Meu nome é Yasmim, nasci em Nova
Déli e sou a filha mais nova de uma família de quatro irmãos. Meus pais são
americanos e Henry, meu pai trabalha numa grande empresa. Minha mãe chama-se
Emily e cuida de mim. Meus irmãos chamam-se: Paul,
Hermann, Lindsay e Catherine.
Moramos nos Estados Unidos e às vezes em Nova Déli
Eu nasci em 10 de maio de 1960 e
todos os meus irmãos são perfeitos.
Quando minha engravidou de mim
ficou muito feliz. Ela tinha ido à Nova Déli com meus irmãos para ver meu pai,
estava no quarto mês de gestação.
Meu pai tem um amigo indiano que
se chama Chandresh e minha mãe fala que é um homem que intui as energias que
nos rodeiam. Minha mãe o conheceu num almoço da empresa e quando ele a viu a
cumprimentou com muita educação e gentileza.
Na hora do chá ele se aproximou
e disse aos meus pais.
-Senhora acredita nos dizeres
que as energias naturais dizem e nos nossos antepassados?
- Acredito em Deus, não entendo,
mas sei que tudo tem o seu motivo para acontecer.
-A senhora está gerando uma
menina que precisará de toda a família, de toda a atenção e cuidados especiais.
Tudo que fazemos e dizemos flui no tempo e no espaço, é a causa e o efeito.
Somos responsáveis pelo nosso caminho. Não estamos aqui por acaso, precisamos
entender um mundo que não vemos, mas, que está agindo em tudo.
- O que o amigo está falando?
Está assustando minha esposa!
- Perdoe-me, disse Chandresh,
quero apenas ajudar a vocês e a sua filhinha que está chegando. Orem para seu
Deus, em qualquer relegião ou crença o mais importante é o amor. Só o amor
salva, não é assim que o cristianismo ensina?Somos eternos, mas responsáveis
por tudo que fazemos. Sejam serenos! A grande Divindade que habita em todos nós
os abençoe! E se precisarem de mim estarei aqui.
Meus pais ficaram preocupados e
minha mãe resolveu retornar aos Estados Unidos.
Mas, no dia da viagem, ela
sentiu-se mal, estava hipertensa e foi hospitalizada não podendo viajar. Minha
família ficou em Nova Déli.
E quando minha mãe sentiu as
contrações fizeram os exames e optaram pela cesariana.
Quando nasci Os médicos não me
mostraram para minha mãe quando fui retirado do ventre dela. O Dr. Thompson
levou meu pai a uma sala reservada para conversar.
Meu pai estava nervoso
perguntando sobre mim e minha mãe.
- Sua esposa está bem! Vocês são
pais de uma menina.
- Graças a Deus! Achei que tinha
acontecido algo de ruim! Posso vê-las?
- Sua esposa logo voltará ao
quarto, mas, sua filha precisará de cuidados e de exames. O senhor terá que ser
forte, ela vai precisar muito de todos vocês, ela nasceu sem os braços e as
perninhas.
- O que o senhor está me dizendo
doutor?
- Sua filha será avaliada, é uma
falha na formação genética, ainda precisamos averiguar.
Meu pai ficou perplexo e
assustado. Foi ver minha mãe que estava bem, mas, dormia profundamente.
No dia seguinte ele voltou ao
hospital e minha mãe já estava acordada, então ele decidiu contar-lhe a
verdade.
-Emily ganhamos uma linda menina
que está passando por exames.
- Porque exames? Eu já sei o
nome dela será Yasmim, não vejo a hora de vê-la correndo pela casa.
Meu pai começou a chorar e minha
mãe perguntou-lhe.
- Henry porque está chorando?
- Querida nossa filha nasceu com
problemas ele precisará muito de nós. Ela nasceu sem os bracinhos e as
perninhas.
Meus pais abraçaram-se e
choraram muito. Pediram ao médico para me ver e me trouxeram toda enrolada em
lençóis. Meus pais não sabiam o que fazer comigo.
