domingo, 5 de agosto de 2012

DA MINHA JUVENTUDE PARA A ETERNIDADE


Meu nome é Luiza, nasci em no dia 03 de maio de 1970 numa cidade do interior do estado de São Paulo.
Sou uma adolescente feliz, acho mesmo que já posso governar minha vida, sou inteligente e conheço o mundo lá fora.
Minha família é bonita, meu pai trabalha muito e minha mãe Arlete é uma ótima cozinheira, faz doce e compotas deliciosas e tem vários dons.
Resolvi escrever para que todos saibam que a eternidade não dói, mas, a teimosia dos jovens pode causar muita dor para aqueles que amamos.
Tenho irmãos e o mais novo é lindo, esperto e inteligente chama-se Lucas.
Meus pais trabalham, eu estudo, mas, quero uma vida melhor, quero conhecer as capitais do mundo inteiro.
Em 1984 eu conheci o Douglas, um jovem sonhador, três anos mais velho que eu, me enamorei por ele.
E ele também queria ir embora do interior e viver grandes aventuras.
Eu penso como sair da minha cidade e deixar minha família.
Um dia minha mãe estava costurando e veio à vizinha e contou que havia me visto conversando com Douglas.
Minha mãe me deu uma bronca, dizendo que ele era um rapaz agressivo e violento e me fez prometer que não ia mais falar com ele. Que ela sentiu um aperto no peito quando viu o rapaz.
E que em troca da minha promessa ela não contaria nada para o meu pai.
Eu prometi mesmo sem a intenção de cumprir. Ela cumpriu a promessa e ninguém da família ficou sabendo.
Vou para o colégio e ao invés de entrar para aula eu saio com Douglas, vamos passear, ele me promete o mundo e eu gosto de ouvir e até acredito em tudo que ele me diz.
Às vezes, à tarde, vou ao mercado perto de casa para minha mãe, mas, para me encontrar com Douglas comecei ir num mercado mais longe.
Sempre levo comigo meu irmãozinho Lucas e dou doces para ele assim ele não contará para minha mãe que eu me encontrei com Douglas.
Sempre me encontro com meu namorado e na maioria das vezes com meu irmãozinho Lucas, ele é uma criança e não falará nada para minha mãe.
Quando chego em casa minha mãe pergunta onde eu estive e eu minto dizendo que fui levar Lucas para passear.
Vejo a luta diária de minha mãe, meu pai da muitas dores de cabeça para ela. Vejo a tristeza nos olhos dela, mas ela sempre está alegre e eu sempre mentindo.
Tenho uma família grande tios, tias, primos e avós alguns já me viram no centro da cidade com Douglas.
E quando me perguntaram quem era eu disse que era um colega e tínhamos ido fazer um trabalho de escola.
Minha mãe é equilibrada ela é o esteio da família e confia em mim. Eu cheguei a mentir dizendo que não via mais o Douglas.
Numa tarde eu demorei a encontra-lo havia familiares de São Paulo em casa e eu não pude sair.
Bateram no portão e eu fui atender era uma colega que vinha trazer um recado de Douglas perguntando se eu havia esquecido do nosso encontro.
Eu disse que não podia ir porque estávamos com visitas.
No dia seguinte à tarde eu encontrei-me com Douglas que estava totalmente descontrolado.
Eu me assustei com a atitude dele.
Douglas: - Luiza você acha que eu sou palhaço?
Luiza:- Não! estávamos com visitas em casa e eu não pude sair, minha mãe precisava de mim.
Fiquei apavorada, ele estava estúpido, não acreditou no que eu disse e disse que se ele soubesse que eu estava traindo-o ele me mataria.
Não acreditei, achei romântico, para mim Douglas me amava. Quando cheguei a casa minha mãe perguntou-me porque eu estava tão tensa.
Luiza:- Nada mamãe! É que eu fui visitar uma amiga que estava doente. A Aparecida.
Combinei com a Aparecida para que dissesse que fui vê-la.
Minha mãe encontrou-se com ela e perguntou e ela confirmou minha mentira.
Nós jovens, inconsequentes, achamos que podemos enganar os nossos pais mentindo. Isso nos faz sentir que somos superiores a autoridades dos pais.
Achamos que nunca seremos descobertos e que tudo ficará bem e que nunca o pior baterá em nossas portas porque sabemos mentir.
Confesso que menti varias vezes para meu contento e de Douglas e arrastava comigo meu irmãozinho Lucas.
