quinta-feira, 19 de junho de 2014

'' OS OLHOS DO CORAÇÃO''


R
io de janeiro, Brasil, 2 de março de 1962. Acordei num berço bem aquecido, sentia que eu era amado, sons percebidos pelos meus pequenos ouvidos, sabia que era dos meus pais, principalmente de minha mãe devido ao som do coração quando ela me amamentava. Meu nome é Robson Duarte.
Alegrava-me no colo dos meus pais. Passado alguns meses sentia tristeza em minha mãe Tereza. Conseguia perceber o som da voz de ternura, mas não tendo a mesma alegria.
Eu estava com dois anos de idade, o toque das minhas mãos no rosto de minha mãe era inconfundível, sentia amor, sua voz transmitia uma ternura que me sentia seguro. Eu tenho uma irmã mais velha do que eu dois anos, Isabela, ouvia a risada dela pela casa, não podia acompanhá-la nas brincadeiras. Com cinco anos ela estava numa escolinha só para brincar. Eu não ia para escola ficava em casa, achava que todos eram iguais a mim. Mamãe está grávida me colocou sentado do lado dela e minha cabeça deitada na barriga dela “mamãe estou ouvindo é meu irmãozinho?”.
-Sim Robson. É seu irmãozinho.
-Mamãe brincarei com ele, ele também irá para escolinha?
-Talvez! Ele ainda precisa nascer.
-Nascer! Mas já faz tanto barulho!
Depois de cinco meses nasceu meu irmão Renato. Sentíamos a casa feliz eu apalpava meu irmão era pequeno muito frágil.
Meu pai levava sempre ao médico não entendo pra que, até esta tarde.
-Dr. Martins: Robson você é um menino bonito, está com boa saúde fará acompanhamento com professoras especiais para você poder viver normalmente e começar aprendizado com Braile.
-Dr°Martins: o que está dizendo? O que é isso? Por quê?
Meu pai José Ricardo me abraçou, seu coração batia forte:
-Robson você sabe meu filho que te amo muito, o Doutor está dizendo que você aprenderá os sentidos para ver a vida com as mãos e sentidos em sua volta.
-Não entendo!
- Dr°Martins: Robson você nasceu com um problema nos olhos, precisamente na córnea, não deixando você ver o que está em sua volta.

-Então eu fecho ou abro os olhos e esta escuridão eu tenho e papai, mamãe todos não são assim? Eu sei que meus irmãos são bonitos, mamãe é perfeita tem um lindo coração. Papai o coração dele bate forte tem pressa de viver.
-Dr°Martins: Robson você enxerga de um modo mais perfeito, eu diria com os sentidos, você poderá ter uma vida normal.
Eu ouvi um som:
-Papai você está bem? Chega perto de mim.
 Minhas mãos no rosto dele senti água com gosto de sal, sabia que era lágrimas. Choramos como neném é a primeira comunicação fala ao sair do corpo uterino.
-Papai não chore, sou perfeito.
Ele me abraçou
-Meu filho queria não ter dinheiro, mas você é igual a todos.
-Papai eu sou igual, entendo o som do coração. Aprenderei tudo.
Voltamos para casa. Morávamos numa linda casa, grande. Desde pequeno eu adorava o jardim, sentir o perfume das flores, a grama macia, o calor do sol. Eu já tinha oito anos. Ouvia a televisão não entendia porque tanta guerra, sempre pensei a humanidade que somente enxerga faz briga guerras, porque veem e não entendem o que veem? Então sou feliz não farei guerra com ninguém, aprenderei os sentidos da vida.
Íamos sempre à igreja católica, a missa, ouvia sobre Deus. Sempre falavam na Luz Divina, eu era muito criança, mas iria entender. Eu tinha esperança. A Esperança dele habita dentro de nós para acordarmos para um novo dia, assim eu sentiria com o toque das minhas mãos a vida.

Meus avós maternos maravilhosos, minha avó Silvia sempre brincando, canta o dia todo. Meu avô Rodolfo aposentado arrumava o jardim e me leva junto para aprender e ajudá-lo a aguar as plantas.
Eu estava numa escola especializada, aprender a me expressar em Braile. Achei engraçado até divertido. Eu tinha sorte tinha uma família que me protegia. Minha irmã Isabela sentada no terraço eu ao lado ouvi um som como se estivesse puxando cordas.