O médico relatou que pelos
exames eu não tinha nada que pudesse explicar a má formação genética.
Depois de uma semana tivemos
alta hospitalar. A irmã de minha mãe chegou ao hospital, tendo conhecimento do
meu estado, para ajuda-los. Meus pais ainda não tinham
Me pegado no colo.
Minha tia me pegou com carinho e
disse-me:
- Minha doce menina seja bem
vinda, não se preocupe tudo ficará bem, você é o nosso amor.
Fomos pra casa, meu pai
contratou uma enfermeira para junto com minha tia cuidar de mim nos primeiros
seis meses.
Susan resolveu conversar com os
pais de Yasmim, visto que eles não se aproximavam da filha.
- Henry e Emily a menina chora
muito, ela precisa sentir o amor de vocês, não tenham receio, peguem-na no
colo, Nós estamos bem, mas, ela precisa de todos tratem-na normalmente, deixem
todos conhecê-la e os irmãos pega-la no colo.
Antes deste dia meus pais não
deixavam meus irmãos chegarem perto de mim.
Eles, meus irmãos me pegavam com
amor, cantavam para eu dormir e penteavam meus cabelos. Minha tia comprou
muitas almofadas para me apoiar.
Quando eu fiz sete meses estava
recostada nas almofadas quando fui escorregando e cai com o rosto na cama e
comecei a chorar muito alto.
Num impulso minha mãe veio
correndo e me pegou no colo.
- Filhinha! Filhinha! Está tudo
bem! Perdoe-me! Ela chorou muito e quando se acalmou me deu leite e eu comecei
a sorrir para ela.
Ela me olhou como se me visse
pela primeira vez e disse.
- Querida como você tem olhos
lindos!
Meu pai chegou e viu minha mãe
comigo no colo e ficou parado na porta olhando para nós duas.
Minha mãe aproximou-se dele e me
colocou em seus braços e eu continuei a sorrir.
- Filhinha que lindo sorriso
você tem!
Depois deste dia sempre me
seguravam no colo e conversavam comigo.
Quando completei um ano minha
fez um lindo bolo, meus pais me pegaram o colo, eu estava feliz, sorrindo para
todos.
Eu só saia de casa para ir ao
médico e mesmo assim enrolava-me em mantas para ninguém me ver.
Numa saída dessas tiveram que
trocar minhas fraldas. Minha mãe foi para uma sala reservada e quando estava me
trocando entrou uma mãe acompanhada por uma senhora e me viram e sorrindo disseram
para minha mãe.
- A senhora é abençoada, sua
filha é uma deusa menina trará alegria, vida e luz é uma troca de bênçãos.
Rapidamente minha mãe me tirou
de la e fomos para casa.
A noite meu pai veio acompanhado
pelo Sr. Chandresh, e ele muito amavelmente disse.
- Sejam abençoados! Querida
criança não tenha medo tudo é para nossa perfeição.
- Me responda Sr. Chandresh,
como perfeição? Milha filha é imperfeita, hoje duas mulheres a chamaram de
deusa. Eu não sei se acredito mais em Deus.
- Senhora entendo sua dor, mas,
ela é perfeita. Há pessoas que tem olhos e não enxergam, tem ouvidos e só ouvem
o que querem ouvir, tem braços e abraçam a ilusão e nunca abraçaram um pai, mãe
ou um filho. Tem língua para falar asneiras ao vento, tem pernas para
caminharem por caminhos tortuosos. Yasmim é perfeita.
Ela está cumprindo uma missão
difícil, mas, não impossível, está se purificando e elevando sua alma e de
todos ao seu redor.
- Amigo desculpe-nos, ainda é
difícil para nós lidarmos com essa situação,mas, você sempre será bem vindo em
nosso lar. Resolvi ficar aqui até aprendermos a conviver com esta situação que
é difícil para nós todos.
- È um renascimento! Cada um tem
sua ferida para cicatrizar, mas, pelo que sinto sua família encontrará o modo
certo de viver.