Minha casa sempre tinha problemas que iam sendo resolvidos como podíamos.
Minha mãe sentia-se angustiada, no café da manha ela contava os pesadelos que tinha.
Arlete:- Eu tive um pesadelo horrível, que da nossa casa ouvimos um barulho estrondoso e caia sobre nós uma tonelada e terra e eu não conseguia segurar as mãos dos meus filhos.
Mamãe contou o sonho para minha tia Alice e ela a acalmou. Mamãe sentia que a morte a levaria.
Eu via minha mãe orar varias vezes na cozinha, costurando...
Um domingo ela me abraçou e disse:
Arlete:- Filha você está bem? Você está escondendo algo de mim?
Luiza:- Não mamãe!
Eu fiquei triste comigo mesmo, menti novamente, mas, quem ia saber?
Na verdade eu tinha pena da minha mãe, ela era lutadora e meu pai sempre dando dor de cabeça com a bebida. Ela era maltratada desde verbalmente até fisicamente. Quando ouvíamos as brigas sabíamos que meu pai havia bebido.
Minha mãe não queria que sofrêssemos e eu queria ter alguém que me amasse e ser feliz. Se me casasse seria diferente. Meu pai com o tempo teve o caminho que ele mesmo escolheu.
Passou o tempo meu lar sempre com as mesmas dificuldades, mas, eu não ligava, muitas vezes, para as tristezas eu sonhava.
Num dos encontros com Douglas ele pediu-me uma prova do meu amor por ele.
Eu entendi e disse que não! Ele tinha que esperar.
Ele ficou nervoso me sacudiu e disse que me mataria se eu tivesse outro.
Fiquei assustada e decidi terminar tudo entre nós.
Luiza:- Douglas vá viver sua vida e eu vou viver a minha, está tudo acabado entre nós, minha mãe tem razão.
Levei minha vida normalmente, mas pensava em quanta mentira tinha dito para minha mãe.
Os dias foram passando e um dia eu e meu irmãozinho saímos, mas, em questão de dez minutos estaríamos de volta.
Estávamos a algumas quadras de casa quando Douglas apareceu subitamente na minha frente me dando um grande susto e rindo de mim.
Luiza:- Douglas me deixe em paz!
Douglas:- Vou te deixar para sempre!
Senti algo no meu corpo, queria correr, mas, não conseguia, queria gritar, mas, não podia.
Meu corpo caiu no chão, meu irmãozinho gritou com os olhos assustados. Senti-me ferida, coração disparado, metade de mim queria ficar no chão e a outra sentia leve.
Senti-me mais leve que o ar, sai correndo até em casa entrei pela porta e disse:
Luiza:- Mamãe algo aconteceu, mas estou aqui! Meu Deus me esqueci do Lucas!
Olhei para minha mãe e a vi gritando, os vizinhos a abraçando, toda a família junta.
Eu ouvia o choro de todos e me perguntava por quê?
Para mim todos haviam descoberto minhas mentiras e estavam me ignorando.
Vi minha família num velório, mas, de quem? Será do meu irmãzinho?
Não ele está ali! Acho que fui longe demais ninguém quer falar comigo.
Chegarei perto do caixão para ver quem esta la.
Estou mesmo esquisita está moça parece comigo!
Luiza:- Meu Deus! Sou eu! Não! Não!
Mamãe! Pai! Lucas! Ouça-me eu estou viva.
Passei minha mão pela minha roupa e vi minha mão suja de sangue.
Cai no choro, senti tonturas, fui amparada por um senhor com roupa clara.
Luiza:- O senhor é medico? Estou machucada e tenho um pesadelo, eles acham que eu morri.
O senhor:- Vamos cuidaremos de você!
Quando acordei eu estava num quarto claro tinha uma janela perto da minha cama dava para ouvir os passarinhos cantando e o senhor estava sentado numa cadeira.
O senhor:- Querida como está se sentindo?
Luiza:- Estou zonza! Sonhei que eu estava andando apoiada no senhor, olhava para três e via um velório, um enterro. Eu estou viva ! ah! Ah!  O que houve comigo?
Qual é o nome do senhor, minha mãe vai lhe agradecer por me ajudar, tudo isso é loucura!
O senhor:- Meu nome é Francisco.
Luiza:_ O senhor é medico?
Sr. Francisco:- Não! Eu procuro ajudar a quem precisa e principalmente uma mocinha linda!