-Isabela você está puxando cordas ou o que?
-Robson estou escovando meus cabelos
-Posso escovar assim seus cabelos não sofrem
-Está bem! A escova está aqui na sua mão, sentada no chão.
- Robson escovando os cabelos de Isabela, disse mamãe.
-Mamãe os cabelos dela gritavam pedindo socorro
-Realmente agora está linda Isabela, você achou um protetor para seus cachos.
Daquele dia sempre escovava os cabelos de Isabela. Quando cresci ela fazia minha barba. Neste dia uma tensão em todos. Isabela com o aparelho de gilete na mão encheu meu rosto de espuma e os meus cabelos também, até ela achar meu rosto precisou do auxílio do meu avô.
-Vovô socorro, Isabela quer arrancar o nariz de um ceguinho, neste caso eu.
Vivíamos alegres e mais ainda quando ganhei um cachorro César ele é um dálmata. Isabela tinha descrito o físico de
César, mas o sentia como uma criança alegre, um grande amigo. César dormia comigo. Isabela o ensinou a pegar meus chinelos, eu o ensinei a pegar levemente algo delicioso na cozinha era um segredo. Passeava com César no quarteirão junto com meu avô
Eu já tinha quinze anos, meu irmão mais novo estava internado com pneumonia não estava bem. Mamãe e papai no hospital, todos orando. Ao dormir fui orar, buscava em mim Deus, minha avó falava que eu veria quando Deus visse em mim um bom filho. Eu orava toda noite para eu ser bom filho, às vezes ficava triste queria ver como todos, mas por quê? Não via o que fiz pra vida? Eu naquela noite orei com fervor para meu irmãozinho, senti alguém entrar no meu quarto sentar na cadeira para me ouvir. Eu ouvi: “Robson ele ficará bom!” Minha irmã entrou no quarto e não era ela que estava lá, mas alguém ouviu.
Isabela com dezessete anos foi para faculdade de medicina todos estavam orgulhosos. Ela me disse:” “Robson terminando os estudos faça uma faculdade”
Assustei-me! Mas eu precisava continuar, precisava viver. Minha casa era agitada. Entrei para outra escola de música

flauta, deixei todos de casa quase surdos, mas conseguia, depois de dois anos se apresentamos para mais de 300 pessoas numa orquestra, eu estava tão nervoso, mas a vantagem de ser cego é que você não vê as caras feias, mas sente as vibrações dos sons, os sentidos da vida. Antes de terminar a tocar tinha certeza que fomos muito bem. Agora era as ondas dos aplausos
As crianças vinham falar comigo pedir orientação, sempre era convidado a participar de festas. Eu não podia ver ninguém chorar me incomodava. Fui conversar com papai e mamãe: “quero ser psicólogo!” eles: “Porque não?”.
Comecei a me preparar, quem deixava passar nas provas?
E passei, no dia da matricula, meu avô foi comigo fazer a matricula, iria ter algo especial, mas iria enfrentar.
No meu primeiro dia de aula na faculdade um colega:
-Robson você é cego não vê nada como você vai ajudar alguém sem ver o rosto?
Respondi:

-Eu não posso ver, mas posso sentir o coração, o timbre da voz da alma, posso dizer a todos que quando a escuridão nos apodera só a um caminho: reconquistar a luz. Quero ser um psicólogo só quem passa esta experiência pode entender o interior de cada um.
Consegui me formar, me tornei um psicólogo, eu achava que o difícil era eu ter pacientes, assim eu pensava. Minha irmã Isabel se tornou dentista logo abriu um consultório,meu irmão mais novo não sabia o que queria arrumar uma namorada que ajudava  os pais trabalhando na feira,ele como apaixonado  achou bom trabalhar na feira.
Isabela alugou a sala ao lado para outro especialista, fui visita-la, achei grande: Isabela esta sala é bem confortável, bem espaçosa, aluguei a sala, será meu consultório, só que quero plantar aqui dentro e no terraço flores.

