segunda-feira, 4 de maio de 2015

''AINDA A TEMPO DE DIZER ''EU TE AMO''

Brasil, São Paulo – 1918.
Meu nome é Maria Isabel, estou com setenta anos de idade.
Sou uma senhora da época com poucas ideias, mas sonhadora, afinal achava que já tinha vivido tudo e visto tudo.
Adorava ficar na janela à tarde vendo minha rua e meus vizinhos, um ajudava o outro.
Meu filho mais velho Augusto Chamynthy, casado com minha nora Barbara e meus netos Luiz Antonio e Vanda morávamos todos juntos. Eu tinha mais uma filha chamada Ana também casada com um bom homem Nelson morava na mesma cidade de São Paulo. Meu marido, Alberto Chamynthy foi um bom homem. Mas Deus já tinha o chamado.
Meu casamento não fora um casamento de grande amor, mas minha mãe dizia:
- filha ele tem bom ganho e vai poder te dar tudo e serás obediente.
Eu pensava comigo:- obediente? Não é meu pai! Será meu marido!
 Meus olhos iam em direção a duas casas depois da nossa onde morava um rapaz, Marcos de família de posses humildes, mas meu coração batia quando eu o via com seus olhos verdes que me levavam a flutuar um minha imaginação.
 Quando minha mãe Rosalina percebeu logo me apresentou ao meu marido. Não adiantava eu queria meus olhos verdes.
 Conheci meu marido noivamos e casamos depois de seis meses. Foi um ano de angústia. Estou na janela de casa. Na casa dele hoje mora outras pessoas ele morreu há seis meses e choro dentro do meu peito segredos de uma senhora de setenta anos.
Minha família chegou com alegria trouxeram doce de leite para deliciar no chá da tarde. Meu filho Augusto: - Mamãe amanhã a Ana virá com o esposo e filhos almoçar conosco.
 Não conseguia colocar um sorriso no meu rosto. Eu pensava amanhã vou ver minha filha Ana sinto saudade dela mesmo morando na mesma cidade.
Augusto:- Mamãe vamos ao parque passear, deixe sua janela um pouco.
No parque sentada no banco vendo crianças brincando meu pensamento voltou ao passado.
Antes de me casar sai para ir à igreja do bairro, me ajoelhei fiz minhas orações e alguém se aproximou era Marcos com seus lindos olhos verdes estava sorrindo para mim sentou- se ao meu lado e perguntou:
- Onde eu me escondia nesse tempo todo?
Maria Isabel:- Eu escondida? Qual seu nome?
Ele olhou para mim e com um sorriso disse:
- Desculpe meu nome é Marcos, sou seu vizinho, estudo muito estou cursando direito meus pais trabalham muito para custear meus estudos, mas já te vi na janela.
Maria Isabel sorria por dentro: - Você estuda será um advogado e o que faz aqui?
Marcos: - Na verdade eu te vi entrando na igreja e a segui queria te conhecer seu nome é Maria Isabel pedi para perguntarem à senhora que ajuda nos serviços domésticos em sua casa.
Maria Isabel:- Ela disse que estou comprometida e que me casarei logo.
Marcos:- Sim! Mas, com sinceridade o tempo pode nos levar a lugares que ninguém pode ir.
Maria Isabel: - Minha mãe não pode jamais saber que estamos conversando. Mas amanhã eu virei na mesma hora.
Marcos:- eu também estarei aqui!
Por muito tempo nossos encontros secretos, falando baixinho na igreja, enquanto minha mãe orgulhosa de mim por ir toda tarde à igreja. Até que numa tarde ela resolveu ir comigo fiquei apavorada iria descobrir meu segredo, segredo meu e de Marcos. Eu o vi ele retornou fiquei triste naquela tarde e minha mãe orgulhosa de mim.
À noite meu noivo Alberto vinha me ver sentava numa poltrona eu em outra e meus pais juntos sua visita durava vinte minutos.
Para mim não havia sentido eu ansiava para chegar o dia seguinte para ver Marcos. Estava chegando o dia do meu casamento, mas, eu não queria cheguei para minha mãe e disse claramente:
- Minha mãe não quero me casar, em meus sonhos idealizo outro homem que não é meu noivo, não serei feliz.
Minha mãe Rosalina respondeu:
 - É o rapaz que tu ficas olhando pela janela, minha filha ele é ilusão, seu noivo tem futuro.
Maria Isabel: - O nome dele é Marcos está estudando para ser advogado, o pai trabalham no mercado para custear os estudos dele.
Rosalina:- Como sabe de tudo isso?
Maria Isabel:- Pelos vizinhos mamãe.
Rosalina:- Falarei com teu noivo para casarem logo o pecado pode tomar conta de ti.
Minha mãe conversou com meu pai, eles convenceram Alberto a casarmos logo.
Na tarde seguinte fui à igreja encontrar com Marcos, sugeri que fugíssemos para longe.
Marcos:- não posso fugir Maria Isabel tenho meus estudos ,mas eu te amo, quero viver ao teu lado, falarei com teus pais.
Marcos foi a minha casa meu pai o recebeu e ouviu todos os planos dele em relação a nós dois.  
Meu pai se levantou e disse a ele:- Filho eu já sonhei um dia, mas minha filha irá se casar com um homem que tem futuro seguro! Retire-se da minha casa.
Eu ouvi na cozinha, chorei como uma criança perdida. No dia seguinte me mandaram para o interior só voltei três dias antes do meu casamento.
 Casei-me na mesma igreja que eu e Marcos nos encontrávamos. Era só meu corpo que estava no altar, mas, meus olhos fitavam a porta e vi Marcos com lágrimas nos olhos e eu com vestido de noiva.
 Foi o pior dia de minha vida, mas teria mais dias de lamentações.
Passei a lua de mel com sorriso no rosto ,meu marido não tinha culpa ,era só meu corpo que vivia casada.