Eu já estava completando dois anos,
meus irmãos me deram presentes, minha mãe e minha tia fizeram um bolo e o Sr.
Chandresh trouxe sua esposa e seus dez filhos.
Foi uma alegria e senti minha
alma feliz.
Assim passaram-se os anos, eu
era muito bem tratada pela minha família, mas não
saia de casa, somente quando ia
ao médico.
Com cinco anos via meus pais ora
chorarem, ora disfarçavam, mas, meus irmãos cantavam, brincavam com bonecos
todos pintados. Eu já falava bem e cantava as musicas que ouvia.
O tempo passava lentamente para
mim, agora eu tinha oito anos tinha cabelos cacheados e olhos azuis, mas tinha
que esperar alguém me trocar com fraldas que eram adaptadas para mim. Eu ouvia
tia Susan orar muito só que meus pais não oravam.
O comentário da semana era a
visita da irmã do meu pai, Mary e seu marido Jonathan.
Depois de oito anos sem conhecer
quase ninguém, para mim era um acontecimento especial. Meu pai foi busca-los no
aeroporto e minha mãe disse-me:
- Yasmim se sua tia Mary não
comportar-se direito não ligue ela é desajustada.
Eu estava no quarto jantando com
a ajuda de Lindsay que sempre me tratava com carinho e alegria, quando os ouvi
chegar.
De repente entraram no meu
quarto meus pais e meus tios.
Eu os recebi sorrindo e disse:
- Oi!
- Oi bonequinha do tio, olha o
que eu trouxe para você! E colocou uma caixa na minha frente. Lindsay
adiantou-se e abriu a caixa para mim e disse:
- Olha Yasmim! É um ursinho de
pelúcia.
Eu fiquei feliz e respondi:
-Que fofinho! O nome dele será
fofinho.
Minha tia também me deu uma
caixa de presente e minha mãe abriu e olhou para tia Mary. Era um par de
sapatinhos cor-de-rosa.
Eu comecei a rir e disse para
minha tia.
-Titia eu não uso sapatos!
- Queridinha desculpinha eu não
sei onde estava com a cabeça, me dê que eu jogarei no lixo e comprarei outro
presente.
- Não precisa tia, minha boneca
precisa de um sapatinho.
Depois de quatro dias eles
voltaram para os Estados Unidos e só depois de um ano minha mãe ficou sabendo
que ela estava grávida de seu primeiro filho, mas, caiu da escada e perdeu a
criança.
Numa bela manhã perguntei para
minha mãe:
- Mamãe eu não vou para escola?
- Querida eu estava pensando em
contratar uma professora para você aqui em casa.
O que você acha?
- Ah! Mamãe eu queria ir para a
escola!
- Querida aqui na Índia as
crianças menores de quinze anos estudam em casa e mesmo assim é difícil
conseguirem estudar. È melhor que a professora venha aqui em casa.
- Está bem! Mamãe porque você
não ora? Não me fala de Deus?
-Porque, bem querida eu acho que
você poderia ser mais feliz. Olha agora tenho que ir fazer o almoço.
Depois de dois dias veio à
professora Thassy, ela chegou sorrindo e me abraçou.
Muito bonita com longos cabelos
e olhos castanhos e me explicou que eu poderia aprender tudo que ensinava na
escola: historia e geografia etc.
Colocou uma lousa no meu quarto,
ela lia e mostrava gravuras e eu repetia tudo.
Começou a escrever as palavras e
eu viajava no meu pensamento ouvindo as historias
que ela contava.
Aprendi a ouvir musica e sentir
com o coração a aula de historia para mim era uma aventura, afinal eu já estava
com doze anos e a professora, na aula sobre a historia francesa, trouxe perucas
para que eu entendesse melhor as explicações dela.
À noite eu ficava imaginando o
mundo que eu poderia ver e aprender. Todos da família
vieram me beijar e me
parabenizar pelo meu aprendizado.