Ela achou ótimo!Abri o consultório, aprendi logo a perceber o espaço tudo que nele continha faltava paciente. Todo dia tomava lanche na lanchonete ao lado.
Ouvi um gemido! 
- Senhorita esta ouvindo um choro baixinho? Você me da licença para adentrar na lanchonete?
Alô?Quem chora?Vindo ao quartinho de dispensa. Alguém ai?
Moça: - Eu não abri a porta pra ninguém! Tenho uma faca, quero morrer com meu filho.
A garçonete Fernanda:
-  É a Kátia ela está grávida de pouco tempo o marido dela sumiu.
Eu: -  Kátia sua voz é muito doce, mesmo com lágrimas. Não vou te forçar a abrir a porta sei que tens bom coração ,que estas tristes.Eu também fico assim. Olha estou sentado na porta tenho o tempo inteiro pra te ouvir. Você tem uma criança nos braços?
-Não ele ainda está na minha barriga, meu namorado me deixou é melhor morrermos.

-Kátia você já está trabalhando tenho certeza que tudo dará certo, você está com medo. Eu também tenho, todos tem medo quando o dia amanhece temos medo de sermos fracos, mas não somos. Você teve a coragem de se mostrar e chamar a atenção de todos. Você quer que todos ouçam a sua dor. Eu entendo, seu namorado é um covarde ele não sabe o quanto você é forte e este lindo bebe que carrega também sabe disso.
-O que você sabe da vida?
-Kátia eu sei que todo dia dentro da escuridão que vivo preciso transportar uma luzinha que não conheço como é para dentro da minha escuridão. Dar um passo, confiar que não vou cair ouvir o som de tudo e mudar o meu Eu.
-Você é cego?
-Sou! Desde que nasci! Converso bem, precisa crescer e confiar em mim e em você. Você pode vencer o mundo, este bebê precisa de você, tire-o da escuridão.
Kátia abriu a porta emocionada, abraçou Robson, não fizera o aborto, depois de certo tempo ganhou um menino Miguel.
Depois de dias apareceu dois clientes
Uma mãe que seu filho descobrira que era adotado e não aceitava a vida, sem saber quem era os pais. A mãe adotiva chama-se Lizandra, o menino Marcos, com doze anos.
 O marido de Lizandra virou um detetive descobrindo que a mãe biológica era usuária de crack, havia morrido, conseguiu descobrir onde ela estava enterrada. Passada as sessões Lizandra demonstrava mais confiança em mim, me pediu para junto levá-lo ao cemitério onde estava enterrada a mãe biológica do menino. Ninguém falava nada até que Marcos virou para o Robson:

-Eu também serei dependente de crack?
-Creio que não, uma porque você está vendo onde param pessoas que usam crack, desaparecem como pó deixando dores, lágrimas. Outra não é porque nasci cego que um dia se eu tiver um filho ele também será. Marcos, ela escolheu o que quis e você não.
Ele abraçou Lizandra e disse:
-Você é minha mãe!
Fiquei contente, um cliente após o outro. Um senhor de quarenta anos não tinha espelho dentro de casa porque se achava horrível, feio não queria ter namorada. Quando ele percebeu que eu era cego ficou contente porque não viria o rosto dele. Eu sentei, ele deixou apalpá-lo o rosto dele.
-Você tem um nariz que quer respirar todo o ar que existir isto é bom, levará mais oxigênio  ao cérebro e com isto terá mais inteligência, mais rapidez para tomar atitudes, seus cabelos em desalinho significa que tem pressa em viver sempre no horário, sua boca pequena gosta de falar pouco, suas orelhas maiores são para ouvir, refletir bem tudo antes de tomar decisão, não fala coisas vãs. Rosto, maxilar             forte gosta de sorrir com bom motivo.
-Meu Deus!  Você não é psicólogo, sou assim mesmo, me acho horrível tenho a pele oleosa, com espinhas.
-Isso não é problema é que você guarda muitos ressentimentos, sua pele expõe seus medos para fora como poderíamos viver com tudo dentro de nós se o corpo não falasse. Só precisa de cuidados com a pele mas, para isso precisa de um espelho, olhe tenho um sabonete lave o rosto aqui eu não to vendo mesmo.
-Robson posso te pedir algo?
-Claro