Achava que nunca mais veria Marcos e seus lindos olhos verdes. Tive meu primeiro filho morava em outro bairro longe de tudo, era uma dedicada esposa, orgulho de meus pais.
 Recebi numa tarde a noticia que meu pai tinha falecido de repente do coração, foi neste dia que retornei a minha antiga casa. Minha mãe feliz com o neto pediu para morarmos na mesma casa depois de algumas reformas.
Fiquei sabendo por ela que Marcos e a sua família tinha mudado da casa há muito tempo.
Após a reforma mudamos para casa de minha mãe. O tempo passou minha mãe amava o neto. Eu sempre ia ajudar no hospital levando roupas e doces aos doentes.
Estava no pátio quando ouvi alguém me chamar: - Maria Isabel!
Eu virei era Marcos numa cadeira de rodas, a emoção bateu forte em mim:
- Marcos! o que aconteceu contigo?
Marcos me olhou do jeito que eu adorava com paixão:
- Eu sofri um acidente estou sem movimento das pernas, mas o médico disse que melhorarei. E você Maria Isabel?
Maria Isabel: - Tenho um filho voltamos a morar na casa de minha mãe depois que meu pai morreu.
Marcos:- Você é feliz?
Maria Isabel: - Sou na medida do possível! E você casou?
Marcos: - Eu me formei tenho em minha casa meu escritório ,não me casei, cuidei de meus pais até a morte de minha mãe, meu pai mora comigo.
Maria Isabel:- Amanhã virei com as amigas visitar outra ala, preciso ir.
Marcos:- Maria Isabel eu estarei te esperando!
Não consegui dizer não, fui vê-lo até sua recuperação total, aos poucos os movimentos das pernas estavam sendo recuperados.
 Acompanhei passo a passo sempre com desculpas em casa eu era uma benemérita, mas eu queria sentir-me feliz.
Marcos teve alta me deu o endereço dele. Fui até a casa dele estava o pai Senhor  Irineu:
- Sei da história sua e de meu filho, mas e o futuro como será? Meu medo é de vocês se machucarem mais do que já estão.
 Maria Isabel você é casada e tem um filho! Deus não gostará das ações que estão fazendo, parem enquanto é tempo para alguém inocente não se machucar.
Maria Isabel: - O senhor tem razão irei embora me perdoe.
Passaram dias em casa não havia alegria só meu filho. Meu marido após o jantar me deu um beijo e me chamou de outro nome: - Vamos dormir Alda!
Maria Isabel:- tu me chamaste de Ida? Quem é Alda?
Alberto: - Sei lá quem é Alda! Tenho muitos negócios em minha cabeça, minha querida esposa vai dormir.
Eu não conseguia esquecer, no dia seguinte fui à casa de uma amiga intima Madalena ela sabia de tudo falei sobre Alberto ter me chamado de Alda.
 Madalena: - Os homens são assim com o tempo temos nomes de todo mundo.
Sai da casa dela sabia que ela não sabia o que me dizer resolvi ir à casa de Marcos.
Marcos quando me viu chegar correu abriu a porta e me beijou tão apaixonadamente que resolvemos esquecer o tempo.
Cheguei à noite na hora do jantar e comecei a brincar com meu filho e minha mãe me perguntou:
- Maria Isabel por que demoraste tanto na Madalena?
Maria Isabel:- Madalena hoje estava com muitas prosas e experimentamos muitos vestidos lindos que Aurora trouxe da Europa.
Rosalina:- Aurora a filha da Madalena se casou muito bem.
Maria Isabel: - Mamãe a senhora amou meu pai? Casou por amor?
Rosalina: - Que conversa é essa! Não é de uma senhora casada! Claro que amei seu pai!
Via Marcos nos encontros, agora não mais só com a troca de olhares e palavras! Éramos um casal escondido de todos, sabíamos que pagaríamos pelo erro de nos amarmos.
 Depois de meses o Senhor Irineu morreu.
Em casa, descendo as escadas, senti uma tontura forte e sentei na escada. No almoço, desmaiei na sala de jantar acordei com o médico e meu marido ao meu lado.
Alberto: - Querida seremos pais novamente! Estou feliz.
Eu recebi esta noticia assustada! Sabia que era filho de Marcos, mas teria que guardar este segredo para sempre, mas seria perdoada um dia?
No dia seguinte ganhei de meu marido um colar de esmeraldas, parecia que ele sabia, mas não poderia nunca saber. Fugi para ver Marcos quando eu sentei para dizer a grande noticia ...
Marcos: - Meu amor recebi uma ótima proposta de trabalho com um grande advogado no Rio de Janeiro! Logo poderemos estar juntos, virei ver você, meu amo, r quinzenalmente como fazemos agora comprarei uma casa seremos felizes.
Eu fiquei sem saber o que dizer, ele me viu chorar: - Meu amor não chore! Semana que vem estarei aqui.
Marcos foi para o Rio de Janeiro. Lembrei-me das palavras do Senhor Irineu “Um inocente poderia sofrer com nossos atos", este inocente estava em meu ventre.
Passaram dois meses  nos víamos quinzenalmente, mas antes de eu sair ele me disse;
- Está diferente comigo, não saia daqui antes de me dizer! Abaixei a cabeça e as lágrimas vinham em meu rosto. Marcos me olhou colocou a mão no meu ventre sem querer e se assustou.
Marcos:- Maria Isabel estás grávida! Nosso filho é nossa alegria vamos embora!
Eu senti medo! Pensei que tínhamos somente sonhos! Pensei em tudo que tinha e o que daria ao meu filho inocente que estava chegando.
Maria Isabel: -  Este filho é de Alberto meu marido, não é seu!
Marcos chorou: - Pensei por um minuto que seria meu.
Meu grande amor beijou minha testa, meus lábios docemente; - Meu amor não se esqueça de que te amo! Ele foi para o Rio de Janeiro.  Passaram meses nasceu Ana, nossa filha com os olhos verdes do pai.