Luiza:- Mas, o senhor quem é? Por favor, chame minha mãe?
Sr Francisco:- Sou um amigo e sua mãe está descansando.
Luiza:- Ela tem uma luta em casa, mas, aqui é um hospital e logo irei embora.
Sr Francisco:- Sim aqui é um hospital onde todos recebem cuidados como eu recebi.
Luiza:- O senhor está internado aqui há muito tempo? O que houve?
Sr Francisco:- Querida menina eu já estive aqui recebendo cuidados há uns cinquenta anos, acho que é isso mesmo, agora eu ajudo a quem precisa.
Luiza:- Mas, o que aconteceu com o senhor?
Sr. Francisco:- Eu sofri um acidente de trator, ele queria ser mais rápido que eu porque era natal.
Luiza:- Meu Deus ainda bem que o senhor ficou bom!
Sr. Francisco:- Minha menina você está me fazendo rir. Agora procure descansar.
Eu fiquei quieta na minha cama, comecei a pensar no senhor Francisco, há mais ou menos cinquenta anos que ele sofreu um acidente de trator e está tão bom,
Então eu também ficarei boa. Dormi e sonhei com minha mãe chorando desesperada com muita tristeza dizendo:
Arlete:- Luiza minha filha!
Acordei rápido, sentia um peso no peito, levantei e fui até a porta e vi uma linda senhora com um perfume suave de flores me dizendo:
- Querida meu nome é Fátima, sou auxiliadora aqui e vim vê-la.
Luiza:- Por favor! Eu já estou recuperada, sonhei com minha mãe e ela não sabe que estou aqui poderiam avisa-la?
Fátima:- Querida sua mãe está tendo parentes e amigos para ajuda-la e ela sabe que alguma forma você está aqui. Quando for a hora nós te levaremos para vê-la.
Luiza:- Eu não aceito!
Ela me levou para o jardim amavelmente e veio o Sr. Francisco sorrindo.
Sr. Francisco:- Como você está Luiza?
Luiza:- Eu estou bem, mas, quero que minha mãe venha aqui me ver.
Sr. Francisco:- Querida ela não pode vir aqui por enquanto, você precisa ter calma.
Voltei para minha cama, deram-me um suco e eu dormi novamente.
Novamente ouvi minha mãe em prantos. Sonhei com Lucas ele me parecia aéreo.
Lucas:- Maninha porque ele te matou?
Dei um pulo da cama e corri para o jardim vi o Senhor Francisco sentado ao lado da Sra. Fátima.
Luiza:- Eu morri? Não mintam! Não mintam!
Sra. Fátima:- Querida seu corpo foi muito ferido, você teve hemorragia, seu corpo não aguentou, você não está num hospital terreno, aqui é um hospital espiritual!
Luiza:- Eu morri...? Mas, eu sou jovem! Não eu não morri vocês estão mentindo.
Minha mãe veio na minha mente, corri com toda a força de querer vê-la e dizer que eu estou viva!
Não sei como entrei pela sala da minha casa e senti um aperto no peito, minha família estava triste, meu irmãozinho estava mudado, estava isolado do mundo.
Entrei em desespero, jogava bibelôs no chão, chutava as pessoas que via, beliscava, na tentativa de me fazer notar, até que meu irmão me sentiu.
Lucas:- Mamãe a Luiza está aqui!
E eu gritava desesperada.
Luiza:- Eu estou viva! Diga que estou viva!
Arlete:- Filho sua irmã morreu nas mãos daquele filho do cão, mas, ele vai pagar!
Eu ouvi tudo e senti a dor de minha mãe e de toda a família! Cai no chão e chorei! Ouvia meu irmãozinho dizer:
Lucas:- Mamãe a Luiza está chorando!
Eu estava ao lado do meu irmãozinho.
Sr. Francisco:- Venha comigo, assim a sua dor aumentará a dor de todos.
Luiza:- Eu sou responsável! Eu menti! Minha mãe está sofrendo, meu irmãozinho parece doente.
Sr. Francisco:- Vamos! Eu prometo que você virá vê-los, mas, quando melhorar.
Retornei ao hospital triste, tive uma recaída, segundo a Sra. Fátima, cheguei a ter um tipo de delírio.
Descrevia o que me ocorrera. Os auxiliadores passaram muito tempo orando, me energizando com as mãos, a luzes Divinas que todos nós precisamos.
