quarta-feira, 1 de maio de 2013

'' CAIXINHA DE SURPRESA''


Rio de janeiro 1940:
Numa linda e magnífica mansão há muitas festas com danças, lindas musicas e todos luxuosamente vestidos era a família perfeita.
Guilherme é o mais velho dos quatro filhos, casado com Helena e pai de dois filhos.
Sua esposa sempre sonhou ser dona da mansão e de tudo mais que a família possuía.
Augusto Cesar casado com Marlene e pai de Laura, criança mimada, que tinha todos seus desejos atendidos pelo avô.
Marlene tinha consciência que era casada com um homem rico e vivia para a empresa da família, não saberia viver fora da empresa.
Hoje era o dia do casamento de Cinthia Maria e Armando, havia uma grande festa na mansão.
Lidiane a filha mais nova, estava estudando, não gostava de festas era tímida e amava sua família e seus pais eram sua vida. Era uma pessoa caridosa e benemérita.
A festa transcorria pelos salões, salas e jardins todos se divertindo muito.
Senhora Márcia, a matriarca da família foi falar com Cinthia.
Sra. Márcia: - Minha filha você é a noiva mais linda que eu já vi!
Cinthia: - Mamãe sou linda mesmo o papai ainda não me deu o anel de diamante que ele me prometeu me dar no dia do meu casamento.
Senhora: Márcia: vou procurar seu pai ele deve estar com amigos divirta-se hoje é seu grande dia.
Sra. Márcia atravessou o salão de festas cumprimentando a todos.
- Obrigado por estarem conosco neste lindo dia!
De repente todos ouviram um estampido!
Sra. Márcia: Meu Deus! É um tiro! veio de fora?
Guilherme: - Não veio daqui de dentro da mansão!
Foi uma correria, mas, Cinthia pediu que a musica continuasse.
Sra. Marcia, Guilherme e Augusto sobem as escadarias abrindo todas as portas dos quartos. No quatro do casal viram Sr Rubens caído no chão.
Guilherme: Pai! Meu Deus! Chamem um medico é nosso pai caído na cama com um tiro no peito.
Augusto debruçou sobre o pai desesperado.
Augusto: - Pai!.
Sr. Rubens: Perdoem-me e fechou os olhos para sempre.
Sra. Márcia aos prantos corre pelos corredores gritando.
- Mataram Rubens!
Todos no salão pararam, Cinthia desmaiou, a festa é interrompida.
Rodolfo, irmão de Rubens apressa-se em dizer:
- Ninguém sai da mansão! A policia está vindo.
Norberto, um médico amigo da família que estava na festa sobe correndo as escadas para
Socorrer, mas, quando o examina vê que já esta morto.
A policia chega e começa a investigar tudo e todos, a noiva em seu quarto dormindo sob o efeito de tranquilizantes.
Depois de horas a policia começa a liberar os convidados que lentamente vão embora chocados com o acontecimento.
A linda mansão está passando por uma grande tempestade.
A tarde foi o enterro do patriarca da família, os filhos, principalmente Cinthia não conseguia entender o que tinha acontecido.
Depois do enterro todos tristes e abatidos ao invés de estarem comemorando o casamento estavam todos abatidos.
Guilherme: - Quem poderia ter feito isso?Papai não tinha inimigos!
Passado algum tempo e a policia ainda não tinha chegado há uma solução para o crime.
Cinthia não viajou na sua lua de mel e a vida ia voltando ao seu ritmo normal, afinal a empresa tinha que ir em frente.
Sra. Márcia: Rodolfo você tem ideia de quem poderia ter matado Rubens?
Rodolfo: - Eu não sei, mas, você já pensou em suicídio?
Sra. Márcia: - Suicídio? Não! Por quê? Imagine! Rubens era o homem! mais forte que eu já conheci!
Na manha seguinte durante o café da manhã Augusto relata:
Augusto: Tive um pesadelo horrível! So9nhei que estava aqui em casa e ouço papai me chamar. Vou até o porão ao lado da garagem e caio num lamaçal, peço socorro e quem me tira de lá é o papai.
Sra. Márcia: Esqueça foi só um pesadelo por causa de tudo que estamos passando, já faz seis meses que seu pai se foi.
Um dia Lidiane esta visitando o orfanato Santa Maria de Lourdes quando a diretora Carmem lhe diz:
- Lidiane você tem um bom coração as crianças te adoram!
Lidiane: - Elas me fazem sentir alegria, aquela esperança que temos dentro de nos reacende com o sorriso delas! Carmem porque que o Luizinho esta me olhando daquele jeito? Foi o único que não veio até aqui! Vou até la falar com ele.
Luizinho tem oito anos é um menino muito sensível adora desenhar e pintar.
Lidiane: - O que foi querido?
O menino olha diretamente para os olhos dela e diz:
Luizinho:- Lidiane minha filha me perdoe!
Lidiane: O que?
O menino sorrindo diz:
Luizinho: - O que foi tia? Vamos brincar?
Lidiane: - O que você me disse?
Luizinho: quer brincar comigo?
Carmem veio até Lidiane e perguntou:
- O que aconteceu?
Lidiane: - Luizinho me chamou, alias, disse minha filha me perdoe!
Carmem: calma! Você anda com muitos problemas deve ter entendido mal. Veja o menino está desenhando com os coleguinhas, foi um mal entendido.
Quando chegou em casa Lidiane contou para a família o que tinha acontecido com o menino.
Cinthia: - Lidiane isso é que dá você ser tão boa, você está enlouquecendo!
Augusto: Eu também não estou bem tenho todo pesadelos.
Márcia: Por favor! Vamos jantar.
Na manha seguinte tio Rodolfo chega com a noticia que Valentina, sua irmã e o esposo Carlos, estão chegando de Portugal.
Li Diane: Tia Valentina vindo depois de quase um ano após a morte do papai, ela era irmã dele, na época disse que estava muito ocupada e não pode vir no sepultamento de papai.
Cinthia: - Ela é chique, continua sendo nossa tia, quem morreu foi o papai.
Laura: O que será que a titia vai me trazer de Portugal?
Marlene: Pare com isso minha filha!
Márcia: eu tenho que dizer algo, na semana que vem o advogado virá ler o testamento de Rubens.
Cinthia: - Será que a tia está vindo buscar sua fatia?
Rodolfo: - Cinthia respeite sua tia ela não precisa de nada, me disse por telefone que precisa conversar conosco. Neste fim de semana saberemos.
Helena: - Augusto sinto em meu coração algo mais, uma dor, não sei explicar vou a igreja todos os dias orar muito, não me sinto bem morando aqui.
Augusto: - Helena você é muito linda, mas se impressiona com tudo, aqui temos tudo!
Helena: Você não pensa no que aconteceu no casamento da Cinthia?
Augusto: - Não quero pensar.
Chegou o fim de semana e Rodolfo e Guilherme foram ao aeroporto receber os tios.
Rodolfo: - Guilherme acho que tudo mudará na nossa vida.
Guilherme: Tio porque está falando assim? Parece que o senhor sabe de algo e não quer nos falar.
Rodolfo: Olha só seus tios chegaram:
Rodolfo: Valentina, minha irmã, esta elegante como sempre. Carlos, meu cunhado que bom que estão aqui!
Carlos: - Meu cunhado há quanto tempo!
Valentina: - Meu irmão! Que saudades!
Ao chegarem à mansão foram recebidos com alegria de alguns e preocupação de outros.
Márcia: - Valentina e Carlos é bom te-los aqui.
Valentina: Quando Rubens morreu eu tinha sido operada só agora que estou recuperada é que pude viajar. Queria que  o casamento da Cinthia e Armando fosse maravilhoso.