Era meu segredo! Meu pecado!Meu amor!
Passou o tempo nenhuma noticia de Marcos!
 Vi o tempo passar, Ana crescer com a mesma alegria do pai. Meu marido Alberto nunca notou nada, mas no aniversário de minha filha minha mãe estava olhando Ana brincar e me disse:
- Maria Isabel a Ana tem os olhos verdes, me lembrei daquele rapaz que você se encantou antes de casar, pensamento estranho não é filha?
Eu, sinceramente, virei para minha mãe e olhei bem profundamente em seus olhos, sem dizer nada. Minha mãe estremeceu, depois disso ficou doente vindo a falecer. Mas, antes de morrer me perguntou:
- Minha filha me diga seus olhos me disseram a verdade naquele dia?
Maria Isabel:- sim mamãe! A Ana é filha do Marcos!
Logo após dela ouvir disse:
- Deus nos perdoe! E morreu no mesmo dia.
Chorei muito com a morte de minha mãe, mas ela foi sabendo um pouco do que eu escondia.
 Ana crescia cada vez mais linda. O tempo passou e ela moça casou por amor.
Eu, Maria Isabel, com setenta anos na janela pensando e sonhando com a vida que poderia ter tido.
Era uma tarde linda! Vi do outro lado da rua um rapaz caminhando, pensei é o Marcos! Esqueci-me da minha velhice fui até a rua atrás do rapaz e chamei:
- Marcos! Marcos!
O rapaz virou sorrindo: - A Senhora chamou- me por Marcos?
Maria Isabel: - Sim, você parece com um amigo Marcos!
O rapaz riu: - Eu não acredito em muita coisa, mas Marcos é o nome do meu pai estou indo encontra-lo na igreja, mudamos para uma casa a três quadras daqui ele morou muito tempo neste lugar.
Senti tontura o rapaz me apoiou: - A senhora esta bem?
Maria Isabel: - Seu pai está na igreja agora?
Rapaz: - Sim! A senhora não quer vir comigo? Assim na igreja poderá melhorar.
Maria Isabel o acompanhou entrou na igreja e viu um Senhor sentado vestindo um casaco, ele se levantou: - Meu filho por que você demorou tanto?
Maria Isabel: - Marcos é você?
Ele a olhou com o mesmo olhar carinhoso: - Sim Maria Isabel! Sou eu depois de cinquenta anos. Os dois se abraçaram e choraram.
O rapaz: - Pai esta é a moça que o Senhor contou a história de quando eram jovens?
Marcos: - Meu filho  está é Maria Isabel. Maria Isabel este é meu filho Rafael
Rafael: - Eu vou para casa espero o Senhor lá mamãe deve ter feito o jantar!
Maria Isabel ouviu: - Você se casou! É feliz?
Marcos: - Sou, mas poderia ter sido muito mais. Não podemos voltar o relógio para trás.
Voltamos para São Paulo há muitos anos eu passava aqui e não via você, vi saindo de sua casa seus filhos um rapaz e uma linda moça.
Maria Isabel: - Marcos precisamos conversar não é por acaso este reencontro. Amanhã esteja na igreja. Por favor!
Na tarde seguinte Maria Isabel foi à igreja e logo chegou Marcos.
Marcos: - Maria Isabel como você está?
Maria Isabel: - Meu marido morreu há alguns anos estou vivendo dia a dia parece que os sonhos estão retornando. Por que você veio morar neste bairro Marcos?
Marcos: - Porque queria reviver um sonho que poderia se tornar real, e o tempo é curto quero rever o que vivi. Não somos mais jovens.
Maria Isabel: - Senti um frio ouvindo dizeres isso, preciso que você conheça alguém e ter teu perdão.
Marcos: - Perdão de que? A vida decidiu por nós nosso caminho!
Maria Isabel: - Eu sei, mas lembra do nosso encontro que foi uma despedida.
Marcos: - Lembro estavas grávida de Alberto do seu segundo filho.
Maria Isabel chorando: - Fui cruel, medrosa, só pensei no futuro que poderia ter, na segurança de nosso filho, tive medo de viver somente sonhos.
Marcos: - Estás dizendo que era nosso filho?
Maria Isabel: - Nossa filha, Ana ela tem seus olhos verdes! Perdão Marcos, devo te pedir perdão, tive medo , quando ia te contar ,viestes-me dizer que iria para o Rio de Janeiro, não tive confiança em ti.
Marcos: - Temos uma filha! Alberto sabia disso?
Maria Isabel: - Nunca soube ele a tratou como uma princesa, ela está em casa você aceita conhece- La?
Marcos enxugou as lágrimas: - Sim, eu sabia que precisava vir, mas se falares a verdade irá mudar a vida dela. Traga- a amanhã estarei esperando às três horas da tarde.
Maria Isabel: - Eu a trarei! Marcos você me perdoa?
Marcos: - Sim! O tempo passou agora temos que seguir em frente.
Era de manhã e Maria Isabel não dormiu direito, ansiosa pelo encontro á tarde.
Ana chegou almoçou com a mãe, percebeu que ela estava emocionada.
Ana: - Mãe o que está acontecendo com a Senhora? Por que esta ansiedade para ir à igreja?
Maria Isabel: - Olha minha filha estou feliz por sair contigo e a igreja depois da reforma está linda.
À tarde Maria Isabel foi à igreja com Ana estava muito emocionada. Entrando viu logo Marcos sentado. Ela procurou sentar mais perto dele. Marcos quando viu Ana ficou emocionado, mas não podia dizer quem era.
Marcos chegou perto das duas: - Por favor! Sou novo no bairro as senhoras sabem quando terá procissão?
Ana: Eu vou à sacristia ver para o Senhor.
Marcos ao lado de Maria Isabel: - Nossa filha é linda e educada.
Ana veio dizendo que seria sexta- feira: - Mamãe vamos também vir à procissão?
Maria Isabel: - Sim filha!
Na procissão Maria Isabel e Ana encontraram com Marcos ambos seguindo a procissão. Passaram ir às missas juntos.
