusina sorriu:- Raimundo venha comigo! O levou a
escola “Luz do Amanhã",
Ele sorriu e disse: - Eu vi este nome numa escola
na sua cidade, como veio parar aqui?
Cleusina: - Meu irmão é uma longa história de
vida, de amor e de fé! Temos tempo e trabalho para conversar e trabalhar...
Raimundo:- Está bem! Então vamos começar......
A Luz do Amanhã é nossa luz, a Luz de Deus que
habita dentro de nós!
Somos filhos do Amor! Filhos de Deus Eternamente!
Luz para Luz