Cinthia: - Foi sim tia! Tirando o ocorrido, mas passou!
Lidiane: - Tia que bom que está aqui!
Valentina: Nos estamos felizes por estar aqui!
Após o jantar a família estava reunida, cada um falando do ultimo ano, quando Laura interrompeu perguntando!
Laura: - Tia Valentina trouxe algum presente para mim?
Marlene: - Perdoe Valentina!
Carlos: - Temos sim querida Laura trouxemos este presente para você! Abra!
Laura: - Mas que lindo pacote.., mas,.. é um livro?
Carlos: - Este livro fala de um pescador de almas e sua essência divina de amar a todos e a tudo.
Cinthia: Ora, mas que é esse tio?
Carlos: Jesus Cristo! Vejo que não o conhece!
Valentina: - Precisamos conversar com todos, queremos uma reunião de família.
No dia seguinte após o almoço todos se encaminharam para a biblioteca aguardando Valentina e Carlos.
Márcia e Rodolfo pediam calma a todos quando os tios entrassem na sala.
Márcia: - Por favor, comecem todos estão muitos ansiosos.
Carlos: - O que temos para falar vem do dia que Rubens morreu de um modo inesperado.
Márcia: - Até hoje a policia não nos disse nada, estamos aguardando, eu gostaria de saber quem o matou e por quê?
Valentina:- Eu e Carlos vivemos numa crença de vida eterna. Acho que quando me casei com Carlos e fui morar distante de todos, primeiro em Portugal e depois na frança, tive que aprender a ter fé. Precisei ir para longe e passar por momentos difíceis com minha saúde para aprender a ter fé em Deus.
Nesta fé, quando adoeci encontrei pessoas amigas que me mostraram que a vida é eterna e somos responsáveis pelo que vivemos, como o caso do meu irmão Rubens.
Carlos: - Quando chegamos aqui nos assustamos com o materialismo e egocentrismo de alguns membros da família que vivem sem Deus. Vivem somente para o beneficio próprio, o verbo que se usa neta casa é: “eu quero, eu posso”.
Guilherme: - Mas o que isso tem a ver com o dia da morte do meu pai? Vocês sabem quem fez isso? Digam para todos saberem?
Valentina: - Tem tudo a ver, meu irmão Rubens me mandou duas cartas, aqui estão elas.
Na primeira carta ele relata que tinha feito um grande mal a todos, tinha dado uma vida luxuosa, sem limites para nada e na época, estava vivendo uma crise difícil e não sabia como dizer para a família que não poderiam continuar vivendo no luxo que estavam acostumados.
Na segunda carta chegou no dia seguinte da morte dele, era uma carta de despedida.
“Minha irmã Valentina,
Obrigado por me socorrer, ajude minha família se puder até o dia dos advogados lerem o testamento, se puder ajude-os”.
Augusto: - Mas o que ele quis dizer?
Carlos: - Aqui estão as duas cartas. Rubens não soube administrar bem seus bens, gastou muito mais do que deveria.
Guilherme: - Tio o que está nos dizendo?
Valentina: - Seu pai estava endividado, vendeu quase todos os bens da família, o ultimo feito que ele fez sem poder com a nossa ajuda foi o casamento de Cinthia.
Cinthia: meu casamento?
Matou meu pai, ele não teve tempo de me dar meu anel de diamantes que me prometeu.
Carlos: - Cinthia você evita a dor da partida do seu pai porque ele não te deu o anel de diamantes. E se eu te disser que ele não tinha como comprar o anel!
Valentina: - A festa do seu casamento com Armando fomos nós que custeamos tudo.
Lidiane: - Meus tios estão dizendo que meu pai estava falido? E como que até hoje estamos levando nossa vida nos mesmos padrões de sempre?
Valentina: - Porque eu, Carlos e Rodolfo até hoje estamos custeando todas as despesas da casa conforme seu pai nos pediu. E como ele nos pediu para estarmos aqui no dia da leitura do testamento. Viemos antes para termos a oportunidade de conversarmos antes para que vocês não tivessem um choque na hora da leitura do testamento.
Márcia: - Rubens perdeu tudo e eram vocês que estavam nos amparando até hoje? Então porque alguém o mataria?
Guilherme: - Algum credor?
Valentina: - Não!
Rodolfo: - Meu irmão suicidou-se! Eu temia que ele fizesse isso, ele estava envergonhado e humilhado.
Cinthia: - Mentiroso! Alguém o matou, vai ver que foi o tio Rodolfo!
Rodolfo: - Basta Cinthia! Vocês não se importam em saber da administração da empresa, tudo ficou nas mãos dos advogados, tivemos que vender quase tudo, imóveis, terrenos e lojas. A principal loja e a fabrica de calçados foi vendida para o Carlos e Valentina.
Lidiane: - Meu Deus!
Márcia: - Eu vou esperar o laudo da policia e os advogados, ainda não me disseram nada!
Rodolfo: - Márcia, minha cunhada, faz meses que a policia já fez o laudo da morte do Rubens como suicídio e eu como advogado não permiti a divulgação do laudo pelo escândalo que seria, sei que meu irmão preferiria que fosse assim.
Guilherme: - Não pode ser!
Laura: - Somos pobres mamãe?
Marlene: - Tudo ficará bem filhinha.
Valentina: - Entendo os sentimentos de todos sei que Rubens estava desesperado.
Eu acredito na vida após a morte, ele ajudou vocês a viverem num mundo de ilusões materiais, errado ou não, agora ele precisa que vocês o perdoem para ter paz.
Cinthia: - Você é louca?
Carlos: - Sei que é confuso e sabíamos que seria difícil nos ouvirem, mas, é a pura verdade!
Lidiane: - Tia Valentina o que você quer dizer sobre meu pai?
Valentina: - Na carta ele pediu que viéssemos ajuda-los. Tenho tido pesadelos que ele está num lamaçal, eu tento ajuda-lo, mas não consigo tira-lo de lá. Ele esta desesperado precisando do perdão de todos para ter chance de obter o próprio perdão.
Lidiane: - No orfanato um menino olhou para mim e disse:
- Minha filha me perdoe! Era papai?
Valentina: - Pelo que entendo talvez sim, acredito que sim. Ele suicidou-se e deve estar desesperado, isto é contra a lei Divina. Só quem poder dar ou tirar a vida é Deus.
Marlene: - Eu vou sempre a igreja orar, mas não me sinto bem nesta casa.
Augusto: - Tia Valentina estou confuso tive um pesadelo parecido com esse que contou, preciso pensar.
Márcia: - Li as cartas que trouxeram, mas, na terça feira os advogados farão a leitura do testamento e eu gostaria de ir falar com o delegado antes. Por favor, Rodolfo você pode me levar até a delegacia?
Rodolfo: - Está bem!
A noite não foi tranquila para ninguém na mansão todos se recolheram mais cedo.
Pela manhã Márcia e Rodolfo foram para a delegacia.
A família estava perplexa não queiram aceitar uma verdade tão difícil.
Valentina: - Meus sobrinhos a maioria de nós, seres humanos, preferimos ouvir uma bela mentira a aceitar uma verdade difícil de nossas vidas. É difícil acordar, mas, não é impossível. Todos nós continuaremos a viver consertando nossos erros passados.
Lidiane: - Somos todos responsáveis pela atitude do papai.  Era confortável viver sem querer saber de onde vinha todo nosso conforto e luxo que vivíamos. Achávamos-nos poderosos.
Rodolfo chegou com Márcia da delegacia. Ela chorava muito havia recebido a confirmação que o marido havia se suicidado. Lidiane e Valentina a abraçaram tentando consolar.