Finalmente consegui dormir
profundamente e tive um sonho. Eu estava na França, tinha pernas e braços
usavam roupas lindas, perucas, fazia uma pinta no meu rosto e andava numa linda
carruagem. Morava num lindo castelo, vi um homem beijando minha mão que estavam
com lindas luvas e me chamava de duquesa.
Quando entrei no castelo percebi
os detalhes da decoração em dourado, uma empregada que chamei de serviçal
trouxe quatro crianças que me abraçaram, mas, eu as empurrei.
Acordei com minha mãe me
chamando para tomar o desjejum. Contei para ela sobre o meu sonho e todos me
disseram que era por causa das aulas de historia sobre a frança. Quando Thassy
chegou contei a ela o meu sonho e ela ficou espantada porque havia detalhes no
meu sonho que ela não tinha me falado, como as luvas que eu vi no sonho.
A família do Sr. Chandresh veio
nos visitar e para mim era uma festa, minha mãe ficava inquieta, mas, eu
adorava porque eram amigos e me tratavam como igual.
Thassy continuava com as aulas e
eu queria escrever então ela teve a ideia de colocar o lápis na minha boca e
segurando um à folha eu consegui escrever a letra A e com muita calma e temo
consegui escrever meu nome. Ela chamou meus irmãos e eles pularam tanto de
alegria que minha tia Susan veio saber o que estava acontecendo e quando viu o
meu nome escrito por mim pulou de alegria também.
Pegou o telefone e avisou meus
pais que eu havia escrito meu nome. Meu pai mandou fazer um quadro que ficava
fixo na cama e prenderia as folhas mais perto de mim, trouxeram lápis maiores e
começou minha aventura.
Passado uma semana escrevi uma
cartinha para o meu pai dizendo:
- Papai venha almoçar comigo.
Yasmim!
O motorista levou até o trabalho
dele e meu pai quando leu ficou emocionado e mostrou para todos e foi para casa
almoçar comigo e com toda a família, menos minha mãe que estava nos Estados
Unidos.
Sempre me levavam para sala ou
para o quarto, mas, nunca no jardim. Eu pedi aos meus irmãos que me levassem ao
jardim e Paul me levou e me colocou sobre as almofadas. Eu olhei o jardim, as
flores, a luz do sol e quando percebi estava chorando e uma borboleta pousou em
mim e eu disse.
- Oi! Sou Yasmim!
Eu já estava com quatorze anos e
sempre ouvia minha família comentar sobre os Estados Unidos, e suas viagens.
Thassy teve uma grande ideia:
- Yasmim você gostaria de pintar?
Eu conheço uma professora muito calma que poderia te ensinar.
- Gostaria de tentar, mas, quem
é a professora?
- Eu! disse Thassy sorrindo, mas
depois do meu casamento e quero que você vá com sua família.
Depois de dois dias Thassy
trouxe seu noivo para conhecermos. Seu nome era Rashsan. Ele disse-me:
- Yasmim, a Thassy fala muito de
você, estou contente em conhecê, queremos que todos fossem ao nosso casamento
serão três dias de festa.
- Como Yasmim irá? Três dias de
festa é muito cansativo! Disse minha mãe.
- Ela poderá ficar na casa de
Thassy e será muito bem tratada. Disse Rashan.
- Mamãe e papai, por favor,
deixem-me ir, tia Susan e Lindsay poderá ficar comigo. Por favor!
Tia Susan aceitou e meus pais
depois de muita relutância aceitaram. Meu pai nos levou a casa de Thassy, era
uma casa grande, ora eu estava no colo dos meu pai, ora no colo dos meus
irmãos. As irmãs de Thassy me pintaram e pentearam meus cabelos quando me vi no
espelho não acreditei.
O casamento foi lindo, os noivos
estavam lindos havia pétalas de flores jogadas por onde eles passavam teve um
banquete, a festa foi três dias, tia Susan e Lindsay aprendeu a dançar foi tudo
maravilhoso.
Um sobrinho de Thassy de
dezessete anos, kadamesh, me achou linda, me chamou de deusa e eu fiquei muito
envergonhada.