-Você me dá este espelho?
-Claro! Mas você volta!
Passado o tempo meu consultório havia clientes, eu achava que eu tinha problemas por ser cego, mas via que eles que veem não se enxergam e muitos menos a vida e o tempo.
Recebi um telefonema de uma cliente dizendo que a irmã tinha tentado um suicídio estava hospitalizada se eu poderia ir até lá. Chegando ao hospital bati sem querer numa moça, o meu paletó caiu, abaixei para pega-lo, acabei pegando a perna da moça. Levei uma tapa no rosto, não tive chance de me desculpar. Fui até o quarto, à moça estava contida no leito conversei com os familiares. O pai da cliente Eduardo:
-Ela deixou dezenas de bilhetes: “Hoje é meu último dia”, ela colocou duas caixas de calmante dentro de um refrigerante, cortou um pulso e a perna. A irmã chegou a tempo.
Perguntei se sabiam o porquê desta tentativa
-Não é tentativa, ela queria se matar por causa do ex-noivo que desmanchou o noivado, disse o pai.
-Não, ela pediu socorro para alguém salvá-la, ela está pedindo socorro.
Passado dois dias, Kátia acordou quando me viu e perguntou:
-Você também está internado, operará as vistas? Robson?
-Não Kátia é de nascença sou um psicólogo e seu caso é curável você não nasceu com esta dor.
Ela me ouviu ficou pensativa, um bom tempo calada.
-Robson como você anda? Disse Kátia
-Eu ando com as minhas pernas e não com os meus olhos
-Ela riu e disse: “quero dizer sem ajuda”
-Tenho uma bengala! Por que você avisou com bilhetes é para ser salva pela dor que sente?
-Você é cego, mas não é burro, eu queria que avisassem meu ex-noivo e ele viesse correndo pra mim.
-Você está o vendo aqui?
-Não
-Quem você vê aqui no hospital?
-Meus pais, irmãos, amigos e você um psicólogo cego.
-Adiantou? Transferiste esta dor para todos e agora?
-Serei conhecida como suicida covarde?
-Não! será conhecida como a Kátia que acordou depois de uma tempestade e viu quantos a abraçaram para viver até eu estou aqui para ajuda-la.
-Você já pensou em se matar?
-Eu? Você está brincando? Meus familiares lutaram para eu ser o que sou hoje e outra meu consultório é ao lado do consultório da minha irmã, que é dentista, e também tenho curiosidade como não entendem a vida se podem enxergar.
-Poxa! Eu mereço ouvir isso!
-Até amanhã no meu consultório
-Até amanhã, sairei hoje!
Cada vez mais pacientes, alguns com estigmatismo, miopia, catarata e tudo mais. Acho que todos esses problemas são para todos sentirem e verem a vida de uma forma mais simples.
Este tempo que vivo aprendi a não ser materialista, a vida é feita de sentidos que ainda preciso descobrir.
Minha irmã entra no consultório abatida:
-Robson mamãe ligou, vovô morreu em casa, ele teve um enfarto não deu tempo de salvá-lo.
Fomos para casa, todos tristes com lembranças