Tanto tempo havia se passado, tinham tantas perguntas e estavam obtendo as respostas mais difíceis de suas vidas.
Augusto: - Amanhã é o dia da leitura do testamento, se ele existir!
Márcia:- Meus filhos sugiro que descansemos, amanhã será um dia difícil para todos.
Valentina e Carlos pediram a todos juntos na sala que fizessem uma oração. Aceitaram orar o Pai Nosso, mas não com fervor, ainda achavam que tudo que ouviram era um grande engano.
Pela manhã o advogado ligou confirmando que viria a tarde para fazer a leitura.
Márcia aceitara que Valentina orasse por todos e Marlene e Laura foram à igreja.
Há tarde os advogados chegaram e foram conduzidos à biblioteca onde foram recebidos por Márcia.
- Boa tarde! Está na hora dos senhores dizerem tudo que precisamos ouvir.
A ultima a entrar na sala foi Cinthia e o marido.
- Senhoras e senhores o Sr. Rubens deixou muitas dividas. Mas também deixou um documento dando plenos poderes ao Sr. Rodolfo para resolver o que fosse necessário.
Assim sendo foi vendida a fabrica para a Srª Valentina e a mansão e os carros foram vendidos para o Sr. Rodolfo para pagar as dividas.
Fez – se um grande silencia na sala. Os advogados após a leitura retiraram-se silenciosamente deixando cada um com seus pensamentos.
Márcia: - Não somos mais ricos como antes, nem mesmo esta casa é nossa mais! Então é tudo verdade? O que faremos agora?
Lidiane: - Mamãe poderia ser pior, tio Rodolfo não nos colocará para fora de casa.
Rodolfo: - Não eu nunca faria isto desde que fiquei viúvo vocês são tudo para mim, sempre foram.
Augusto e Guilherme estavam mudos sem reação nenhuma.
Cinthia chorava abraçada ao marido. Marlene orava e Laura continuava sentada como se não tivesse entendido nada que foi dito naquela sala.
Carlos: - Vocês tem a casa se quiserem poderão continuar aqui.
Augusto: - è, mas a fabrica é sua?
Márcia: - Cale-se Augusto, você e seu irmão nunca quiseram saber de nada, seu pai viveu trabalhando...
Augusto: - Só falta à senhora dizer que sou culpado da morte do papai.
Márcia: - Sim! Você, eu e todos nós. Seu pai perdeu o limite porque nós não tivemos nenhum, suas esposas gastavam com joias, viagens e festas. Nós fizemos Rubens chegar ao fundo de poço. Ele tomou tal atitude por nossa culpa agora temos que nos levantar e viver com o que temos.
Cinthia: - A senhora quer dizer nada!
Márcia: - Vá trabalhar Cinthia faça algo produtivo para viver. O certo é entregarmos a fabrica e as lojas para seus tios. Pensei bem e quero vender a mansão.
Guilherme: - seremos empregados dos tios.
Carlos: - Todos vocês tem estudo se quiserem trabalhar em outra empresa entenderemos, mas, se quiserem ficar terão que seguir nossas regras, vamos ter que mudar tudo.
Márcia:- tudo mudara em primeiro lugar, Marlene vamos à igreja que quero mandar rezar uma missa para o Rubens e todos nós iremos.
Passado alguns dias a mansão foi colocada à venda e por ser num ótimo bairro logo uma construtora se interessou para construir um conjunto de prédios.
A família aceitou a proposta e ficaram sem saber para onde ir, a ideia era comprar uma casa bem menor e pagar algumas dividas.
Cinthia e o marido discutiam muito ele estava sempre ausente e aos pouco foi abandonando- a agora que estavam pobres. A austeridade de Cinthia estava terminando, o sofrimento a envolveu até que numa tarde ela pediu para tia Valentina orar com ela.
A família não queria separar-se compraram uma casa menor, sem luxo, sem os grandes jardins, mas confortável para a família.
Valentina e Carlos compraram um apartamento próximo dali.
Depois de dois anos de tantas mudanças na vida, chegou o dia da mudança para a casa nova. A maioria dos moveis foram vendidos para antiquários ficaram apenas com o necessário e com os moveis menores.
A mansão já estava vazia e Márcia observava tudo, levando as plantas e as flores.
Márcia: - Eu me lembro de quando Rubens comprou esta mansão, era de um barão, meus filhos nasceram e cresceram aqui.
Rodolfo: - Foi por causa desta mansão e tudo que ela representa que Rubens tomou a atitude que tomou, mas, não é tarde para renascer. Veja como esta a Cinthia, mais humilde e a Lidiane que sempre teve a alma caridosa esta suportando tudo com paciência, somente a Laura, tão mais nova continuam intragáveis.
Márcia: - até eu Rodolfo, será que ainda há tempo para mudar? Será que o Rubens sabe o que esta acontecendo?
Rodolfo: - Acho que é uma mudança para todos é melhor aprenderem a conviver juntos e eu preciso viver minha vida, ainda é tempo.
Márcia: - entendo, vamos então para nova casa!
Na nova casa moraria Márcia, seu filho Guilherme com a esposa helena e seus dois filhos.
Cinthia agora separada do marido e Lidiane, a filha caçula.
Augusto e Marlene com a filha Laura foram morar num apartamento. Augusto não aceitara trabalhar com o tio, estava trabalhando numa outra empresa. Laura sua filha única com o tempo teve que aprender a ser mais humilde e ceder em seus caprichos.
Valentina e Carlos estavam sempre por perto auxiliando a todos.
Lidiane continuava a trabalhar na fabrica que agora pertencia aos tios e ajudando orfanato.
Cinthia que nunca havia trabalhado, com o tempo vendeu suas joias e fez faculdade de historia e depois de algum tempo já lecionava. Depois de dois anos de separação conheceu Fausto, um professor de matemática e  apaixonaram-se. Casaram-se em uma cerimônia simples somente para os familiares.
Guilherme continuou a trabalhar na mesma empresa e junto com sua esposa Helena levam uma vida mais simples e depois de um ano de saírem da mansão compraram sua própria casa.
Lidiane conheceu um jovem medico Dr. Jonas, pediatra e pretendiam casar-se em um ano.
Os tios com seus estudos espirituais procuravam ajudar quem queria entender as leis da vida eterna.
Numa tarde foram conhecer o orfanato onde Lidiane  ajudava e ao conhecerem o menino Luizinho  agora com dez anos, muito inteligente, e decidiram adota-lo.
Em casa Márcia ora cuidava das plantas, ora na igreja, mas todos os domingos a família se reunia para almoçar.
Naquele fim de semana Cinthia e Fausto felizes deram a noticia que ela estava grávida.
Foi um momento de muita emoção, pela primeira vez Cinthia era humana e simples.
Lidiane e Jonas marcaram o casamento para dali um ano, seria uma cerimônia simples.
Valentina e Carlos convidaram todos para orarem na casa deles junto com algumas pessoas. Valentina pegou um livro que eles não conheciam “O evangelho segundo o espiritismo” e começaram as orações. Era uma grande mudança para todos.
Nesta noite Lidiane teve um sonho: Ela orava muito e entrou num hospital, achou que sua mãe estava internada. Ao entrar era um quarto confortável e viu que era seu pai que estava ali.
Rubens: - Filha você está aqui! Eu errei muito, sofri muito, ao invés de ter forças para enfrentar a crise, deixei meu orgulho falar mais alto, perdi a noção de tudo e tirei minha vida acabei no lodo. Ouvia as orações que vocês faziam por mim, meu coração esteve com vocês o tempo todo, vocês se libertaram dos meus erros. Agora estou aqui neste hospital onde todos são muitos caridosos.