Passaram-se os três dias de
festa, retornei para casa contente. Fui dormir feliz, dormi profundamente e
sonhei com a França. Eu estava na cama deitada com muito sangue, senti que
tinha abortado e ouvi dizerem que já era o terceiro aborto.
Depois vi uma menina linda de
doze anos me chamando de mamãe, entrei no quarto e a vi com minhas joias,
arranquei violentamente as joias do pescoço dela e a atirei pela escadaria. No
sonho ela quebrou as pernas, ficou boa, mas, ela ficou com dificuldade para
andar. Acordei apavorada eu só sabia orar três palavras, custei a me acalmar e
voltei a dormir profundamente. Novamente sonhei com o mesmo lugar, agora eu estava
no jardim escondida agarrada a outro homem que era meu amante. De repente eu
comecei a discutir com ele e o apunhalei mortalmente, os serviçais sumiram com
o corpo. Acordei gritando, minha mãe e Lindsay vieram me socorrer eu estava
molhada de suor, deram-me um banho. E eu dizia:
- Mamãe o sonho foi tão real, eu
já tive braços e pernas, mas, era má, assassina.
Minha tia trouxe um chá calmante
e ficaram comigo até eu me acalmar.
Mamãe proibiu as aulas com
Thassy.
Tive febre alta, levaram-me para
o hospital, fizeram exames, mas, não acharam nada.
Nos três dias que fiquei no
hospital recebi muitas visitas. Voltei para casa e assim que mamãe e papai
viajaram, tia Susan chamou Thassy. Ela trouxe todo o material de pintura, agora
usávamos o método de escrever para pintar. Trouxeram telas, pinceis e tintas,
no segundo dia de aula eu derramei a tinta toda em mim e na professora, riamos
muito.
Com nove dias consegui pintar o
sol na tela, era minha primeira pintura, fiquei muito feliz e foi fácil pintar,
era só desenhar um O e preencher de amarelo por dentro e “puxar” amarelo para
fora, amei meu sol. Thassy ia virando a tela para me ajudar.
Eu já ia fazer quinze anos, e
Thassy me convidou para almoçar na casa dela, e eu fui com minha tia. No final
do almoço a família de Thassy me levou a um parque, vendaram meus olhos,
paramos e reconheci o colo do meu pai quando tiraram a venda todos os meus
amigos estavam presentes, era minha festa de quinze anos, estava tudo enfeitado
e maravilhoso, chorei, ri, foi uma noite perfeita.
No dia seguinte minha irmã me
dando banho e eu não parava de cantar e Lindsay me perguntou:
- Tudo isso é felicidade Yasmim?
- Sim! Naquele sonho que tive,
tenho certeza que era eu mesma, senti isso. Todos falam que não sabem dos seus
erros, mas, sabemos sim, ninguém tem culpa por eu ser assim, eu sou a culpada.
- Mana eu acredito que antes de
raiar o sol a noite já prevaleceu. Assim é a vida, mas, seja como for você é a
alegria da nossa família.
- Mamãe precisa entender que
Deus não tem culpa, tinha que ser assim para eu aprender a valorizar a vida e o
amor.
- Os humanos sempre põem a culpa
em alguém e é sempre em Deus, talvez porque achem que Ele é inatingível. Disse
Lindsay.
Agora eu já tenho dezessete
anos, escrevo com ajuda, mas escrevo, já consigo pintar flores, adoro musica, canto,
não tenho braços e pernas, mas balanço meus cabelos e depois alguém me penteia.
Escutei o barulho da chuva,
achei lindo, por aqui é difícil chover. Recebi uma cartinha de Kadamesh dizendo
que queria casar-se comigo e iria falar com papai. Contei para tia Susan e ela
me disse:
- Querida se você aceitar ele
vai casar com você, comigo e com toda a família.