Acordava e pedia para ir ver minha casa e me entristecia, pedia socorro na terra para alguém dizer que eu estava viva de uma forma mais verdadeira.
Como eu disse antes, nós, quando somos crianças mentimos para nossos pais. Quando derrubamos um vaso e culpamos o irmão mais novo, depois quando adolescentes mentimos para nos divertir e quando achamos que somos donos de nós mesmos queremos ser gigantes no mundo, mas, esquecemos que o mundo é mais velho que nós.
E esquecemos que Aquele que tudo criou tudo vê.
Há cientistas que tem a tese que Deus é uma energia, ou que antes do big bem existir havia o nada e então não havia ninguém, ou seja, nenhum Criador.
Em Coríntios I capitulo 13, descreve a magnitude de Deus e não há nenhuma tese cientifica que permanecerá diante do Senhor Deus.
Eu menti achando que poderia esconder minhas atitudes, ter um mundo para mim.
Ou podem me dizer que meu lar estava sempre em desequilíbrio por ter um pai alcoólatra.
Mas a mentira é o desequilíbrio que nos leva a ruína, mesmo que seja a mentira branda que é dita para amenizar uma situação.
Aprendi com minha dor que a verdade deve prevalecer sempre. Meu irmãozinho ficou doente por ver meu assassinato, sou responsável por isto.
Depois de algum tempo eu voltei para ver meus familiares. Douglas foi preso, já houve o julgamento, mas, a lei do meu país o fez ser livre por bom comportamento.
E minha mãe teve de vê-lo na frente dela, se passando por um bom rapaz.
Ela em sua dor de mãe, meu irmão na dor de ser pequeno e não poder me defender e eu na minha dor de culpa por não ouvir os conselhos.
Oro por todos que sofrem, mas, aprendi que sofremos porque não entendemos Deus. Ele não quer nosso sofrimento, mas, nós achamos que sabemos mais da vida que o Senhor.
Escrevo esta minha verdade para ajudar os jovens que acham que são gigantes e a todos que buscam o sentido da vida.
Hoje não estou mais no hospital Esperança, moro com o Sr. Francisco e mais dois parentes na Cidade das Orquídeas.
Aqui é lindo há cachoeiras, rio azul esverdeado, jardins lindíssimos as casa são agrupadas por cores, casas branca, azuis, esverdeadas e rosas. Não estamos mortos, estamos vivos no mundo de Deus Pai, há bibliotecas, musicas maravilhosas, escolas e muito mais.
Eu estou aprendendo com muito carinho a socorrer os recém-chegados e também auxiliando na terra meu irmãozinho Lucas.
Ouvimos muito sobre o perdão, o perdão é Divino.
Quando perdoamos colocamos dentro de nós o balsamo da paz, mas, para isso temos que nos preparar porque tem que vir do coração.
O coração é o órgão que Deus nos deu para termos boas ações e luz, mas, para isso temos que abrir as portas e as janelas do coração e o Senhor entrará em nossas vidas.
Não foi só o Douglas que errou, eu o deixei pensar que tinha poder sobre mim.  Não entendia que quem tem poder sobre nós é quem nos criou.
Então eu o perdoo de todo o meu coração que pertence ao Senhor Deus e nosso Salvador Jesus Cristo. E estarei aqui para recebê-lo quando ele chegar porque precisará de ajuda.
Aprendi que a caridade é a nossa virtude mais simples e sincera e deve ser simples como a brisa. Quando fazemos o bem a alguém, seja até mesmo um bom dia ou uma visita no hospital ou o melhor que pudermos saber o mundo não deve saber e então Deus saberá que é verdadeiro.
O melhor da vida é não fazermos Deus chorar por nós.
Quando estiver em duvida sobre qualquer ação pense:
- O que farei para que Nosso Pai e Nosso Senhor Jesus não chore por mim. Tenha certeza que assim fará o melhor.
Toda dor é curada quando aceitamos ajuda. E Senhor Deus conversa com todos seus filhos, envia mensageiros naturais como um pássaro, uma borboleta. Ele se faz presente na mensagem que necessita.
Estou feliz em poder estar te ajudando. Na terra eu era feliz, hoje eu entendo mais a vida e posso dizer que sou mais feliz.
O amor é para todos porque Deus os ama.
Até um dia! Amigo ou amiga!
..............................................FIM......................................
Ditado pelo espírito de João Harsan.