Ana:- Mamãe que Senhor mais gentil! A senhora reparou ele tem olhos verdes como os meus?
Maria Isabel: - Sim filha, mas os seus são mais lindos que eu já vi.
Na semana seguinte Maria Isabel foi à missa e Marcos não estava ela viu Rafael.
Rafael: - Senhora Maria Isabel, temos que conversar não tenho boa noticia! Meu pai faleceu há três dias ele tinha câncer, estava muito doente, por isso pediu para a família vir morar aqui, ele me contou tudo, sei que tenho uma irmã mais velha Ana, eu e meu pai éramos amigos, sinto muito.
Maria Isabel ouviu o chão parecia que tinha se aberto, chorou muito não se conformava reencontrar Marcos depois de cinquenta anos e se separarem definitivamente.
Rafael: - Quero que a senhora saiba que meu pai sempre falou da senhora com carinho especial mais do que ele tinha com minha mãe, continuaremos nos ver nessa igreja.
Maria Isabel: - Em seus olhos eu vejo Marcos! Eu amava seu pai!
Rafael a levou em casa e durante o caminho começou a contar às brincadeiras que ele e o pai faziam. Ela agradeceu se veriam na igreja.
Passaram os dias Maria Isabel ficava na janela sonhando. Sua filha Ana perguntou do Senhor que não vinha mais a missa.
Maria Isabel: - Filha Deus o chamou!
Ana: - Que pena! Ele era tão gentil mamãe!!!!!
Maria Isabel sentiu uma dor forte no peito foi levada ao hospital pelos filhos. O médico dissera que ela tinha tido um infarto e não saberia dizer se escaparia. Ana ficava com ela todo o tempo.
 Maria Isabel acordou pediu para falar com Ana e falando baixinho disse:
- Filha antes de ouvir o que tenho para te dizer não esqueça que eu te amo!
Ana: - Mamãe não pode se emocionar!
Maria Isabel: - Não quero morrer com este segredo, minha filha há uma carta dentro de minha bolsa é para você filha perdão!
Ana: - Mamãe eu te amo! Seja o que for eu te perdoo!
Maria Isabel ouviu que ela estava perdoada, naquela noite ela partiu em busca de um amparo de Deus e o perdão de todos.
Após o enterro de Maria Isabel, Ana pegou a carta na bolsa e leu. Emocionou-se!
 Ana: - Meu Deus aquele senhor da igreja é meu pai! Refletiu sobre tudo, abriu a janela onde sua mãe sonhou e vira seu pai e todos os sonhos.
Ana: - Mamãe onde estiveres que tenha paz em teu coração, se eu merecer quero vê- La nesta janela sorrindo assim eu saberei que encontrou a paz.
No mundo de Luz onde o Amor de Deus emana sobre tudo e todos e onde deixamos para trás todas as vaidades que há debaixo do sol.
Maria Isabel acordara no hospital sentindo um perfume de lavanda havia um lindo jardim em volta do quarto que estava. Atendida pela enfermeira Olinda com um sorriso que transmite alegria e compaixão:
- Querida irmã! Acordou! Seja bem vinda temos muito tempo para sermos amigas.
Maria Isabel: - espere eu estava num hospital não desta maneira, é outro? Minha filha está cansada? Por favor, o que aconteceu não esconda nada de mim?
Olinda ouviu e sorriu: - Entendi queres a verdade porque se sente presa aos seus sentimentos.
Maria Isabel estás sim num lugar melhor, não na Terra, acima da terra eu chamaria de céu.
 Deixaste seu corpo que estava muito doente pelas emoções que não foram bem direcionadas causando transtorno a ti.
Maria Isabel: - Essas lindas palavras é para me dizer que não estou sonhando e na Terra eu morri. Entendo! Eu quero concertar tudo que fiz.
Olinda: - Acredito! És firme nas palavras, mas dê um tempo para ti. Tudo será arrumado por você, mas precisas ter mais força, agora descanse mais um pouco seus filhos estão bem. Sua filha leu a carta deixada por você.
Maria Isabel descansou mais um pouco. Levantou- se! Foi para ala externa e viram jardins lindos, pessoas lindas, ela sentia paz. Olinda veio falar com ela.
Olinda: - Maria Isabel como está?
Maria Isabel: - estou bem, quero que minha filha saiba que estou bem e arrumarei tudo. Como faço para ela saber que estou bem !
Olinda: - Me de sua mão segure firme, voltemos para seu lar terreno!
Maria Isabel sentiu-se flutuar estava em casa, viu móveis diferentes a casa reformada, mas a janela do mesmo jeito, mas pintada.
Maria Isabel perguntou: - Olinda quanto tempo faz que morri?
Olinda: - Dois anos! Ana está esperando algo de ti para tomar uma decisão.
No mesmo instante Ana entrou em casa sentiu um ar leve sentiu o perfume da mãe.
 Ana: - Mamãe! Sinto a senhora aqui! A vida é eterna!  Mamãe me dê um sinal!
Maria Isabel se dirigiu para a janela e a chamou: - Ana! Minha filha eu te amo! Ouça-me! Filha!
Ana olhou a janela e rapidamente viu o rosto de sua mãe sorrindo:
 - Minha mãe está bem! Agora farei o que me pediu na carta.
Maria Isabel: - Olinda ela me viu?
Olinda: - Sim! Vamos ver o que ela vai fazer agora?
Ana viu que era três horas da tarde saiu em direção à igreja, entrou e viu Rafael orando.
Ela sentou ao lado dele:
- Sei que vai achar estranho eu sei que você é meu irmão, quero te conhecer melhor, nossos pais gostariam disso e eu também. Levei dois anos esperando um sinal de minha mãe e hoje ela me deu o sinal, assim tudo ficará no lugar e o perdão se estenderá a todos.
Rafael: - Me assustaste, mas estou feliz, Ana minha irmã nossos pais se amaram como puderam...
Maria Isabel com Olinda na igreja vendo tudo.