maravilhosas, me lembrava do meu avô me dizer que iria enxergar. Passado um mês a vida voltou ao normal.
 No meu consultório já tinha uma secretária, ela sabia que eu gostava de cappuccino. Estava tomando sem pressa, ouvi a porta abrir, sentar ao meu lado.
-Ivone por que você está em silêncio? Disse Robson
Senti uma mão máscula em cima da minha. Com a outra mão fui apalpando o rosto, meu coração disparado.
-Vovô é o senhor?
-Robson meu neto não tenha medo!
As lágrimas rolavam pelo meu rosto sem controle
-Vovô poderei enxergar?
-Você já enxerga com o coração!
Senti ele se levantar e abrir a porta vislumbrei uma pequena luz e logo de volta escuridão. Chorei como uma criança
 Meu avô falava tanto em Deus!
-Meu neto confie em Deus! Ele sabe qual remédio que nossa alma precisa
A secretária me ouviu chorar, chamou minha irmã.
-Robson, faz pouco tempo é sua emoção.
-Não! Eu passei a mão no rosto dele era nosso avô! A vida é plena, a escuridão é aqui! É a cegueira da alma. Deus não nos quer assim, nós é que somos mudos, surdos e cegos para os céus.
Passei viver a vida com mais alegria, tendo certeza que há luz! Eu ia às missas, mas sabia que a luz deve vir no nosso interior. Dentro de nós há amor, luz, temos vergonha de demonstrar.
Minha irmã Isabela casou. Uma linda festa, meu pai a conduziu no altar. Neste dia estava muito feliz, mas tive que tomar inúmeros analgésicos, estava com muita dor de cabeça.
Na festa minha irmã me apresenta uma amiga, pela voz não me era estranha. Mas de onde? Não pensei duas vezes:
-Você é minha paciente?
-Você acha que sou maluca agora? Antes finge que joga o paletó e agarrar minhas pernas?
-Olha! Está havendo um mal entendido meu paletó caiu e eu só queria pegá-lo e sou um psicólogo.
-Psicólogo fajuto que não conhece seus pacientes.
-Denise meu irmão é cego desde que nasceu não foi por querer que segurou suas pernas. Disse Isabela.
Denise virou rápido dando uma cabeçada no Robson
-Me perdoe como me desculparei.
-Por favor, me traga um copo d’água preciso tomar um remédio, estou com dor de cabeça.
 Denise trouxe a água!
-Sabe que pra você que é um cego é bem bonito;
-Denise eu já lhe desculpei.
Acabou a festa fomos para as nossas casas, de madrugada quando parou de doer minha cabeça, comecei a rir da desastrada Denise.
Depois de uma semana no consultório, um novo cliente Cláudio tinha um problema sério.
-Dr. Eu trabalho, tenho uma vida pobre, uma casinha pequena, mas eu queria dar uma casa tão grande que precisa de um carro para achar alguém.
-E o que você faz na vida?
-Sou motorista e tenho um bico, não é digno, mas vou parar.
-E por que você está aqui?
-Dr. eu preciso parar com este bico, vai me levar à ruína, mas penso no tamanho da grande casa para minha família, bem Dr. agora preciso para por aqui, tenho um bico agora até a semana que vem.
No consultório entrando com calma:
-Olá tem alguém aí? Pergunta Denise.
-Serve eu? Responde Robson
-Eu vim lhe pedir desculpas e fazer um convite: quer ir ao cinema comigo, eu vou relando o filme! Por favor!
-Denise não tem noção! To cansado!
-Sinto que esta noite será linda, eu pago!
-Tá bom! Vamos, mas que filme?
-O que tiver nós veremos
Saindo do cinema fomos tomar lanche. Denise falante e Robson calmo. Saíram para ir ao estacionamento Denise
abre a porta do motorista e uma voz: “Isto é um assalto!” Denise tremendo, Robson: “calma, entregamos o carro”.
-Desculpe foi engano, disse o ladrão.
-Robson o ladrão correu quando ouviu sua voz, você é o meu herói.
 - Contou  para todos os conhecidos.
Robson percebeu que voz do ladrão era conhecida.
Denise não deixava Robson em paz, comprava livros, lia pra ele, fazia jantar, levava almoço no consultório.
Passado uns dias o cliente Cláudio apareceu.
-Boa tarde Dr.Robson
Robson havia reconhecido, era ele o assaltante do dia do cinema.
-Cláudio você quer uma casa grande e por isso corre risco com seu erro.
-Sim doutor.
Robson colocou uma venda escura na vista do Cláudio - Agora Cláudio me ache sem tirar a venda. 
 Cláudio tropeçou, caiu, derrubou tudo da sala até desistir.
-Doutor, para que eu quero mais espaço para minha ilusão, eu poderia ir morar num quadrado. Obrigado doutor nunca esquecerei.
Uma tarde no consultório Robson teve uma forte dor de cabeça, chegando a dispensar clientes. Estava meio atordoado, ouvi novamente:- Robson!
Senti uma mão na sua vista orar junto! Senhor Jesus abençoe este filho! Abençoai senhor!
EU segurei as mãos de relance, era meu avô. Despertei com minha irmã Isabela me perguntando se estava tudo bem. Robson respondeu que sim.
Combinaram de todos jantar num restaurante a família toda reunida e nisto levanta-se  Denise e fala;
-Eu sou tímida quero me casar com Robson, não aceito não como resposta.