Psicografado pelo médium Esaú Davi.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    









domingo, 17 de junho de 2012

UM HOMEM SEM FÉ !


Meu nome é Maria Tereza, minha família mora no Brasil desde 1930. Meus bisavós paterno e materno vieram de Portugal no mesmo navio.
Meus avós paternos construíram sua vida na cidade de São Paulo e meus avós maternos no Rio de Janeiro. Ambas as famílias mantiveram contato surgindo assim uma grande amizade que teve inicio a bordo do navio.
Meus avós sempre foram muito religiosos, tementes a Deus. Com o laço de amizade surgiu, depois de anos o amor entre meus pais. Minha mãe muito religiosa, sempre com o nome de Deus em sua vida, mas, meu pai se dizia ateu, para o desespero de minha mãe.
Quando ele a pediu em casamento deixou claro que só casaria no cartório e ela recusou o pedido.
Todos da família trabalhavam muito, a familia do meu pai em padaria e a família de minha mãe num mercado. E com anos de trabalham conseguiram prosperar e construir uma rede de padarias.
Durante muito tempo meu pai insistiu com minha mãe para casarem só no civil, mas vendo que ela não aceitava ele resolveu casar-se na igreja com receio de perdê-la.
Casaram-se em São Paulo no dia 10 de janeiro de 1955 e minha mãe tinha a esperança que meu passaria a acreditar em Deus.
Sou a filha mais velha e tenho mais três irmãos: Maria Isabel, João Manoel e Pedro Antonio. Trabalhávamos muito, meu pai ia trabalhar às quatro horas da manhã e minha mãe ia para padaria depois que íamos para o colégio. A vida era prospera e aos domingos íamos à igreja, exceto meu pai.
Num sábado à noite ouvi meu pai dizer para minha mãe:
- Não vou à igreja, não sei o que fazem lá, se Deus existisse o mundo não seria assim, se eu não trabalhar nada cai do céu.
- Meu marido se trabalhamos é porque Deus nos abençoa todos os dias, alguém superior a você e a mim nos criou.
- O mundo existe por um acidente, eu e todos somos um acidente, não existe nada além da morte, viramos esqueletos e pó com o tempo, então me deixe trabalhar para te um caixão digno.
Minha mãe chorava muito, orava e pedia perdão, diversas vezes pensou em deixa-lo, mas, amava-o e desistia dessa ideia. Eu e minha irmã estudamos somente o primeiro grau e fomos trabalhar na padaria, mas, papai ainda não nos deixava ir à igreja no domingo.
Aos dezenove anos me casei com Armando que trabalhava na farmácia com o pai dele e continuou os estudos depois de casado.
Casamos-nos no dia 23 de junho de 1976, na igreja e no civil, foi uma festa linda, toda família do Rio e de São Paulo estava presentes, mas, meu pai não olhava para o altar.
Os pais dele estavam entristecidos e diziam que ele sempre fora assim.
Com um ano de casada engravidei do meu filho Armando Junior, no batizado meu pai só compareceu no almoço. Nos natais em família ele só comia e bebia e só falava de trabalho e minha mãe sempre aconselhando, tentando fazê mudar de atitude.
Até que em maio de 1978, numa das conversas com minha mãe ele rasgou as duas bíblias da casa e as incendiou. Minha mãe teve um derrame e ficou internada por vinte dias, achamos que ela ia morrer. Nos, os filhos estávamos desesperados e meu pai irredutível.
Neste dia sai do hospital e fui falar com meu pai na padaria, fomos até o escritório.
- Pai, se a mamãe morrer é por sua culpa, o senhor está perdido, respeite as pessoas.
- Maria Tereza me respeite, sou seu pai!
- Como respeitarei se não respeitou minha mãe e a fé dela?
- Você esta falando de Deus, por culpa Dele sua mãe está no hospital.
- Não pai! Olhe-se no espelho, foi o senhor que a levou para o hospital. Deus lhe deu tudo e um dia eu o verei clamar por Ele.
- Isso nunca acontecerá, eu só acredito no trabalho.
- Pai tenho pena do senhor. Há um vazio em sua alma que tenta preencher com trabalho.
O que aconteceu para o senhor pensar e viver assim?
- Se Deus existisse não haveria doenças, maldades e guerras. Onde está o paraíso prometido por Ele?
- As maldades são frutos das ações dos homens e o paraíso está dentro de nós, por mais difícil que seja uma situação sempre há esperança. O senhor que é desprovido de esperança.