Olinda: - Veja Maria Isabel uma ação de amor leva a outras ações!
Estavam todos na igreja a mãe dela Rosalina, o marido Alberto e Marcos.
Maria Isabel: - Agora nós chegaremos a um ponto comum! O Amor maior que esta em Deus e em nós seus filhos. E teremos o tempo para refazer tudo, assim é o amor! O todo! O tudo!...........                                                                                            


                                                              Luz para Luz.


                                                                                                                   


segunda-feira, 6 de abril de 2015

''ALGUÉM NOS ESPERA!''

Hoje é doze de dezembro de mil novecentos e vinte e nove.
Meu nome é Carmem Lucia, meu pai Adelino esta ao meu lado, estamos entrando na igreja, meu futuro marido, Almir está me esperando no altar.
Minha mãe Silvia que fez meu vestido de noiva, simples, mas, lindo.
È o vestido mais lindo do mundo, escolhi me casar com os cabelos soltos que é na altura dos ombros cortado em fio reto com franja.
Meu bouquet de noiva foi feito com flores do jardim da casa dos meus pais.
Sou filha única e meu pai tem uma quitanda.
 Eu e Almir tivemos um noivado longo, nove anos, hoje eu tenho vinte e oito anos e ele tem trinta e cinco. Éramos vizinhos.
Moramos numa cidade do interior do estado de são Paulo.
Minha tia Cintia fez o bolo do meu casamento, toda a família e amigos estavam na igreja.
Minha prima paterna Soraia, casada com um filhinho pequeno foi quem nos emprestou sua casa no litoral norte para passarmos a lua de mel, voltaríamos em uma semana.
Foi tudo muito simples e bonito. Meu marido Almir era professor e adorava crianças e queria ter muitos filhos.
Passado um ano de casados morávamos no mesmo bairro que minha prima Soraia.
Ela e o marido alugaram uma casa para nós e nos tornamos muito amigos.
Em 1931 eu estava esperando o nosso primeiro filho Pedro que nasceu em outubro.
Pedro era alegre e muito levado e éramos muito felizes. Meu marido além de lecionar num colégio só de meninos também trabalhava com contador em uma loja.
Eu cuidava da casa e de Pedro, eram tempos difíceis e para ajudar nas despesas da casa comecei a fazer balas de coco para vender.
Pedrinho ia comigo entregar as balas. Com o tempo comecei a fazer bolos e doces.


Soraia sempre ia a casa levando, às vezes, novas receitas para me ajudar, ela era a irmã que eu não tinha.
Meus pais não gostavam muito que Soraia me ajudasse. Eles achavam que ela muitas vezes esquecia-se da casa dela para estar mais na minha.
O aluguel tinha aumentado e eu pedi para mudarmos para uma casa mais perto dos meus pais.
Almir: - Carmem sua prima ficará sem você, o marido dela trabalha muito e ela fica sozinha com as crianças.
Carmem: - Eu fico sozinha também, e meus pais acham que devemos morar mais perto.
Almir: - Não é isso eles acham que a Soraia fica muito tempo aqui e quanto ao aumento do aluguel eu trabalharei um pouco mais.
Carmem: - quanto tempo mais que você irá trabalhar, só resta os domingos.
Com o passar dos dias meus pais conseguiram convencer Almir a alugar uma casinha de fundo no mesmo bairro que eles moravam e com o aluguel mais baixo.
Mas, mesmo assim Almir trabalhava muito.
Soraia diminuiu as visitas em casa agora que estava grávida da sua filha Marinalva.
Quando a filha dela nasceu eu engravidei e estava ansiosa para contar para meu marido quando ele chegasse a casa.
Quando ouvi o barulho do portão, eu já tinha preparado o jantar e Pedrinho estava dormindo.
Carmem: - Almir tenho uma grande e maravilhosa surpresa!
Almir: - Você pegou mais encomendas de doces?
Carmem: - Não! Você será pai novamente! Quem sabe não será uma menininha!

Para minha surpresa e susto Almir ficou nervoso.
Almir: - Por quê? Agora não podemos, não consigo parar para descansar. Você quer acabar comigo.  Chorei muito me senti desolada e desesperada. Resolvi fazer mais doces e vender e lavar roupas para fora. Com quatro meses de gravidez eu vivia no tanque de roupa e no fogão. Pedrinho era minha única alegria quando ele sorria meu mundo iluminava-se.
Soraia veio me visitar com os filhos, contei a ela a reação do Almir em relação à segunda gravidez.
Soraia: - Carmem os homens não são iguais às nós, meu marido também é assim, quando fico nervosa deixo meus filhos na minha mãe e saio, vou a igreja dar uma volta de bonde, agora ocupo meu tempo ajudando os doentes.
Carmem: - Soraia que lindo ser humano você é, eu me queixando para você enquanto você divide seu tempo com os doentes.
Eu achava a    menina Marinalva linda tinha cabelos castanhos lisos e lindos, olhos verdes. Eu a chamava de esmeralda.
Soraia: - Marinalva puxou pelas bisavós paternas, ela é minha pedra preciosa.
Depois de cinco meses estava lavando roupa quando senti as dores do parto, minha mãe que estava em casa comigo chamou a parteira.
E a tarde nasceu minha filha Bernadete.
Almir chegou à casa a noite entrou no quarto e olhou para o neném e perguntou:
- Você tem muito leite?
- Tenho você não precisa gastar com o leite para ela.
Abracei minha filha e chorei muito.
Com vinte dias do nascimento de Bernadete eu já estava no tanque de roupa. Minha mãe me ajudava com os doces.