Lidiane: - Papai nos perdoe, os erros foram de todos, acumulamos nossos luxos em cima do senhor, todos estão aprendendo, esta tudo mudado.
Rubens: - Filha eu voltarei para a família, terei uma nova etapa de aprendizagem, meu nome será Daniel você saberá que sou eu. Agora você precisa voltar eu estou bem.
Lidiane acordou e não se esqueceu das palavras do pai, tinha certeza que tinha falado com ele. Contou para sua mãe o nome que ele havia dito que teria na terra, mas, pediu à mãe que não contasse a ninguém o nome que o pai havia lhe dito.
Passado um mês, Cinthia foi levada a maternidade onde nasceu um lindo menino, os pais ainda não sabiam o nome que dariam ao menino.
Marlene chegou para visitar e levou a Bíblia que caiu no chão ao abrir a bolsa.
Marlene pegou a bíblia e disse: - Olha só onde abriu, que seu filho seja forte e tenha muita fé em Deus como o profeta Daniel.
Cinthia: - Eu achei o nome para meu filho, será Daniel, que ele enfrente com fé todos os infortúnios da vida.
Márcia ouviu e chorou muito contou para Lidiane : - Filha eu acredito no seu sonho, não foi sonho, Cinthia escolheu o nome do bebe, será Daniel.
Lidiane: - mamãe! É o papai voltando! Meu Senhor é real!
Valentina chegou com Carlos avisando que Rodolfo estava no hospital, não se sentia bem, era o coração. Toda a família foi para o hospital.
Rodolfo: Márcia me perdoe se eu errei!
Márcia: - Nos agradecemos todo o amor que tens pela família.
Li Diane: - Tio Rodolfo a vida continua, meu pai voltou como Daniel filho da Sentir, não tenha medo de nada porque também não é hora de ir embora. O senhor ira no meu casamento.
Rodolfo: - Já que é uma ordem, esta bem eu irei!
Na mesma madrugada o telefone toca era tio Carlos avisando que tio Rodolfo havia morrido. A emoção dela foi envolvida com as orações para o tio.
Lidiane:- mamãe era o tio Carlos ao telefone avisando que tio Rodolfo viajou para a paz.
Marcia ouviu aprendera a orar era outra mulher, de oração, de amor e de fé. Aprendeu com a vida que há outra porta não precisamos ver, mas sentir que Deus não nos deixaria sozinhos, em outra porta a vida segue.
Depois de alguns meses chegou o dia do casamento de Lidiane. Ela estava vestida com um lindo
e simples vestido. As crianças do orfanato foram os pajens e daminhas.
Augusto entrou com ela e na metade da nave da igreja e Guilherme a conduziu ao altar.
A cerimônia religiosa foi linda e o pequeno Daniel jogava beijinhos para a noiva sem parar. Lidiane entendia o que estava acontecendo era o que mais importava.
A vida é maravilhosa para todos que amam e aprenderam a amar ao Senhor Deus e sua obra Divina: a vida e o amor.
O Senhor Deus inicia a vida com todo o Amor divino que Ele nos tem, mas como bom Pai nos ensina ter equilíbrio emocional para chegarmos à plenitude de nossa evolução.
A vida sempre se refaz, sempre! Porque Deus Pai é vida e enviou como fonte de amor Seu Filho, nosso Amado Senhor Jesus Cristo!
Deixem a esperança tomar conta de sua vida, que a fé seja suas pernas e a Luz Divina esteja em seus olhos.
Porque somos filhos de Deus Eternamente.
                                                             Rodolfo
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A vida de todos mudou com o passar dos anos. Daniel filho de Cinthia e Armando tornou-se um menino envolvente amava muito sua mãe, mas tinha um grande carinho pela tia Lidiane.
Aos sete anos de idade passeando com Cinthia e Márcia passa em frente ao local onde era a mansão.
Daniel: - Mamãe eu já morei aqui e todos nos fomos felizes!
Cinthia: - Meu filho são prédios!
Daniel: - Não! Antes tinha uma casa enorme e você nasceu nela.
Márcia:- Daniel o que você se lembra?
Daniel: - Que eu era um homem egoísta, mas hoje, antes de tudo sou feliz.
Cinthia perguntou assustada: - Querido antes do que?
Daniel: - Antes de eu cair no poço sem fundo, quando você se casou mamãe. Agora sou seu filho e você me ama?
Cinthia: - Meu filho eu te amo, antes de você nascer eu era uma pessoa ruim e egoísta.
Mas, como você se lembra do meu casamento com seu pai? E como você era um homem? Querido quem andou te falando essas coisas?
Daniel: - Mamãe antes você era a minha Cinthia e hoje eu sou seu Daniel.
Márcia: vamos tomar sorvete?
Lidiane chegou contente pulando de alegria: - Mamãe eu e Jonas temos uma linda noticia.
Márcia: - Com essa alegria toda, você será mamãe?
Lidiane: - sim mamãe!
Mais tarde Cinthia contou para Lidiane sobre o passeio e o que Daniel disse.
Cinthia: - Minha irmã você acha tem algum problema?
Lidiane: - nenhum problema! Daniel ter ama e nos ama é presença de Deus, você ainda terá muitas surpresas com ele.
Márcia: - Marlene ligou avisando que Laura está no hospital e os médicos disseram que ela tem um tumor no cérebro inoperável. Vamos visita-la no hospital.
Laura havia mudado um pouco, sentia muitas dores de cabeça, desmaiara em casa, seus pais estavam desesperados.
Ela foi medicada e ao melhorar um poço teve alta hospitalar e ficaria em casa aos cuidados da mãe.
Laura: - /mãe eu vou morrer? Estou com medo.
Marlene: - minha filha você ficará boa.
Cinthia e Daniel foram visita-los e Daniel disse-lhe:
- Laura não tenha medo você é muito amada todo ficará bem aqui ou lá.
Laura: - Do que você está falando? Eu não tenho nada!
Depois de quatro meses Laura piorou, os pais a levaram em bons médicos e a resposta era sempre a mesma.
Num domingo de manhã no hospital Marlene sentada ao lado da filha percebeu que ela havia morrido.
Marlene não se desesperou, apesar da dor de mãe, era sua única filha e ela agradeceu a Deus por sua Laura ter vivido mais perto dela nos últimos meses.
Marlene: -‘’ Meu Deus eu entrego tua filha Senhor, perdão se eu não soube ensina-la a doçura do amor, Contigo sei que ela estará bem.  Amém’’
Daniel abraçou Marlene dizendo: - Ela ficará bem!
Mas como a vida tem suas dores e alegrias chegou o dia do nascimento de Raquel, filha de Lidiane que era uma linda menina e trouxe alegria e felicidade a todos.
Um dia Cinthia foi ao quarto de Daniel e viu-o conversando com uma cadeira.
Cinthia: - Daniel você está falando com a cadeira?
Daniel: - Não mamãe! Estou conversando com meu irmão!
Cinthia: - Querido você não tem irmão!
Daniel: - Cinthia é o Rodolfo, meu irmão ele sempre vem ver se estou bem!
Cinthia não teve reação ficou parada sem saber o que dizer. Foi quando ouviu sua mãe chama-la.
Cinthia: - Mamãe Daniel está no quarto conversando com uma cadeira, ele diz que é seu irmão Rodolfo, será que é um amigo imaginário?
Márcia: - Querida filha! Com o passar da vida acredito que somos passageiros de idas e vindas de outro lugar em outro tempo, outro espaço....
Cinthia: - Mamãe sei que a senhora já tem certa idade e que passou por muitas coisas difíceis, mas o que ta me dizendo?
Márcia: - Estou dizendo que o Rodolfo é real, é seu tio Rodolfo que veio falar com o Daniel neste tempo.