- Eu sorri, estava só eu e tia
Susan em casa, eu estava na sala e o telefone estava do meu lado e começou a
tocar, eu chamei, chamei e ela não respondeu. Olhei e vi a mão dela estendida
no chão do corredor, me desesperei. Comecei a balançar meu corpo para o lado
esquerdo onde estava o telefone, consegui tombar meu corpo ao lado do telefone,
e com a língua liguei para o papai. Ele atendeu achando que era a tia Susan.
- Alo Susan?
- Papai, papai socorro!
Em pouco tempo papai entrou pela
porta junto com o motorista e chamou a ambulância. O motorista me levantou e
papai me enrolou numa manta e me levou com eles até o hospital, fiquei no carro
com o motorista até mamãe e os outros chegarem.
Depois de um tempo papai veio
até o carro e me disse que tia Susan tinha um problema no coração e que ficaria
internada por alguns dias.
- Papai eu quero vê-la, me leva
até lá. Ele me pegou no colo, todos ficaram me olhando, o medico permitiu que
fosse vê-la.
- Tia a senhora ficou emocionada
com o pedido de casamento?
- Fiquei! Mas, já estou bem!
Na saída uma estrangeira me viu
sair do quarto no colo do meu pai e disse.
-Coitadinha! que doença você teve
para perder as pernas e os braços? É contagioso?
- Não é minha tia que está
doente!
- Não é você?Ela respondeu.
Lindsay interviu e disse:
- Senhora a sua língua que está
doente! A mulher foi embora tão rápido que nos ficamos rindo.
Voltamos para casa e mamãe ficou
no hospital com a tia Susan.
- Papai me ensina a orar! Eu
preciso aprender e Deus nos ouvirá.
- Meu bom Deus eu não te chamo há
muito tempo! Minha filha Yasmim e eu Te pedimos
Que a tia Susan fique boa.
Senhor obrigado pela linda filha que me enviastes!
Meu pai me abraçou chorando e
disse-me:
- Filha Deus criou o mundo todo,
tudo que vemos e o que não vemos por não querer enxergar. Ele enviou Nosso
Senhor Jesus Cristo para nos salvar. O mundo sem Ele não tem encanto, perdão,
luz vida e amor.
- Papai Ele ouvirá nosso pedido.
Eu sinto que precisei ser o que sou hoje para no mundo Dele ter minhas pernas e
meus braços, porque não tive alma e coração, eu sinto você acredita?
- Sem querida! Eu te amo filha.
- Eu também te amo papai.
Depois de uma semana tia Susan
estava em casa sã e salva. Ela me encheu de beijos e contou para todos sobre o
pedido de casamento, todos ficaram me olhando, e eu com um sorriso sem graça.
Thassy veio para nossas aulas e
me contou que estava grávida, fiquei muito feliz por ela. Contou-me que sabia
do pedido de casamento e eu sorria sem graça.
Nesta noite, Lindsay e Catherine
veio dormir em meu quarto, o quarto delas estava em reformas. Dormi um sono
gostoso e tive o mesmo sonho, no mesmo lugar.
Eu estava surrando as crianças e
perguntava quem tinha pegado meu colar, as crianças até urinaram de medo.
Peguei um punhal e encostei no rostinho do menor para me dizer onde estava o
colar, o pobrezinho vomitou e passou mal, as crianças começaram a gritar e a
menina do meio disse que ia contar para o pai que eu estava grávida de outro
amante, e eu comecei a espanca-la.
A porta abriu-se e o duque
entrou parou atrás de mim e me segurou pelos braços, pediu socorro para as
crianças, ele tinha ouvido tudo e me deu uma surra com chicote e pontapés no meu
ventre, a menina mais velha pediu que ele parasse, eu estava ensanguentada e me
levaram para a cama.
Sentia dores horríveis, estava
com hemorragia, chamaram alguém para orar e eu cuspi nesta pessoa. Ouvi que eu
estava morrendo e o duque aproximando o rosto do meu disse que queria que eu
fosse para o inferno que ele cuidaria das crianças. No sonho eu ouvi as
crianças orarem baixinho e morri.
Levei um susto e acordei
gritando, me abraçaram, enxugaram minhas lagrimas, me deram banho, mamãe fez um
lanche e colocaram musica até o amanhecer. Acordei chorando e com febre.