Fui embora com o coração apertado. Minha mãe teve alta e foi para minha casa até recuperar-se totalmente, meu pai ia vê-la todos os dias.
Depois de dois meses minha irmã casou-se com Luiz Felipe e novamente houve discussão entre ele e minha mãe. Em 1980 eu tive minha filha Maria Augusta e minha irmã teve Maria Cristina para alegria da família.
Meus irmãos estudavam e trabalhávamos com papai, nós as mulheres não podíamos estudar porque papai achava que as mulheres devem trabalhar com os pais e casar-se.
João Manoel formou-se advogado e casou-se no mesmo ano com Gloria sua amiga de faculdade. No casamento da igreja foi mais fácil para papai, mas, Pedro Antonio conversou muito com papai para convencê a ficar no altar.
Pedro Antonio foi o único da família que seguiu a profissão de papai e agora tínhamos quatro padarias. Ele namorava Carina, uma moça meiga e doce e começou a frequentar mais nossa casa. Ela e a família acreditava que a vida continua depois da morte e orientava meu irmão. Mas quando meu ouviu esta conversa em casa ele explodiu.
-Vocês querem que eu acredite nestas besteiras? Não quero mais ouvir este assunto aqui em casa.
-Pai Deus existe! Ele está dentro de mim e de você, põe a mão no coração e escute o som do seu coração, é o som da vida, o som de Deus. O corpo humano é perfeito. A natureza é bela, olhas seus netos como são lindos. Deus está dentro de nós, Ele é a vida. Eu acredito que a morte é só a passagem para outro tempo, para o mundo de Deus. Disse Pedro Antonio.
-Me diz se você conhece alguém que voltou do mundo dos mortos?
- Conheço sim pai!
- Quem? O vizinho que morreu há seis meses?perguntou meu pai ironicamente.
- Não pai, conheço Nosso Senhor Jesus Cristo que foi enviado por Deus. Ele foi crucificado, morto e ressuscitou e no terceiro dia subiu aos céus para o reino de Deus. Ele é o milagre do amor, Deus Pai e Filho, desceu a mansão dos mortos e ressuscitou para que homens como o senhor não pudessem falar e julgar a existência de Deus, a existência de Jesus Cristo. Paizinho creia que Ele vai tirar essa escuridão da sua alma.
- Escuridão? Só se eu não pagar a conta da luz meu filho.
- Pai pessoas como você diz e insiste em negar Deus, porque temem e sabem que temos Alguém Divino superior a nós. Deus é Amor, mas, se Ele achar melhor dará um basta nas maldades humanas. E eu te pergunto:
- Porque que crianças morrem cedo seria injusto? É que essas crianças já aprenderam a lição de Deus ou trouxeram uma mensagem para aqueles que necessitam.
- Pare! Pare! Isso é tudo bobagem! Retrucou meu pai com aspereza.
- Paizinho, nos te amamos e Deus sabe que o senhor é um homem honrado, mas peço ao Senhor Pai que eu seja um instrumento Dele em sua vida.
Ficamos apavorados e minha mãe exclamou:
- Meu marido olha o que seu filho esta dizendo!
Ele se retirou da sala e foi descansar, estávamos cansados e minha mãe com pressentimentos ruins.
Depois de quinze dias, meus tios, numa viagem de carro, a caminho de São Paulo sofreram um acidente. Meus tios ficaram feridos e meus avos paternos que estavam
carro morreram na hora. Fomos ao enterro, todos muito abalados meu pai não demonstrava nenhuma emoção. Minha mãe dizia que ainda sentia um mau pressentimento, demos-lhe chá calmante para ela, por fim acalmou-se.
A vida voltou ao normal, meu irmão Pedro animou-se e pintou as padarias e nos fizemos uma faxina geral. Ele tinha planos, já se aproximava o dia do seu casamento com Carina. A padaria que ele cuidava mudou-se para uma grande avenida. A caminhonete com as mercadorias chegou e parou do outro lado da avenida e Pedro foi ajudar descarregar. Quando um caminhão o atropelou, ele foi jogado longe, meu pai vinha chegando na hora e assistiu o acidente. Todos correram e quando meu pai chegou onde estava Pedro, percebemos que ele não respirava, papai colocou a mão em seu peito então não sentiu osbatimentos cardíacos. Desesperou-se ajoelhou no chão e começou a gritar:
-Não! Não! Deus! Deus! Se existes não deixe meu filho morrer! É um pai Te pedindo! Deus! Deus! Ouça-me.