Cinthia: - Daniel disse que é seu irmão, mamãe o irmão do tio Rodolfo é o papai e Daniel é Daniel.
Márcia: - Minha filha antes dele ser seu filho, esteve conosco e viveu com o nome de Rubens seu pai, tirou a própria vida, nada mais natural que retornar para a família que ele ama, estou falando de reencarnação. E Rodolfo foi irmão de Rubens, simples e natural.
Cinthia: - Mamãe você não está bem! Vou ao supermercado quer alguma coisa de lá?
Márcia: - Passe numa livraria e traga um livro deste gênero que explica tudo que te falo e que você não quer entender e ouvir.
Cinthia: - Estou saindo mamãe!
Alguns dias mais tarde Augusto e Marlene foram visita-los e trouxeram uma bonequinha para Raquel.
De repente chegou Carlos, Valentina e Luizinho contentes contando sobre o passeio de barco que fizeram.
Marlene observando a alegria de Valentina perguntou-lhe.
Marlene: - Valentina como você fez para adotar o Luizinho? Minha casa sem a Laura está vazia.
Carlos: - Têm tantas crianças precisando de amor e carinho, vocês têm condições, pensem na alegria que darão a vocês e as crianças.
Marlene: - Conversarei com Augusto, se preciso for mudaremos de apartamento é bom mudar de ares.
Daniel ouviu e disse: - Laura está bem ela irá se encontrar!
Todos ficaram impressionados com as palavras de Daniel.
No outro dia Cinthia amanheceu calada, arrumando o uniforme de Daniel para leva-lo a escola quando o menino perguntou.
- Mamãe porque está triste?
Cinthia: - Não estou triste, só sinto saudades do meu pai! Vamos para a escola.
Daniel:- Mamãe você tem algumas moedas? Preciso comprar um presente para uma amiga.
Cinthia riu: - Aqui está, mas quem é essa menina? Hein Daniel?

Ela ficou na porta da lojinha enquanto o menino comprava o presente. Ele saiu muito serio com uma caixinha na mão e guardou na bolsa da escola. E ela achou engraçado.
No fim da tarde ela foi busca-lo e não aguentou a curiosidade e perguntou:
- Daniel a menina gostou do seu presente?
Ele rindo pediu para sentar na praça perto de casa. Cinthia estava preparada para ouvir a estória dele sobre uma garotinha.
Cinthia: - Então o que você deu para a menina? Ela gostou?
Daniel: - Eu vou saber se a menina vai gostar agora!
Cinthia olhou para o menino perplexa sem entender nada. Daniel tirou a caixinha da bolsa e com a mão fechada estendeu-lhe a caixinha.
- Cinthia muito surpresa abriu a caixinha, tinha um anel de plástico, muito bem feito e até gracioso, ela olhou para o filho sem entender.
Daniel: - Este anel é simples, o diamante está no meu coração Cinthia.
A praça e o tempo giraram na visão de Cinthia e ela lembrou
Da cena do seu casamento, do anel de diamantes que esperou do pai. As lagrimas rolaram pelo seu rosto. Cinthia abraçou o filho emocionada.
Cinthia: - Meu Deus eu achava, meu filho, que a vida era à base de luxo e você hoje está me ensinando que o amor é o diamante da vida!
Daniel: - Ainda não entendeu?
Cinthia: - Entendi!  Meu filho você é o meu diamante, eu te amo.
Daniel sorria: sempre te amarei
Cinthia contou para sua mãe e irmã o que Daniel fizera mostrando o anel que ela nunca tirava do dedo.
Márcia: Lidiane, Daniel foi claro e sua irmã não entendeu.
Lidiane: - Ela entendeu, mas está se protegendo, antes a vida dela era os diamantes e luxos, papai nos deixou e retornou para nós e hoje ele é a joia da vida dela. Ele esta ensinando a ela com amor o que é a vida.
Márcia: - será que alguma família passa ou passou por estas experiências reais?
Lidiane: - Creio que sim! Olha o que éramos no passado e hoje.
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Raquel já estava com cinco anos era uma menina alegre, já tinha um irmãozinho de um ano chamado Miguel. Estavam brincando com as bonecas sendo observadas por Daniel, agora com treze anos.
Márcia se sentiu mal e Cinthia chamou a ambulância para leva-la ao hospital.
Daniel aproxima-se dela e fala no seu ouvido:
- Obrigado por me entender!
Márcia abre os olhos e sorri. Foi levada ao hospital e não retornou para casa, mas foi para um lugar especial.
Acordou depois de um longo sono, num quarto simples.
Márcia: - Por favor, você é a enfermeira.
Clara – Sim! Meu nome é Clara! Está sentindo-se melhor senhora Márcia?
Márcia: - Estou! Não sei o que aconteceu comigo! O mal estar passou, posso me levantar? O mal estar já passou, que perfume delicioso! São flores, posso ir ao jardim?
Clara: - Sim, vamos! Vou lhe ajudar!
Márcia caminha com calma.
- Clara, sinto vontade de te perguntar, mas acho que estou tão bem como não tive antes, acho que está vindo ao meu encontro um grande amigo. Meu Deus! Tudo é muito natural!
Rodolfo: - Márcia vejo que estás bem! Chegaste há pouco tempo, seja bem vinda!
Márcia: - Por que não estou assustada? Eu sei que todos em casa estão bem! Agradeço a vida por ter me ensinado a mudar e ao meu neto que foi meu marido Rubens, ele sofreu pelo materialismo, não queria que passássemos o que ele passou, mudou a vida, retornou para nós, envolvendo-nos com seu amor inocente!
Rodolfo: - A vida é uma dádiva eterna! Vamos passear, tenho muito que te mostrar...
Márcia: - Meu cunhado eu tinha muito que aprender. Aliás, todos nós aprendemos a viver, com as nuances do tempo para sempre. Amém!
Rodolfo: - Entre o chão que pisamos e os céus que vemos há vida!
Márcia: - Aleluia!!!































sexta-feira, 29 de março de 2013

'' O AMOR QUE VENCEU A MORTE''

''Portanto ide, ensinai todas as nações , batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espirito Santo.
Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado, e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém."

mateus: 28.19.20.

segunda-feira, 4 de março de 2013

'' ALGUÉM NOS ESPERA.''


Hoje é doze de dezembro de mil novecentos e vinte e nove.
Meu nome é Carmem Lucia, meu pai Adelino esta ao meu lado, estamos entrando na igreja, meu futuro marido, Almir está me esperando no altar.
Minha mãe Silvia que fez meu vestido de noiva, simples, mas, lindo.
È o vestido mais lindo do mundo, escolhi me casar com os cabelos soltos que é na altura dos ombros cortado em fio reto com franja.
Meu bouquet de noiva foi feito com flores do jardim da casa dos meus pais.
Sou filha única e meu pai tem uma quitanda.
 Eu e Almir tivemos um noivado longo, nove anos, hoje eu tenho vinte e oito anos e ele tem trinta e cinco. Éramos vizinhos.
Moramos numa cidade do interior do estado de são Paulo.
Minha tia Cintia fez o bolo do meu casamento, toda a família e amigos estavam na igreja.
Minha prima paterna Soraia, casada com um filhinho pequeno foi quem nos emprestou sua casa no litoral norte para passarmos a lua de mel, voltaríamos em uma semana.
Foi tudo muito simples e bonito. Meu marido Almir era professor e adorava crianças e queria ter muitos filhos.
Passado um ano de casados morávamos no mesmo bairro que minha prima Soraia.