Eu agradecia a Deus pelas muitas encomendas de doces e de roupas para lavar.
Conforme as crianças iam crescendo eu conseguia nos manter, não faltava nenhum tipo de alimento aos meus filhos.
Eu entregava as roupas em outro bairro mais longe de casa, enquanto minha mãe ficava com as crianças. Chegando a casa encontrei Soraia a minha espera.
Soraia: - Carmem você sabe o quanto minha mãe te amava, e desde o falecimento dela que eu não sei o que fazer com as crianças.
Prometi que iria continuar meus préstimos aos doentes mais não posso ir porque não tenho com quem deixar as crianças. Você não poderia ficar com elas na terça e na quinta feira à tarde? Meu marido trabalha muito e disse que pagará por essas horas, sei que faz tempo que não se veem.
Eu tinha admiração por Soraia pelo trabalho dela com os doentes, e mesmo minha mãe não aceitando eu concordei.
Toda terça e quinta- feira as crianças ficavam em casa, e no final da tarde vinha busca-las, minha mãe sempre ajudando a cuidar das crianças.
Eu achava que estava fazendo uma caridade para minha prima que tanto bem fazia para quem precisava.
Sempre entregava roupas às quartas e sextas feiras. A menina Marinalva não dava trabalho nenhum. Ela era muito carinhosa me olhava com os olhinhos verdes brilhando.
Já fazia um ano que as crianças ficavam todas às terças e quintas férias. Soraia sempre vinha busca-las ante que Almir chegasse a casa. Às vezes Pedrinho falava dos primos e eu dizia que eles vinham nos visitar.
Almir: - Tudo bem! Mas, a sua prima traz o lanche das crianças?
Carmem: - Almir você não era assim? O que há com você?
Almir: - É o cansaço!
Numa quarta feira levei Pedrinho comigo para entregar doces, eu havia adquirido uma encomenda extra de roupas, mas teria que entregar nas quintas-feiras em outro bairro.
Na semana seguinte com a sacola de roupas, peguei o bonde e de longe parecia ter visto Almir caminhando na rua, tive certeza que era meu marido.
Pensei como? Ele deveria estar no colégio lecionando!
Retornei para casa pensativa e contei para minha mãe e ela me aconselhou a esquecer. Ao dormir eu fitava Almir e minha cabeça não parava de pensar.
 No dia seguinte minha mãe pediu novamente para que eu esquecesse.

Silvia:- Minha filha os homens são assim misteriosos, não era o Almir, feche os olhos, desde que o mundo é mundo os homens dão seus passeios.
Soraia logo chegou com as crianças e como tinha feito balas a mais os deixei deliciando-se e logo sai. Fui ao mesmo local onde tinha visto o Almir, mas não o achei. Então resolvi ir até a casa da Soraia, sabia que ela estava no hospital.
Para minha surpresa uma vizinha veio ao meu encontro.
Carmem: - Por favor, a minha prima mora aqui a senhora sabe me dizer que horas ela chega?
A vizinha me relatou que há um ano Soraia tinha mudado porque o marido havia a abandonado.
Fiquei sem saber o que fazer. Votei para casa e Soaria já tinha levado as crianças 
Não consegui dormir, levantei-me e vasculhei os bolsos do paletó de Almir e achei uma chave que não era da nossa casa.
Na manhã seguinte a mesma rotina, terça feira a Soraia veio trazer as crianças e minha mãe as recebeu. Eu estava escondida na praça, quase defronte minha casa.
Vi Soraia sair, ela estava bem vestida, estava a pé, andamos por quase meia hora, eu a segui de longe.
Ela entrou em uma casa e eu pensei que era onde ela morava, achei que ela iria trocar de roupa para ir para o hospital.
Eu era completamente inocente, de qualquer forma, não esperava o que vi.
Continuei esperando por mais quarenta minutos e vi Almir e Soraia saindo juntos da casa e cada um indo para um lado.
Senti-me mal e desmaiei, fui acordada pelo farmacêutico.
- A senhora está bem?
Carmem: - Meu Deus já é noite!
 O farmacêutico e a esposa me levaram até em casa de carro.
Chegando a casa Almir abriu a porta.
Almir: - O que houve? Sua mãe está preocupada as crianças já jantaram!
Carmem: - Fui entregar doces e me senti mal na rua cheguei a desmaiar.
Almir: - Não vai me dizer que está grávida de novo?
Carmem: - Não! Almir.
Eu pensava: Meu Deus! Soraia e Almir eram amantes, queria reagir, mas, como?

Não conseguia olhar para o meu marido, pensei nas crianças, nos filhos da Soraia.