Na grande avenida meu pai ajoelhado com as mãos na cabeça, desesperado pedindo socorro a Deus.
- Deus me leve, tenha piedade do meu filho.
Minha mãe ficou parada na porta da padaria, chorando, sem ter forças para andar. Ela disse apenas:
- Senhor que seja feita a Sua vontade! Mas, dava pena vê-la em suas lagrimas.
A ambulância chegou e Pedro foi levado ao hospital praticamente morto. Os médicos pediam calma para a família, mas, o estado dele era muito grave. Depois de quarenta e oito horas meu irmão continuava em coma e sabíamos que ele tinha fraturado a coluna, se sobrevivesse ficaria paraplégico.
Após setenta e duas horas os médicos disseram que ele estava fora de perigo de morte. Todo esse tempo meu pai dizia alguma coisa baixinho, não entendíamos o que era.
Três meses depois meu irmão já estava no quarto, mas não mexia as pernas e Carina o tempo todo ao seu lado. Depois de seis meses ele teve alta e foi para casa numa cadeira de rodas, no dia que seria seu casamento. Mesmo em tratamento e sem poder andar ele não perdia a alegria em viver.  Passado dois meses meu pai chegou a casa e chamou todos e pediu que fizéssemos um jantar especial e durante o jantar meu pai levantou-se e perguntou ao meu irmão e Carina se queria casar-se. E os dois surpresos aceitaram.
- Eu fui à igreja e marquei o casamento de vocês para daqui dois meses, agora vocês marquem o civil.
Todos nós ficamos espantados e minha mãe abraçou meu pai. E Maria Izabel aproveitou e perguntou a papai;
-Papai o que você dizia baixinho no dia que Pedro estava no hospital?
- Eu dizia: Deus! Tende piedade do meu filho! E Ele teve Maria Izabel.
Nós o abraçamos era o começo de uma nova etapa da vida para todos. Pedro e Carina casaram-se e meu pai estava no altar, serio, mas sem cara feia. Eles deram para meu pai um presente, uma bíblia nova, dizendo:
- Papai não é para rasgar!
Depois de três anos eles adotaram João Vitor, moreninho, cabelinho encaracolado, com um ano de idade. Ele conquistou o coração de todos, principalmente do meu pai, ele o levava ao parquinho e tudo que fazia era para o menino. Às vezes minha mãe chamava-lhe a atenção porque tinha  outros netos.
Um dia cheguei da padaria e meu pai veio me contar que tivera um sonho com João Vitor adulto com roupas antigas e tirava-lhe de um lugar escuro onde ele ouvia gritos apavorantes. E João Vitor lhe dizia:
-Não ouça os gritos, ouça o som da vida, o som do coração!
- Foi isto que Pedro me disse algum tempo atrás! Disse meu pai.
- Papai será que o senhor e João Vitor já se conheciam?
-Como? Ele tem apenas dois anos?
- Papai estou falando de outro tempo? Em outra vida? Disse Pedro.
- Eu não entendo nada sobre isso! João Vitor me faz feliz, amo todos os meus netos, mas ele é especial.
Depois de uma semana veio meu pai relatar outro sonho:
- Maria Tereza eu sonhei que estava me afogando e um homem me salvou e eu agradeci e perguntei o nome dele. E ele respondeu!
-Meu nome é Francisco, não se esqueça do meu nome e de mim.
Quando João Vitor completou quatro anos, Pedro e Carina adotaram outro menino de três anos, moreninho com poucos cabelos e chorava muito.
Quando a família chegou com o menino, estávamos todos a espera.
- Aqui está nosso filhinho Francisco.
- Filhinho não chore você está bem e todos estavam esperando por você Francisco.
Disse meu pai pegando o menino no colo. Francisco parou de chorar e abriu um lindo sorriso.
No aniversário de quatro anos de Francisco, meu irmão João Manoel e sua esposa resolveram adotar uma criança.
Dois dias depois do aniversário, meu pai tivera outro sonho:
- Eu sonhei que tinha uma carroça com muitos pães e passei de fronte uma casinha e ouvi choro, desci da carroça e fui até lá, era uma mãe com sua filhinha no colo e as duas choravam de fome. Fui até a carroça e peguei os pães e dei-lhes para que comessem e parasse de chorar.
Quando olhei para trás havias muitas pessoas com as mãos estendidas pedindo pão.