Ela e o marido alugaram uma casa para nós e nos tornamos muito amigos.
Em 1931 eu estava esperando o nosso primeiro filho Pedro que nasceu em outubro.
Pedro era alegre e muito levado e éramos muito felizes. Meu marido além de lecionar num colégio só de meninos também trabalhava com contador em uma loja.
Eu cuidava da casa e de Pedro, eram tempos difíceis e para ajudar nas despesas da casa comecei a fazer balas de coco para vender.
Pedrinho ia comigo entregar as balas. Com o tempo comecei a fazer bolos e doces.
Almir aceitava minha ajuda desde que não atrapalhasse na educação de Pedro.
Soraia sempre ia a casa levando, às vezes, novas receitas para me ajudar, ela era a irmã que eu não tinha.
Meus pais não gostavam muito que Soraia me ajudasse. Eles achavam que ela muitas vezes esquecia-se da casa dela para estar mais na minha.
O aluguel tinha aumentado e eu pedi para mudarmos para uma casa mais perto dos meus pais.
Almir: - Carmem sua prima ficará sem você, o marido dela trabalha muito e ela fica sozinha com as crianças.
Carmem: - Eu fico sozinha também, e meus pais acham que devemos morar mais perto.
Almir: - Não é isso eles acham que a Soraia fica muito tempo aqui e quanto ao aumento do aluguel eu trabalharei um pouco mais.
Carmem: - quanto tempo mais que você irá trabalhar, só resta os domingos.
Com o passar dos dias meus pais conseguiram convencer Almir a alugar uma casinha de fundo no mesmo bairro que eles moravam e com o aluguel mais baixo.
Mas, mesmo assim Almir trabalhava muito.
Soraia diminuiu as visitas em casa agora que estava grávida da sua filha Marinalva.
Quando a filha dela nasceu eu engravidei e estava ansiosa para contar para meu marido quando ele chegasse a casa.
Quando ouvi o barulho do portão, eu já tinha preparado o jantar e Pedrinho estava dormindo.
Carmem: - Almir tenho uma grande e maravilhosa surpresa!
Almir: - Você pegou mais encomendas de doces?
Carmem: - Não! Você será pai novamente! Quem sabe não será uma menininha!
Para minha surpresa e susto Almir ficou nervoso.
Almir: - Por quê? Agora não podemos, não consigo parar para descansar. Você quer acabar comigo?
Chorei muito me senti desolada e desesperada. Resolvi fazer mais doces e vender e lavar roupas para fora. Com quatro meses de gravidez eu vivia no tanque de roupa e no fogão. Pedrinho era minha única alegria quando ele sorria meu mundo iluminava-se.
Soraia veio me visitar com os filhos, contei a ela a reação do Almir em relação à segunda gravidez.
Soraia: - Carmem os homens não são iguais às nós, meu marido também é assim, quando fico nervosa deixo meus filhos na minha mãe e saio, vou a igreja dar uma volta de bonde, agora ocupo meu tempo ajudando os doentes.
Carmem: - Soraia que lindo ser humano você é, eu me queixando para você enquanto você divide seu tempo com os doentes.
Eu achava a    menina Marinalva linda tinha cabelos castanhos lisos e lindos, olhos verdes. Eu a chamava de esmeralda.
Soraia: - Marinalva puxou pelas bisavós paternas, ela é minha pedra preciosa.
Depois de cinco meses estava lavando roupa quando senti as dores do parto, minha mãe que estava em casa comigo chamou a parteira.
E a tarde nasceu minha filha Bernadete.
Almir chegou à casa a noite entrou no quarto e olhou para o neném e perguntou:
- Você tem muito leite?
- Tenho você não precisa gastar com o leite para ela.
Abracei minha filha e chorei muito.
Com vinte dias do nascimento de Bernadete eu já estava no tanque de roupa. Minha mãe me ajudava com os doces.
Eu agradecia a Deus pelas muitas encomendas de doces e de roupas para lavar.
Conforme as crianças iam crescendo eu conseguia nos manter, não faltava nenhum tipo de alimento aos meus filhos.
Eu entregava as roupas em outro bairro mais longe de casa, enquanto minha mãe ficava com as crianças. Chegando a casa encontrei Soraia a minha espera.
Soraia: - Carmem você sabe o quanto minha mãe te amava, e desde o falecimento dela que eu não sei o que fazer com as crianças.
Prometi que iria continuar meus préstimos aos doentes mais não posso ir porque não tenho com quem deixar as crianças. Você não poderia ficar com elas na terça e na quinta feira à tarde? Meu marido trabalha muito e disse que pagará por essas horas, sei que faz tempo que não se veem.
Eu tinha admiração por Soraia pelo trabalho dela com os doentes, e mesmo minha mãe não aceitando eu concordei.
Toda terça e quinta- feira as crianças ficavam em casa, e no final da tarde vinha busca-las, minha mãe sempre ajudando a cuidar das crianças.
Eu achava que estava fazendo uma caridade para minha prima que tanto bem fazia para quem precisava.
Sempre entregava roupas às quartas e sextas feiras. A me3nina Marinalva não dava trabalho nenhum. Ela era muito carinhosa me olhava com os olhinhos verdes brilhando.
Já fazia um ano que as crianças ficavam todas às terças e quintas férias. Soraia sempre vinha busca-las ante que Almir chegasse a casa. Às vezes Pedrinho falava dos primos e eu dizia que eles vinham nos visitar.
Almir: - Tudo bem! Mas, a sua prima traz o lanche das crianças?
Carmem: - Almir você não era assim? O que há com você?
Almir: - É o cansaço!
Numa quarta feira levei Pedrinho comigo para entregar doces, eu havia adquirido uma encomenda extra de roupas, mas teria que entregar nas quintas-feiras em outro bairro.
Na semana seguinte com a sacola de roupas, peguei o bonde e de longe parecia ter visto Almir caminhando na rua, tive certeza que era meu marido.
Pensei como? Ele deveria estar no colégio lecionando!
Retornei para casa pensativa e contei para minha mãe e ela me aconselhou a esquecer. Ao dormir eu fitava Almir e minha cabeça não parava de pensar.
No dia seguinte minha pediu novamente para que eu esquecesse.
Silvia:- Minha filha os homens são assim misteriosos, não era o Almir, feche os olhos, desde que o mundo é mundo os homens dão seus passeios.
Soraia logo chegou com as crianças e como tinha feito balas a mais os deixei deliciando-se e logo sai. Fui ao mesmo local onde tinha visto o Almir, mas não o achei. Então resolvi ir até a casa da Soraia, sabia que ela estava no hospital.
Para minha surpresa uma vizinha veio ao meu encontro.
Carmem: - Por favor, a minha prima mora aqui a senhora sabe me dizer que horas ela chega?
A vizinha me relatou que há um ano Soraia tinha mudado porque o marido havia a abandonado. Fiquei sem saber o que fazer. Votei para casa e Soaria já tinha levado as crianças.
Não consegui dormir, levantei-me e vasculhei os bolsos do paletó de Almir e achei uma chave que não era da nossa casa.
Na manhã seguinte a mesma rotina, terça feira a Soraia veio trazer as crianças e minha mãe as recebeu. Eu estava escondida na praça, quase defronte minha casa.
Vi Soraia sair, ela estava bem vestida, estava a pé, andamos por quase meia hora, eu a segui de longe.
Ela entrou em uma casa e eu pensei que era onde ela morava, achei que ela iria trocar de roupa para ir para o hospital.
Eu era completamente inocente, de qualquer forma, não esperava o que vi.
Continuei esperando por mais quarenta minutos e vi Almir e Soraia saindo juntos da casa e cada um indo para um lado.