Todos entreolham-se surpresos.
-Acho que não tenho nenhuma alternativa! Eu aceito!
Todos aplaudiram! Denise e Robson ficaram noivos no susto.
Denise quando você quer se casar? Pergunta Robson
Assim que meus pais chegarem de Minas daqui a três meses.
Robson levou um susto!
O casamento marcado, ele pensava como é vida de casado?
-Pai o que faço?
-Relaxe deixe tudo acontecer!
No dia do casamento Robson pediu para a irmã descrever as flores, a igreja, tudo. Ele escolheu as músicas, na entrada “Jesus a alegria dos homens” e durante a cerimônia “Ave Maria”.
Quando Denise entrou, Isabela a descreveu. Robson foi levado pelas músicas e a emoção. Veio à festa,  Denise dançando uma valsa com seu marido Robson. Os noivos foram para lua de mel numa fazenda hotel.
Robson quando acordou, pensou: “Sou um homem casado”! Ele foi levado pelo perfume das flores do jardim. Denise se levantou quando viu Robson sem roupas no jardim, ela correu levando seu roupão. Foram dias lindos, Robson experimentou cavalgar
junto com um cavaleiro, tomou banho de cachoeira. Estava feliz. Ao deitar-se Denise ainda estava no banho e Robson sentado no jardim teve uma forte dor de cabeça, olhou para o alto:
-Deus está doendo muito!
Assustou-se porque viu um reflexo era a lua por segundos, ele só falou para Denise na hora de dormir. Passado a lua de mel a vida voltou a rotina. A Ivone passou a ser secretária de Isabela e Denise minha secretária. Cada vez mais clientes, muito trabalho sem ter muito tempo para lazer. Denise foi ao médico e Robson ficou no consultório. Retornou novamente a forte dor de cabeça levando o Robson ao chão.
Robson acorda no hospital com toda a família, precisava ficar alguns dias no hospital para exames complementares. Quando Denise o abraçou ele sentiu seu coração disparado
-Querida não se preocupe não é nada.
Depois de uma semana o médico se reuniu com a família, mas não diziam nada para Robson sobre o seu estado de saúde e todos transmitiram alegria.
Denise dormindo na cadeira, Robson acordado sentiu alguém chegar perto da cama. Robson segurou a mão:
-Vovô eu sei que é você, o que está acontecendo comigo?
Robson abre os olhos vê o vulto de seu avô, chora muito e vê  seu avô sorrindo.
-Meu neto estaremos logo juntos, não tenha medo, você deixara uma semente.
Logo desapareceu, chorei muito acordando Denise.
-Querido estou aqui, ficará tudo bem.
-Eu sei quem somos nós para reclamar. Denise eu vi meu avô, ele disse que estaremos logo juntos e deixarei uma semente. Denise chorou muito!
-Querido acredito em você! Eu estou grávida, teremos um filho! Mas você ficará bom.
-Espero poder senti-lo!
-Não fale assim
-Quero falar com o médico agora.
Denise foi chamar o médico.
-Robson vejo o melhor, sua fisionomia está ótima; disse o Dr. Victor
-Dr. o que tenho o que causa essas fortes dores de cabeça? Eu quero a verdade.
-Robson até hoje é um grande milagre de você está vivo. Você tem um tumor no cérebro inoperável, por isso você nasceu com problemas visuais chegando a perder a visão por completo. E agora está comprimindo seu cérebro podendo ocorrer uma hemorragia.
-Dr. quanto tempo tenho de vida, Denise está grávida quero ouvir o som do meu filho, pegá-lo no colo.
-Você ficará internado por um tempo não se desespere
-Doutor não me desespero porque sei que não estou só. Existe Amor em tudo se chama Deus. Confio em Deus que conhecerei meu filho. E posso consultar meus pacientes aqui.
-Não Robson você é o paciente precisa descansar.
Tinha visita todos os dias, depois de quinze dias minha avó Silvia falecera, não pude ir ao enterro. Orei muito por ela
Pela manhã alguém me cobriu me beijou, ouvi claramente a voz doce: “- meu neto Robson”- sabia que era minha avó.
Minha mãe veio me ver, trouxe bolo de chocolate, penteou meus cabelos, fez minha barba. Peguei a mão dela estava tremula, ela apresentava uma voz sorridente.
-Mamãe não tenha medo, tudo dará certo. Vovó está bem, ela me cobriu, ouvi a voz doce me chamando.
-Meu filho como você tem tanta certeza do que me fala
-Mamãe sou cego, não vejo as ilusões humanas, vejo com meus sentidos. O sentido é a vida. Esta escuridão que vivo é a ilusão da Terra, é como a humanidade vivesse sem luz. Imagine se a luz do sol se apagasse em todo o planeta, as ilusões materialistas estariam às escuras, a humanidade teria que aprender a viver um com o outro ou se matariam. Mas,não precisa ninguém se matar o que deve iluminar tudo é a Luz da Alma. Deus é eterno, quando Ele nos fez foi para que vivêssemos  eternamente mas, nos tornarmos mimados  demais porque em tudo a humanidade reflete a rebeldia. Eu não pude ser rebelde estava perdendo meu precioso tempo de ter todos os meus sentidos e aprender e ajudar.