Resolvi conversar com ela era terça feira, quando ela chegar falarei com ela.
Já era hora do jantar e ninguém tinha aparecido, nem Soraia, nem meu marido havia chegado.
Dei o jantar para as crianças e as coloquei na cama para dormir.
Meus pais estavam preocupados e queriam ir até o hospital para ver se algo ruim tinha acontecido.
Carmem: - Pai não é necessário! Eu achava que eles haviam fugido.
Não conseguia dormir, pensava que não conhecemos as pessoas namorei por nove anos, e Almir sempre respeitoso, meus pais o admiravam, casamos na igreja diante de Deus e todos os parentes e amigos. Tinha orgulho de apresentar meu marido, um professor que trabalhava muito pela família.
Eu não aceitava o que estava acontecendo, mas não tinha coragem de tomar nenhuma atitude. Poderia dizer adeus a Soraia, mas, com meu marido eu iria conversar, achava que devia aceitar a traição, porque tinha filhos e eu seria a esposa largada pelo marido.
Logo que amanheceu eu me levantei da cama, ainda não era sete horas da manhã bateram na porta. Abri com cuidado achando que era o Almir estava pronta para perdoa-lo, afinal era o pai dos meus filhos.
Ao abrir a porta vi que era o Américo, esposo de Soraia.
Américo: - Posso entrar? Ele estava pálido com uma mala deixada do lado de fora da casa.
Américo: - Carmem estou indo embora! Fiz algo terrível, não sei se você irá me perdoar.
Carmem: - Américo o que houve?
Américo: - Hoje eu terei que ir embora, irei para o norte do país. Eu sabia que eles eram amantes, descobri quando Marinalva nasceu na minha família não tem ninguém com olhos verdes, mesmo assim eu a perdoei, mesmo ela negando a traição.
Só tive certeza quando sua tia Magda me disse que havia encontrado Soraia e Almir no bonde.  Ela me disse que se encontraram por acaso, que Soraia ia indo a sua casa para pegar as crianças e que ela tinha muito orgulho que a filha era benemérita.
Mas, eu sabia que Soraia nunca ajudou ninguém, nenhum doente.
Ela não me aceitava como marido depois que tivemos nosso único filho Josué Fabrício.
Américo:- Carmem, Marinalva é filha do Almir com Soraia.
Eu fiquei atordoada achei que fosse desmaiar, mas tinha que ouvir tudo por mais difícil que fosse.
Carmem: - Como você conseguiu aceitar? Diga-me como eu também preciso aceitar?
Américo: - Há um ano eu a abandonei nossa casa e Almir alugou uma casa para eles, ia visita-la toda terça e quinta feira!
Carmem: - Meu Deus! Pedro e Bernadete são irmãos de Marinalva. O que Faremos?
Américo; - Carmem eu não terei perdão! Depois de pedir a Soraia, varias vezes em nome das crianças que mudasse de atitude. Ontem à tarde eu os encontrei no quarto, na cama e atirei. Foram quatro tiros no Almir e um no peito de Soraia.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Américo: - Eu peço perdão, mas, era uma questão de honra!
Carmem: - Honra! Os dois eram pecadores, mas era pais, o que você dirá para seus filhos? Você estava com as mãos limpas de sangue, mas, agora como você olhará nos olhos dos seus filhos? Agora Josué é pequeno, mas logo será um homem o que ele sentira? E os meus filhos? E Marinalva?
Américo: - Não olharei nos olhos dos meus filhos, partirei, diga que fui um bom pai. Aqui nesta caixa está o dinheiro e uma carta para eles. Por favor, crie os meus filhos, agora são seus.
Carmem: - Meu Deus! Meu Deus!
Não conseguia parar de chorar, vieram todas as lembranças, estavam mortos. A atitude de cada um fizeram suas escolhas, achavam que estavam acima do bem e do mal.
Algumas pessoas agem assim pensam que nada acontecerá com eles, que são imortais e que nunca serão cobrados de nada, mas, a resposta vem sem volta muitas vezes.
Américo: - Carmem você será uma boa mãe, diga a eles que eu os amo e nunca conte a Marinalva a verdade.
Carmem: - Eu cuidarei deles como meus filhos, direi a eles que Soraia e Almir foram para o céu, depois pensarei no que direi.
Américo: - Adeus Carmem! Um dia te darei a mão quando você menos esperar!
Carmem: - Adeus Américo!
Sentia que não o veria nunca mais. Mais tarde veio a policia avisar que Almir estava morto com três tiros e Soraia com um tiro. Tive fazer uma fisionomia de surpresa.
A fama de Soraia de mulher separada e adultera fez com que ninguém fosse ao velório. No velório do meu marido muitos amigos e familiares estavam presentes.
Diziam pobre homem honrado e trabalhador fora vitima de uma emboscada.
Passei todo o velório sentada em minha casa, às crianças estavam na casa dos meus pais. Todos tinham entendido a realidade dos fatos, mas, Soraia levou toda a culpa e a má fama.
Lutei muito na vida, trabalhei muito, passaram-se dez anos. E um dia chegou uma carta de Américo dizendo que havia colocado no banco em meu nome uma quantia para me ajudar.  Neste momento estou com um revolver apontado em minha direção, não consigo conviver com o que eu fiz. Adeus! Seu eterno amigo.