Senti-me mal e desmaiei, fui acordada pelo farmacêutico.
- A senhora está bem?
Carmem: - Meu Deus já é noite!
 O farmacêutico e a esposa me levaram até em casa de carro.
Chegando a casa Almir abriu a porta.
Almir: - O que houve? Sua mãe está preocupada as crianças já jantaram!
Carmem: - Fui entregar doces e me senti mal na rua cheguei a desmaiar.
Almir: - Não vai me dizer que está grávida de novo?
Carmem: - Não! Almir.
Eu pensava: Meu Deus! Soraia e Almir eram amantes, queria reagir, mas, como?
Não conseguia olhar para o meu marido, pensei nas crianças, nos filhos da Soraia.
Resolvi conversar com ela era terça feira, quando ela chegar falarei com ela.
Já era hora do jantar e ninguém tinha aparecido, nem Soraia, nem meu marido havia chegado.
Dei o jantar para as crianças e as coloquei na cama para dormir.
Meus pais estavam preocupados e queriam ir até o hospital para ver se algo ruim tinha acontecido.
Carmem: - Pai não é necessário! Eu achava que eles haviam fugido.
Não conseguia dormir, pensava que não conhecemos as pessoas namorei por nove anos, e Almir sempre respeitoso, meus pais o admiravam, casamos na igreja diante de Deus e todos os parentes e amigos. Tinha orgulho de apresentar meu marido, um professor que trabalhava muito pela família.
Eu não aceitava o que estava acontecendo, mas não tinha coragem de tomar nenhuma atitude. Poderia dizer adeus a Soraia, mas, com meu marido eu iria conversar, achava que devia aceitar a traição, porque tinha filhos e eu seria a esposa largada pelo marido.
Logo que amanheceu eu me levantei da cama, ainda não era sete horas da manhã bateram na porta. Abri com cuidado achando que era o Almir estava pronta para perdoa-lo, afinal era o pai dos meus filhos.
Ao abrir a porta vi que era o Américo, esposo de Soraia.
Américo: - Posso entrar? Ele estava pálido com uma mala deixada do lado de fora da casa.
Américo: - Carmem estou indo embora! Fiz algo terrível, não sei se você irá me perdoar.
Carmem: - Américo o que houve?
Américo: - Hoje eu terei que ir embora, irei para o norte do país. Eu sabia que eles eram amantes, descobri quando Marinalva nasceu na minha família não tem ninguém com olhos verdes, mesmo assim eu a perdoei, mesmo ela negando a traição.
Só tive certeza quando sua tia Magda me disse que havia encontrado Soraia e Almir no bonde.  Ela me disse que se encontraram por acaso, que Soraia ia indo a sua casa para pegar as crianças e que ela tinha muito orgulho que a filha era benemérita.
Mas, eu sabia que Soraia nunca ajudou ninguém, nenhum doente.
Ela não me aceitava como marido depois que tivemos nosso único filho Josué Fabrício.
Américo:- Carmem, Marinalva é filha do Almir com Soraia.
Eu fiquei atordoada achei que fosse desmaiar, mas tinha que ouvir tudo por mais difícil que fosse.
Carmem: - Como você conseguiu aceitar? Diga-me como eu também preciso aceitar?
Américo: - Há um ano eu a abandonei nossa casa e Almir alugou uma casa para eles, ia visita-la toda terça e quinta feira!
Carmem: - Meu Deus! Pedro e Bernadete são irmãos de Marinalva. O que Faremos?
Américo; - Carmem eu não terei perdão! Depois de pedir a Soraia, varias vezes em nome das crianças que mudasse de atitude. Ontem à tarde eu os encontrei no quarto, na cama e atirei. Foram quatro tiros no Almir e um no peito de Soraia.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Américo: - Eu peço perdão, mas, era uma questão de honra!
Carmem: - Honra! Os dois eram pecadores, mas era pais, o que você dirá para seus filhos? Você estava com as mãos limpas de sangue, mas, agora como você olhará nos olhos dos seus filhos? Agora Josué é pequeno, mas logo será um homem o que ele sentira? E os meus filhos? E Marinalva?
Américo: - Não olharei nos olhos dos meus filhos, partirei, diga que fui um bom pai. Aqui nesta caixa está o dinheiro e uma carta para eles. Por favor, crie os meus filhos, agora são seus.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus!
Não conseguia parar de chorar, vieram todas as lembranças, estavam mortos. A atitude de cada um fizeram suas escolhas, achavam que estavam acima do bem e do mal.
Algumas pessoas agem assim pensam que nada acontecerá com eles, que são imortais e que nunca serão cobrados de nada, mas, a resposta vem sem volta muitas vezes.
Américo: - Carmem você será uma boa mãe, diga a eles que eu os amo e nunca conte a Marinalva a verdade.
Carmem: - Eu cuidarei deles como meus filhos, direi a eles que Soraia e Almir foram para o céu, depois pensarei no que direi.
Américo: - Adeus Carmem! Um dia te darei a mão quando você menos esperar!
Carmem: - Adeus Américo!
Sentia que não o veria nunca mais. Mais tarde veio a policia avisar que Almir estava morto com três tiros e Soraia com um tiro. Tive fazer uma fisionomia de surpresa.
A fama de Soraia de mulher separada e adultera fez com que ninguém fosse ao velório. No velório do meu marido muitos amigos e familiares estavam presentes.
Diziam pobre homem honrado e trabalhador fora vitima de uma emboscada.
Passei todo o velório sentada em minha casa, às crianças estavam na casa dos meus pais. Todos tinham entendido a realidade dos fatos, mas, Soraia levou toda a culpa e a má fama.
Lutei muito na vida, trabalhei muito, passaram-se dez anos. E um dia chegou uma carta de Américo dizendo que havia colocado no banco em meu nome uma quantia para te ajudar.  Neste momento estou com um revolver apontado em minha direção, não consigo conviver com o que eu fiz. Adeus! Seu eterno amigo.
Depois de ler a carta entendi que Pedro, Bernadete, Josué Fabrício e Marinalva eram meus quatro filhos. Nunca contei a verdade, disse que os pais haviam morrido num acidente. Depois que recebi a carta mudamos de São Paulo para o interior.
Passaram- se trinta anos! Pedro agora era um bom pai, ele e a esposa Vilma Maria eram feirantes. Bernadete estava casada, era uma boa mãe e boa esposa.
Para ela o pai era amoroso, sempre achei que Almir encontraria alguém que o marcaria para sempre. Ele era um professor que não sabia nada da vida.
Josué Fabrício lembrava-se muito pouco da mãe, era casado, um bom pai e se tornou um ótimo torneiro mecânico. Marinalva, minha esmeralda foi a ultima a se casar.
Casou-se com quarenta anos com um engenheiro. Conheceu um mundo de muito amor. Cuidou de mim até a minha morte.
Para Josué e Marinalva a mãe era linda e bondosa e o pai foi trabalhar no norte e morreu por lá.
No dia três de abril de mil novecentos e setenta e cinco em Campinas eu desencarnei. Não porque estava doente, mas, era chegada a hora.
Quando vivemos em paz não devemos ter medo de viver e muito menos de morrer.
Eu estava internada e sabia que era chegada minha hora, disse a Marinalva:
Carmem: - Milha filha acho que estou morrendo, estou me sentindo tão leve.
Marinalva: - Mamãe é porque você tem um coração leve, em paz!
- Eu te amo mamãe!
Eu ouvi as palavras eu te amo bem longe! Muito longe!
Estava vendo flores, mas, não conseguia atravessar o véu, senti uma mão forte me levar até um portão grande repleto de flores.