-Meu filho, Deus te abençoe!
Denise já estava com cinco meses, mostrando com orgulho a barriga para todo mundo, ia ver Robson todo dia, eles sabiam que era um menino.
-Filhinho olha o papai. Robson acariciava a barriga de Denise e sentia o bebe se mexer.
-Meu filho seja o que você quiser, mas ajude a todos, seja um bom irmão, um bom filho. Eu peguei sua mãe pelas pernas quando peguei meu paletó
-Robson fale coisas alegres. Meu filho você acredita que o assaltante que tentou nos assaltar no dia que fomos ao cinema era paciente do seu pai, ele o conheceu e não assaltou, seu pai é uma super herói.
Passado mais três meses, Denise estava com oito meses de gestação e o medico a proibiu de entrar no hospital. Robson  via-a pela janela empinando a barriga. Neste dia, Robson teve uma crise muito séria e os médicos chamaram família achando que ele morreria. Mesmo com muita dor orou baixinho.
Robson ouviu e sentiu alguém abençoa-lo com as mãos:
“-Pai, este seu filho Robson é um bom filho, no seu coração não há rebeldia, há paz”. Clemência! Clemência! Senhor Salvador Jesus médico dos médicos pedimos Misericórdia! Senhor! Senhor! Misericórdia!
Amanheceu todos no hospital menos a Denise que estava em casa deitada ao lado do telefone. Pela manhã o telefone tocou.
-Alô é Denise! Louvado seja!
Robson sem os médicos explicarem havia uma melhora bem significativa.
Depois de um mês nasceu seu filho Luiz Felipe com 3.700kg, 40 cm, perfeito com muita saúde. Colocaram Robson numa cadeira e o levaram até Denise, ainda sonolenta,e depois ao berçário o médico permitiu que Robson pegasse seu filho nos braços. Robson o abraçou com todo o amor de um pai ansioso:
-Querido filho é papai eu te amo! Você tem as mãozinhas, os dedinhos tão pequeninos, as perninhas de um campeão, os pezinhos lindos, os bracinhos alegres, os olhinhos verão tudo, mas veja o que ninguém vê: DEUS! Suas bochechinhas fofinhas, a boquinha tão miúda, as orelhinhas pequenas, pouco cabelinho. Meu filho você é a obra de Deus, é o amor da mamãe e do papai.
Não havia quem no berçário não se comovesse.
Passado três dias mãe e filho tiveram alta. Denise vinha dias alternados para Robson vê-los. Mas Robson teve uma dor muito forte e o médico proibiu as visitas, acabou entrando em coma. Todos orando, Denise dizia que Robson iria voltar. Depois de vinte dias Robson acordou pelo espanto dos médicos. O medico resolveu conversar com Robson e Denise. Luis Felipe já estava com dois meses.
-Robson tudo que podíamos fazer já foi feito, como eu disse é inoperável, talvez você tenha mais alguns meses.
-Doutor me de alta, me deixa passar esse dias com meu filho.
-Você terá sua alta, mas qualquer problema telefone ou venha pra cá.
Robson saiu do hospital feliz, foi para casa recebida por todos com muita alegria, um almoço em família. Não parecia que Robson tinha um problema de saúde tão grave. Luis Felipe com oito meses. Os pais moravam juntos para ajudar, Denise voltou a trabalhar. Robson ouviu o sorriso do filho, ria sem saber o por que. A tarde dormia na cama com Luis Felipe.
Robson sentiu duas pessoas o energizarem. Orarem, ele sabia quem era. A mãe dele viu quando chegou na porta do quarto viu um homem, um senhor e Luis Felipe sorrindo
Quando Robson acordou sua mãe lhe contara:
-Meu filho acho que é seu avô. Ambos sorriram de alegria.
Chegou o dia do primeiro aniversário de Luis Felipe, uma linda festa com bichinhos de pelúcia com bolo de dois andares enfeitados com bichinho, doces, refrigerantes, nada faltava, uma festa linda.
-Denise estou tão feliz poderia flutuar, o cheiro dos doces, a música, o sorriso das crianças, o Luis Felipe alegre, sei trocá-lo muito bem, ele já está dando seus primeiro passos, será um grande homem. Foi uma bela festa.
Depois de um mês estavam os pais arrumando o jardim. Denise plantando novas flores, Luis Felipe correndo, jogando beijos para o canto do jardim. Denise e Sílvia perceberam que estavam sós, achavam que eram os avós. Robson estava feliz e Luiz Felipe corria para o colo dele. Robson sentiu uma dor muito forte na cabeça.
-Luiz Felipe eu te amo papai vai dormir um pouquinho.
-Gente o café, vem filho chama o papai para tomar... Robson... Robson... Não, não... Robson
 Os pais olharam Robson.
-Querida ele foi embora!
-Robson! Robson!
-Que sono, minha cabeça está leve, há há há  se eu não tivesse sonhando diria que eu estava lhe vendo, mas como vou ter imagens nos sonhos
-Robson, você está acordado, mas não na terra.
-O que?
-Meu neto veja lá fora, as plantas, as árvores, as flores, olhe aqui os enfermeiros, sua avó.
-Eu morri! Posso ver!
-Levante faz dias que você chegou, vamos passear, aqui não precisa apalpar ninguém.