Depois de ler a carta entendi que Pedro, Bernadete, Josué Fabrício e Marinalva eram meus quatro filhos. Nunca contei a verdade, disse que os pais haviam morrido num acidente. Depois que recebi a carta mudamos de São Paulo para o interior.
Passaram- se trinta anos! Pedro agora era um bom pai, ele e a esposa Vilma Maria eram feirantes. Bernadete estava casada, era uma boa mãe e boa esposa.
Para ela o pai era amoroso, sempre achei que Almir encontraria alguém que o marcaria para sempre. Ele era um professor que não sabia nada da vida.
Josué Fabrício lembrava-se muito pouco da mãe, era casado, um bom pai e se tornou um ótimo torneiro mecânico. Marinalva, minha esmeralda foi a ultima a se casar.
Casou-se com quarenta anos com um engenheiro. Conheceu um mundo de muito amor. Cuidou de mim até a minha morte.
Para Josué e Marinalva a mãe era linda e bondosa e o pai foi trabalhar no norte e morreu por lá.
No dia três de abril de mil novecentos e setenta e cinco em Campinas eu desencarnei. Não porque estava doente, mas, era chegada a hora.
Quando vivemos em paz não devemos ter medo de viver e muito menos de morrer.
Eu estava internada e sabia que era chegada minha hora, disse a Marinalva:
Carmem: - Milha filha acho que estou morrendo, estou me sentindo tão leve.
Marinalva: - Mamãe é porque você tem um coração leve, em paz!
- Eu te amo mamãe!
Eu ouvi as palavras eu te amo bem longe! Muito longe!Estava vendo flores, mas, não conseguia atravessar o véu, senti uma mão forte me levar até um portão grande repleto de flores.
Carmem: - Obrigado por ajudar esta velha aqui acho que estamos num lugar diferente.
Quando olhei melhor era Américo com um grande sorriso.
Américo: - Carmem obrigada por tudo! Nossos filhos estão bem, obrigado por ensina-los a orar por mim. Contarei-te tudo que me ocorreu.
Eu estava perplexa. – Américo se estamos aqui é porque morremos!
“Carmem e Américo sentaram-se num lindo jardim e ele começou a contar sua trajetória”.
- Eu fiz muita coisa errada, tirei a vida de duas pessoas, de minha esposa e seu marido, e por ultimo a minha vida pela dor que sentia pelo que fiz.
Achava que eu não merecia viver cheguei ao ultimo estagio de sentimentos negativos e confusos, depois que tirei minha própria vida.
Não queria abrir os olhos, passei um bom tempo assim, sem querer enxergar nada.
Quando decidi abrir os olhos devagar vi o lugar mais feio do mundo, sem vida. Escuro com muita lama, rochas cinzentas, pessoas gritando em desespero, outras jogavam pedras em todos pedindo para deixa-los em paz.
Depois de algum tempo ouvi a voz de um homem pedindo socorro e logo apareceu alguém com uma luz muito clara ajuda-lo e eu perguntei:
- Que lugar é este? Ouvi-o dizer:
- Você está nas profundezas do seu desespero, seus sentimentos estão confusos, há muita dor que te consome, clame pelo Senhor Deus, clame ao Senhor Salvador Jesus Cristo, arrependa-se dos teus feitos. Peça perdão ao Pai!
Comecei a pensar que eu era o mal ladrão que estava ao lado de Jesus.
A maioria de nós é assim, fazemos coisas erradas, mentimos matamos aos outros e a nos mesmos na covardia de não querer assumir nossos próprios erros.
Covardia em não olhar para nós mesmos, de ouvir e entender que erramos, ou achamos que somos os senhores da vida então podemos tirar minha própria vida que não mereço mais viver. Então apago a luz e saio de cena?
Meus pensamentos eram confusos, sabia que tinha tirado a vida de duas pessoas. Comecei a andar, minhas aflições vagavam no tempo.
Até que vi jogada na lama, ela, minha esposa Soraia, aquela que me traira.
Cheguei mais perto achando quem ela me reconheceria.
Soraia: - Ei moço! Tira-me daqui! Ele vai vir e me matar, sinto dor de parto, tirei meus dois bebes. Moço me leve ao hospital.
Américo: - Meu Deus! Ela não me reconheceu, está gritando de dor como se estivesse com dor de parto, é o remorso que está a fazendo gritar. Quanto tempo será que faz que estamos aqui?
Voltei onde estava Soraia, ela gritava de dor.
Soraia: - Moço!Moço! Tem alguma coisa errada, meus bebes não nasceram. Fiquei compadecido e disse a ela.
Américo: - Soraia te peço perdão! Alguém! Deus nos ajude!
Vi de longe uma pessoa de roupa clara, chamei-o para ajuda-la, me ajoelhei, eles a levaram.
- Você está começando a entender! Disse o homem de roupa clara.
Eu não aceitei ir com ele, não me achava digno, o tempo parecia não passar e eu ouvia orações!
- Papai eu te abençoo!Era a voz dos meus filhos orando por mim, chorei muito, arrependimento dilacerava meu coração.
Estava vagando naquele lugar escuro sem fim, parecia o sertão sem luz, com a dor no meu coração até ver o Almir, o reconheci, ele se arrastava na lama de sentimentos. Tive vontade de chuta-lo, mas, um homem sem rosto me empurrou dizendo:
- Não faça o mesmo que eu fiz, chutei a mim mesmo, se você chuta-lo estará chutando a si mesmo, perdoe!
Olhei em direção da voz que não era estranha, era meu pai Alaor Mendonça.
Ele tinha abandonado minha mãe, eu e minha irmã. Não perdoava meu pai, tinha ódio dele pelo abandono. Ele olhou para mim e eu disse a ele.
- Eu conheço você dos meus sonhos ou pesadelos?
- Vamos ajuda-lo, eu o ouço chorar, disse referindo-se ao Almir.
Eu neguei, e ele me ajudou a olhar para o Almir como um coitado, na verdade o ódio que eu sentia vinha do meu pai por ter nos abandonado. Aquele homem que eu reencontrei no inferno de nós mesmos.
Fiquei confuso, que armadilha era aquela? Será que Deus me colocaria bem de frente com a minha própria realidade? Escondemos-nos dentro de nós mesmos como tartarugas que quando temem colocam a cabeça dentro do casco.
Cheguei perto do Almir, ele não me reconheceu, de longe vi os socorristas, chamei por eles. O que importava era a minha decisão de ajuda-lo.
O socorrista sorriu e perguntou:
- Não queres ir conosco?
Américo: - quero, mas, me ajudem com meu pai!
Segurei a mão do meu pai com firmeza, agora eu podia ouvi-lo com clareza.
O socorrista e o Almir sumiram. Eu entendi que eu tinha que atravessar aquele lugar até chegar lá em cima, eu o levava segurando firme sua mão. E ele dizia.
Alaor: - Quem é você para me ajudar?
Américo: - Não importa! Agora vamos em frente. A subida de nós mesmos é difícil, é como escalar o monte Everest.
No final da caminhada aquele homem que tinha medo de tudo, que era eu, tinha conseguido subir com meu pai. Vi meu pai olhando para mim e dizendo:
Alaor: - Américo meu filho me perdoe!
Américo: - Pai porque o senhor nos abandonou? Perguntei com o coração cheio de lagrimas.
Alaor: - Por que fui fraco, perdi meu emprego, bebi muito fui parar na sarjeta. Tinha uma foto de vocês, era meu consolo, um dia cheguei perto de casa, sua irmãzinha me viu e não me reconheceu correu para dentro chamando a sua mãe dizendo que tinha um bêbado na porta. Resolvi sumir! Eu tive pena, ódio de mim mesmo, depois o ódio transformou-se em lamento, em dor.
Américo: - Pai vamos para casa, os socorristas estão aqui.
Eles nos ajudaram, chegamos ao hospital, tivemos tratamento com base na caridade e no amor. Meu pai entendeu e pediu para renascer numa nova vida. Ele será meu pai nesta nova etapa. Meu coração agora via tudo diferente, queria aprender tudo com amor que é à base da vida ’’
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Américo: - esperei você chegar todo este tempo para te agradecer, agora eu estou partindo para uma nova aprendizagem, uma nova chance.

Carmem:- Estou chegando e você partindo?
Américo: - Eu te poupei de um trabalho imenso, pedi para reencarnar e Soraia e Almir serão meus filhos na Terra assim terás paz.
Carmem: - Graças a Deus! Pensei que você iria me dizer que Soraia seria sua esposa novamente.
Américo: - Tenho que ir, pegarei o trem das emoções, aprenderei a viver enquanto Almir e Soaria não chegarem, é uma troca de sentimentos. Carmem você ensinou meus filhos a orarem por mim foi o que me salvou, obrigado.
Carmem: - Está tudo bem nossos filhos são felizes eles não tem rancor de você ou de Soraia. Encontraremos-nos, eu te esperarei amigo! Até breve!
Américo: - Enfermeiros esta é minha amiga e irmã Carmem Lucia, você estará em boas mãos. Seja feliz.
Carmem: - Veja, são meus pais! Estão vindo ao portão para me receber, que lugar lindo! Eu já estava me sentindo feliz. Alguém sempre nos espera quando nosso coração está pronto.]






                                                    Ditado pelo espírito de João Harsan
                                                    Psicografado pelo médium Esaú Davi.