Papai chamou um medico deram-me
calmante e dormi tranquila. Quando acordei estávamos recebendo a visita do Sr
Chandresh e sua esposa, ela trouxe-me flores estava ciente dos meus pesadelos.
Perguntei se sabiam se era eu no sonho.
- Yasmim o que passou, passou se
foi você o tempo encarregou-se de corrigir as marcas que ficaram. Hoje você
está corrigindo-se como nos todos, como a natureza, o planeta, o cosmos que
está em constante evolução. Quando nosso coração fala o que está errado o
melhor remédio é nos corrigirmos, quando não se tem limites à vida nos impõe
limites. Somos seres limitados quando queremos ser o Supremo, mas, somos
ilimitados quando percebemos que tudo que vemos, sentimos e que aprendemos se
torna um caminho do bem para toda eternidade.
- Estão me dizendo que tudo que
fazemos há retorno? Perguntei
- Quando plantamos o bem
colhemos o bem, mas, se plantamos as sementes do mal colheremos no tempo
espinhos até aprendermos semear a luz para colher estrelas.
Dias depois papai e mamãe viram
dizer que toda a família iria para os Estados Unidos, somente tia Susan ia
ficar por que resolveu ter aulas de pintura.
No dia da viagem eu estava
nervosa, não ficaríamos muito tempo, entrei no avião no colo do meu irmão,
todos me olharam, me arrumaram confortavelmente, mas, eu ouvi comentários dos
passageiros. Depois de horas chegamos a Chicago e fomos para casa dos meus avós
maternos, eu ainda não os conhecia, só os via em fotos, cartas e eles também.
Eu estava apreensiva pensando em como me receberiam.
Entrei na casa no colo do meu
pai, ele me colocou no sofá, já apropriado com varias almofadas e meus avós me
olhavam sem saber o que fazer.
- Vovó Nathaly pode me abraçar,
eu não quebro!
- Querida neta como você é
linda, eu não pude viajar para conhecê-la, como você vê já tive um derrame e
uso bengala, esta é minha companheira.
- Vovó pelo menos você tem
braços e pernas para apoiar na bengala.
- Querida você é linda, disse
vovô Antony, e tem um lindo sorriso.
Depois de uma hora eles me
abraçaram com cuidado, almoçamos todos juntos, exceto meus avos paternos que deram
uma desculpa para não irem.
Pedi para meus irmãos irem vê-lo
pelo papai e depois de tanto falar eles foram.
Quando voltaram trouxeram meus
avos Sarah e Jonas, entraram e foram educados e quando me viram disseram:
- Nossa netinha você é linda! Eu
sorri e disse:
- É vovô e vovó não da para
dizer se sou baixa ou alta.
Logo foram embora e nos dez dias
que ficamos pouco apareceram. Ouvi o comentário do meu avô paterno com papai.
- Meu filho você não é eterno,
as crianças já são adultas e precisam viver, não podem cuidar dela a vida toda.
Precisa coloca-la numa clinica com todos os cuidados, aqui mesmo, seu lugar é
aqui conosco, ela ficará um pouco na clinica e um pouco com vocês.
No dia seguinte meu pai comprou
as passagens de volta para casa, sentimos falta da nossa casa, dos nossos amigos.
Chegamos e tia Susan ficou feliz, mas, percebeu que não voltamos muito
animados, estávamos cansados, fomos dormir e papai e mamãe veio me dar um beijo
de boa noite e eu aproveitei para perguntar se eu atrapalhava a vida deles e
que ouvi a conversa entre papai e vovô. Eles me abraçaram e papai disse:
- Yasmim somos uma família em
Deus!
- O que eles sentem é medo,
preconceito o que é?
- Querida é a incompreensão
humana, há pessoas na vida que acham que são melhores que as outras e não
entendem que todos nós voltaremos para terra de onde viemos, como cinzas,
alguns voltaram para Deus outros serão simplesmente cinzas.