Meu avô me levou para ver o mundo maravilhoso de cores vivas, cachoeiras, rios, céus, estrelas, a beleza das flores, harmonia em tudo. O carinho de todos. Eu estava feliz!! Queria trabalhar mas antes porque deixei de ser cego?
-Antes desta vida você era rebelde, ironizava a presença divina em tudo, foi quando surgiu à luz elétrica na Terra, você dizia que o homem era a luz, a sua rudeza da alma o levou a aprender. Respondeu-lhe o mentor Diego.
-Espero que o senhor me perdoe.
-Ele ter perdoou, mas como um bom pai precisa ensinar seus filhos: limites.
-Tinha certeza que nunca, mais quero ajudar eu era psicólogo.
-Está bem! Ajudará a receber os recém-chegados que precisam de orientação. Assim foi meu trabalho, para me preparar, aprender a entender que fazemos parte do Amor Divino.
-Robson você tem uma missão na Terra, sua esposa Denise e seu filho, ela sente sua falta.
Meu avô pegou minha mão, me senti flutuar leve, chegando a Terra mais pesado, estava n minha antiga casa.
Denise estava sentada, triste, magra, abatida, sem vontade de nada. Entra Luis Felipe com cinco anos de idade:
-Mamãe toma leite.
Meu filho estava lindo mas com o coraçãozinho triste por ver a mãe triste. Fiquei a noite toda comecei a orar, pedir socorro.
-Luis Felipe!
-Quem é você?
-Tá vendo na foto, sou seu pai!
-Você está me vendo papai, mamãe está enganada. Mamãe, mamãe é o papai!
A janela meio aberta entrava um pouco de luz. Denise veio:
-Luis papai não... Robson! Robson!..
-Sim Denise sou eu. Eu te disse, aqui há luz posso ver tudo, sempre estarei aqui.
Denise caiu no chão em lágrimas  dizendo:
-Robson tinha medo que você estivesse na escuridão! Vamos nos ver! Graças graças!
-Denise viva, tenha força por você e pelo nosso filho.
Denise sorrindo, balançando a cabeça que sim, abriu as janelas colocou músicas, a felicidade voltou.
Eu ria, estava feliz! Retornei rápido para a “Cidade dos Sinos”. Eu estava em paz, parti com 43 anos bem vividos.
Resolvi escrever porque muitos irmãos enxergam mas não veem, muitos gastam tempo em coisas fúteis que não trará nada de bom, jogam palavras fora que não servem para nada ou só para magoarem alguém. Alguns se escondem mas se esquecem que Deus é o Nosso Senhor, Ele vê tudo, ouve tudo. 
Abracem a todos sintam a beleza da vida e do tempo, sejam felizes com que tem porque é a medida certa e afinal todos um só  caminho para a LUZ.
                                  Luz para Luz


                                                     
                     

                                      
                                                           


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