Dei-lhes tudo que havia na carroça. Disse meu pai emocionado.
Minha ouviu e leu para meu pai a passagem que Jesus multiplicou os pães, e disse que ela achava que isto significava caridade.
Pedro e Carina concordaram e achavam que a mãe talvez seja a “fé” e a menina “a esperança”.
-Elas me disseram seus nomes, a mãe chamava-se Ana e a filha Sofia. Disse papai.
- Papai, Sofia quer dizer sabedoria divina, e Ana é o nome da mãe de Maria, Mãe de Jesus.
- Acho que algum modo Deus está enviando mensagens ao senhor, Ele está mostrando a fé, esperança e caridade. Disse gentilmente Carina.
-Preciso pensar disse papai.
- Marido, somos padeiros!  E o que tinha na carroça eram pães, é o que fazemos.
- Talvez mamãe, disse Pedro, seja para doarmos um pouco sabemos fazer, pães, há entidades que precisam de socorro, vamos pai ainda a tempo de ajudar.
-Aqui perto há um hospital que precisa de ajuda e eu irei até la ver se podemos ajudar.
No mesmo dia mamãe voltou contente, doaria cem pães todos os dias.
Cada padaria nossa fazia o mesmo e cadastramos famílias que mais precisavam e todas as manhãs recebiam pão quentinho. Todos nós começamos a fazer esse trabalho e depois de um ano tínhamos uma lista considerável de famílias cadastradas.
Depois de um ano, meus irmãos Maria Isabel e João Manoel distribuía sopa à noite para aqueles que nos estendiam as mãos. E até hoje fazemos isso.
Seis meses depois João Manoel e Gloria receberam o telefonema que havia duas irmãzinhas órfãs, a mais velha de seis anos e mais nova de dois anos. Oramos muito e meu pai falava baixinho.
Quinze dias depois, conseguiram a adoção e foram correndo busca-las. Recebemos as meninas com muita ansiedade, segurando a mão de João estava Ana a menina mais velha e no colo de Gloria, Sofia a menor.
Meu pai chorou, abraçou as meninas com carinho. Todos ficaram emocionados, entendemos que Deus estava enviando anjos para salvar meu pai, a família e a você, meu irmão que está lendo.
Meu pai estava sereno, mais calmo, parecia aliviado.
E após dois anos ele teve um enfarto enquanto dormia e morreu já com certa idade. Meu pai passou por fases humanas da descrença, desconfiança, lagrimas e da dor, do amor e da caridade.
Todos no bairro estavam no funeral, na missa a igreja ficou lotada, porque todos por mais que sejam humanos imperfeitos ou quase perfeitos necessitam de orações.
Depois de dois meses da partida dele, João Vitor disse sonhou com o vovô e que ele estava brincando com muitas crianças.
Em fevereiro de 1997 eu parti com câncer no pulmão, não sabia que estava doente, quando descobri não havia mais nada a ser feito. No dia que parti via meu pai sorrindo, achei que era um sonho. Acordei com uma linda jovem ao meu lado sorrindo e  entendi o que tinha acontecido e perguntei a ela:
- E o que será agora?
- Minha querida agora é o sempre, você continuará a viver sem doença.
- E meu pai? Ele está aqui?
- Levante-se com calma, respire o ar puro de Deus, vamos caminhar.
De longe vi um senhor conversando com um grupo de pessoas, cheguei mais perto e vi meu pai.
- Pai? Ele veio até mim e eu o apalpei e perguntei?
- É você papai?
- Sim filha, você demorou! Aqui estou aprendendo como uma criança, começando aprender a escrever. Também participo de aulas, aprendi a orar como Jesus nos ensinou, com a Luz do coração e agradecer com as palavras.
Como temos que agradecer por mais difícil que seja a dor que estamos passando. Há irmãos com dores piores que as nossas. Por mais que o ser humano não entenda a vida verdadeira, devemos nos unir e orar para fazermos da Terra um planeta de paz e amor.
Alguém pode dizer que estamos nos fins dos tempos, mas, estamos começando a viver e entender que Deus é amor, Ele não nos mata! Ele nos faz renascer todos os dias, porque o amor divino é para sempre.
Sempre a tempo de mudar, olhar para o céu, admirar o sol, as estrelas, a natureza e a vida. Você existe porque Deus te ama, mesmo que não entenda a vida plena.
O caminho e as obras de Deus são misteriosos!
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