O tempo passou meus irmãos Paul,
Catherine casaram-se. Thassy ganhou um lindo menino, agora tudo estava bem, eu
já conseguia pintar melhor duas telas de tamanho pequeno.
Eu estava com vinte e um anos,
Catherine ganhou uma linda menina chamada Cristine e Amanda ,esposa de Paul
tinha um menino chamado Matheus.
Quando fiz vinte e dois anos meu
irmão Hermann casou-se com Samy e depois de sete meses tivera Aline. Descobrimos
que tia Susan estava namorando o motorista desde quando ela passou mal. Fomos à
casa do meu irmão Paul para um almoço, vi as crianças correndo, eu olhava com
felicidade meus sobrinhos brincando, um abraçando outro e pensava:
- Deus é isso! Vida! Amor e perdão!
O Senhor me perdoou.
Acordei no outro dia cansada,
Catherine colocou a mão em mim e percebeu que eu estava febril e muito cansada,
deram-me medicação, mas a febre não baixava e o cansaço era muito grande.
Thassy chegou animada
perguntando se íamos pintar?
- Não! Hoje estou muito cansada.
Minha mãe veio contente trazendo
peixe que eu gostava tanto, mas, recusei porque estava cansada demais para
comer.
Levaram-me ao hospital, fui
internada, fiz vários exames, deram medicação e dormi.
Acordei no dia seguinte com meus
pais ao meu lado.
- Mamãe, papai o que eu tenho?
- Você não tem nada! Mamãe respondeu.
Mas, os olhos dela estavam vermelhos
de tanto chorar. Tive alta e fomos para casa, todos estavam me esperando, as
crianças correndo, o sorriso da tia Susan.
- Yasmim vou me casar! Disse feliz.
Eu sorri e disse para ela casar-se
logo antes que o noivo fugisse. Depois de um mês ela se casou com cinquenta e
oito anos e ele com cinquenta e nove e foram morar conosco. Voltei a me sentir
mal, chamei papai e pedi que me contasse a verdade e papai chorando me disse:
- Filha seu coração está doente,
mas você está fazendo o tratamento.
- Este problema é de família não
é?
- Sim minha filha.
-Estou indo embora não é?
- Meu Deus! Sim!
Abraçamos-nos e eu disse que
amava toda a família e ele disse que também me amava.
- Querida vamos parar de sofrer,
amanhã você estará bem.
No dia seguinte amanheci melhor,
papai foi trabalhar, mamãe saiu com Catherine.
E Paul me levou para o jardim e
eu observava enquanto as crianças brincavam correndo imitando um avião. Senti uma pressão no peito, um cansaço, as
flores, o vento tudo vinha em minha mente, em meu coração, até o pedido de
casamento. Senti um sono tranquilo. Adormeci.
Tive um lindo sonho, que eu
estava andando, senti a grama, muitas pessoas ao meu lado sorrindo. Veio uma
menina correndo e me abraçou e eu tinha braços para abraça-la, meu coração
começou a bater forte, mais pessoas vieram me abraçar.
Ouvi um choro em minha mente,
retornei para o jardim e vi tia Susan chorando, papai, mamãe, meus irmãos, Sr. Chandresh,
todos, olhei para a cadeira era eu morta.
Senti um aperto no peito, mas,
ao mesmo tempo paz! Eu tinha entendido, tinha deixado uma linda historia de
vida, para viver outra, agora sem defeitos físicos ou emocionais.
Agradeço a Deus por ter me dado à
chance de aprender a amar, pela família maravilhosa e por todos os momentos que
vivi.
Vi quatro crianças me dando as mãos
sorrindo, eu já sabia quem era.
Era oito de março de 1983, o dia
que ganhei minhas pernas, meus braços e um novo coração com muito amor.
Sou Yasmim para sempre, filha de
Deus Pai e meu salvador Senhor Jesus Cristo.
..............................................................................................................................................
Ditado pelo espírito João Harsam
Psicografado pelo médium Esaú Lopes.
-