Carmem: - Obrigado por ajudar esta velha aqui acho que estamos num lugar diferente.
Quando olhei melhor era Américo com um grande sorriso.
Américo: - Carmem obrigada por tudo! Nossos filhos estão bem, obrigado por ensina-los a orar por mim. Contarei-te tudo que me ocorreu.
Eu estava perplexa. – Américo se estamos aqui é porque morremos!
...
“Carmem e Américo sentaram-se num lindo jardim e ele começou a contar sua trajetória”.
- Eu fiz muita coisa errada, tirei a vida de duas pessoas, de minha esposa e seu marido, e por ultimo a minha vida pela dor que sentia pelo que fiz.
Achava que eu não merecia viver cheguei ao ultimo estagio de sentimentos negativos e confusos, depois que tirei minha própria vida.
Não queria abrir os olhos, passei um bom tempo assim, sem querer enxergar nada.
Quando decidi abrir os olhos devagar vi o lugar mais feio do mundo, sem vida. Escuro com muita lama, rochas cinzentas, pessoas gritando em desespero, outras jogavam pedras em todos pedindo para deixa-los em paz.
Depois de algum tempo ouvi a voz de um homem pedindo socorro e logo apareceu alguém com uma luz muito clara ajuda-lo e eu perguntei:
- Que lugar é este? Ouvi-o dizer:
- Você está nas profundezas do seu desespero, seus sentimentos estão confusos, há muita dor que te consome, clame pelo Senhor Deus, clame ao Senhor Salvador Jesus Cristo, arrependa-se dos teus feitos. Peça perdão ao Pai!
Comecei a pensar que eu era o mal ladrão que estava ao lado de Jesus.
A maioria de nós é assim, fazemos coisas erradas, mentimos matamos aos outros e a nos mesmos na covardia de não querer assumir nossos próprios erros.
Covardia em não olhar para nós mesmos, de ouvir e entender que erramos, ou achamos que somos os senhores da vida então podemos tirar minha própria vida que não mereço mais viver. Então apago a luz e saio de cena?
Meus pensamentos eram confusos, sabia que tinha tirado a vida de duas pessoas. Comecei a andar, minhas aflições vagavam no tempo.
Até que vi jogada na lama, ela, minha esposa Soraia, aquela que me traira.
Cheguei mais perto achando quem ela me reconheceria.
Soraia: - Ei moço! Tira-me daqui! Ele vai vir e me matar, sinto dor de parto, tirei meus dois bebes. Moço me leve ao hospital.
Américo: - Meu Deus! Ela não me reconheceu, está gritando de dor como se estivesse com dor de parto, é o remorso que está a fazendo gritar. Quanto tempo será que faz que estamos aqui?
Voltei onde estava Soraia, ela gritava de dor.
Soraia: - Moço!Moço! Tem alguma coisa errada meus bebes não nasceram. Fiquei compadecido e disse a ela.
Américo: - Soraia te peço perdão! Alguém! Deus nos ajude!
Vi de longe uma pessoa de roupa clara, chamei-o para ajuda-la, me ajoelhei, eles a levaram.
- Você está começando a entender! Disse o homem de roupa clara.
Eu não aceitei ir com ele, não me achava digno, o tempo parecia não passar e eu ouvia orações!
- Papai eu te abençoo!Era a voz dos meus filhos orando por mim, chorei muito, arrependimento dilacerava meu coração.
Estava vagando naquele lugar escuro sem fim, parecia o sertão sem luz, com a dor no meu coração até ver o Almir, o reconheci, ele se arrastava na lama de sentimentos. Tive vontade de chuta-lo, mas, um homem sem rosto me empurrou dizendo:
- Não faça o mesmo que eu fiz, chutei a mim mesmo, se você chuta-lo estará chutando a si mesmo, perdoe!
Olhei em direção da voz que não era estranha, era meu pai Alaor Mendonça.
Ele tinha abandonado minha mãe, eu e minha irmã. Não perdoava meu pai, tinha ódio dele pelo abandono. Ele olhou para mim e eu disse a ele.
- Eu conheço você dos meus sonhos ou pesadelos?
- Vamos ajuda-lo, eu o ouço chorar, disse referindo-se ao Almir.
Eu neguei, e ele me ajudou a olhar para o Almir como um coitado, na verdade o ódio que eu sentia vinha do meu pai por ter nos abandonado. Aquele homem que eu reencontrei no inferno de nós mesmos.
Fiquei confuso, que armadilha era aquela? Será que Deus me colocar abem de frente com a minha própria realidade? Escondemos-nos dentro de nós mesmos como tartarugas que quando temem colocam a cabeça dentro do casco.
Cheguei perto do Almir, ele não me reconheceu, de longe vi os socorristas, chamei por eles. O que importava era a minha decisão de ajuda-lo.
O socorrista sorriu e perguntou:
- Não queres ir conosco?
Américo: - quero, mas, me ajudem com meu pai!
Segurei a mão do meu pai com firmeza, agora eu podia ouvi-lo com clareza.
O socorrista e o Almir sumiram. Eu entendi que eu tinha que atravessar aquele lugar até chegar lá em cima, eu o levava segurando firme sua mão. E ele dizia.
Alaor: - Quem é você para me ajudar?
Américo: - Não importa! Agora vamos em frente. A subida de nós mesmos é difícil, é como escalar o monte Everest.
No final da caminhada aquele homem que tinha medo de tudo, que era eu, tinha conseguido subir com meu pai. Vi meu pai olhando para mim e dizendo:
Alaor: - Américo meu filho me perdoe!
Américo: - Pai porque o senhor nos abandonou? Perguntei com o coração cheio de lagrimas.
Alaor: - Por que fui fraco, perdi meu emprego, bebi muito fui parar na sarjeta. Tinha uma foto de vocês, era meu consolo, um dia cheguei perto de casa, sua irmãzinha me viu e não me reconheceu correu para dentro chamando a sua mãe dizendo que tinha um bêbado na porta. Resolvi sumir! Eu tive pena, ódio de mim mesmo, depois o ódio transformou-se em lamento, em dor.
Américo: - Pai vamos para casa, os socorristas estão aqui.
Eles nos ajudaram, chegamos ao hospital, tivemos tratamento com base na caridade e no amor. Meu pai entendeu e pediu para renascer numa nova vida. Ele será meu pai nesta nova etapa. Meu coração agora via tudo diferente, queria aprender tudo com amor que é à base da vida ’’
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Américo: - esperei você chegar todo este tempo para te agradecer, agora eu estou partindo para uma nova aprendizagem, uma nova chance.
Carmem:- Estou chegando e você partindo?
Américo: - Eu te poupei de um trabalho imenso, pedi para reencarnar e Soraia e Almir serão meus filhos na Terra assim terás paz.
Carmem: - Graças a Deus! Pensei que você iria me dizer que Soraia seria sua esposa novamente.
Américo: - Tenho que ir, pegarei o trem das emoções, aprenderei a viver enquanto Almir e Soaria não chegarem, é uma troca de sentimentos. Carmem você ensinou meus filhos a orarem por mim foi o que me salvou, obrigado.
Carmem: - Está tudo bem nossos filhos são felizes eles não tem rancor de você ou de Soraia. Encontraremos-nos, eu te esperarei amigo! Até breve!
Américo: - Enfermeiros esta é minha amiga e irmã Carmem Lucia, você estará em boas mãos. Seja feliz.
Carmem: - Veja, são meus pais! Estão vindo ao portão para me receber, que lugar lindo! Eu já estava me sentindo feliz. Alguém sempre nos espera quando nosso coração está pronto.








Ditado pelo espirito de João Harsan

Psicografado pelo médium Esaú Davi.