Meu nome é Akila que quer dizer “pássaro veloz", vivia numa linda ilha com meus pais e irmãos .Éramos livres como pássaros vivíamos em paz. Éramos alegres, tínhamos danças aos deuses e festas maravilhosas. Eu estava comprometida com Talu, jovem forte e belo da minha tribo.
Dias antes meu irmão tinha visto um grande barco na praia. Mas estávamos alegres minha irmã dera a luz a um grande e lindo menino.Amanheceu os mais velhos foram caçar, eu e mais irmãos tomávamos banho no rio.
Faltavam três dias para minha união com Talu.
De repente ouvimos uma grande gritaria e depois o silencio. Minha irmã Dana com o bebe no colo. Entramos no mato e chegando à aldeia vimos Tatian, mãe de minha mãe ferida. Havia brancos por todo lado querendo se enriquecer com nosso povo!
Morreu a grande Mãe! Enrolamos os mortos os cobrimos com flores e os entregamos ao rio. Acreditávamos que quando chegassem às quedas eles estariam no GRANDE POVO!
Fomos todos amarrados e dormimos perto do rio. Os brancos com suas roupas estranhas abriam nossas bocas e cutucavam nossos dentes. Pegaram o recém nascido e colocaram de cabeça pra baixo, minha irmã, então pegou uma faca e matou o branco.Pegou seu filho e fugiu para o mato , mas, eles a perseguiram e a mataram.Jogaram seu filhinho no chão e eu lentamente me abaixei e o puxei para mim. Foi então que veio um branco e brigou com a raça deles.Começamos a andar e para o pequeno não chorar, com medo que o matassem, o colocava em meu seio mesmo sem ter leite.Chegamos a um grande barco,rasgaram nossa roupas,vi meu pai ,irmãos e Talu acorrentados.
Jogaram-nos no fundo do barco todos acorrentados por dias e dias para nos alimentar jogavam restos de alimentos pelos buracos e bebíamos água da chuva e eu dava pro bebe. E pensava por quê?
Não tinha leite para amamentá-lo e muita vez dava-lhe minha urina para matar a sede. Ele dormia por dias e dias eu o alimentava com o restos dos brancos.
Alguns de nos morreram no caminho e foram atirados ao mar. Finalmente o alçapão abriu e nos tiraram acorrentados. Descemos nos deram terra para comer e dei também para o bebe. Eu o chamei de Oatan ou Valente.
Lavaram-nos e nos levaram a um lugar que tinha muitos brancos com grandes roupas estranhas, eu achava que se vestiam assim porque tinham vergonha de si mesmos.
Entendi que estávamos sendo vendidos. Ficamos o dia todo acorrentados sob o sol, sem água ou comida. Tentaram separar Valente de mim achando que éramos mãe e filho fomos os últimos. A tarde veio um temporal e assim eu e Valente pudemos toma água da chuva.
De repente parou uma “coisa” puxada por cavalos tinha uma branca La dentro e fez sinal me puxaram e fui colocada numa carroça com grades onde tinha vários africanos.
Depois de um tempo chegamos a uma grande fazenda. Fomos arrastados e colocados na senzala acorrentados pelos pés.
Entramos na casa grande pelos fundos, entendi que a branca era baronesa. Uma escrava mais velha arrumou uma roupa e um saco e colocou Valente amarrado a mim com a boquinha amarrada, eu o soltava e colocava no meu seio.
Trabalhei na cozinha da casa grande e quando podia roubava pedaços de comida e punha embaixo do seio e quando voltava para senzala eu dava para Valente que dormia amarrado a mim. No dia seguinte a escrava velha “Suan” me disse: - você tem que amamentar seu filho! Seu leite está vazando. Assustei-me! Suan permitiu que eu ficasse por um tempo La fora, olhei para meu seio apertei e saiu leite. Mas como?Valente mamou nos meus seios e eu chorava!
A baronesa veio à cozinha e pediu para pegar Valente no colo, fiquei apavorada, mas entreguei o menino a ela.
Ela o segurou por instantes e depois disse: - Mãe toma seu filho! Depois Suan me contou que ela tinha perdido duas barrigas. Ela era boa, mas o marido não.
O tempo passou comecei a servir a mesa.
Valente ficava dormindo num cesto escondido na cozinha.
Um dia a baronesa ficou muito doente e Suan foi cuidar dela e o barão entrou na cozinha me olhando de um feito que me dava muito medo. Suan rezava para Deus pela saúde da baronesa e perguntei:
-Quem é esse Deus? È um dos nossos? E ela respondeu:
-Você não está mais na África aqui tem igreja, Ele criou tudo que existe.
-Ele nos fez escravos Suan?
Um dia estava na cozinha limpando e não vi quando o barão entrou, ele me agarrou e me violentou, senti muita dor, quando descobriu que era a minha primeira vez me soltou. Gritei e chorei por dentro. Lavei-me com as águas dos potes. Fui para a senzala, Valente não dormiu queria brincar.
Amanheceu me deram ordens de ir trabalhar na lavoura.
Passei na capela e vi a cruz e o pobrezinho crucificado. Pensei: pobrezinho! Eu não tenho pregos nas mãos! O que você fez?
Comecei a ir à capela orava para Jesus! Pobrezinho te livre da cruz! Uma tarde levei uma flor à capela der repente à porta abriu-se era o barão. Ele me bateu ameaçou tirar meu filho e me violentou novamente. Foi embora rindo! Senti vergonha, mas, olhei Jesus preso na cruz, me envergonhei. Pensei vou tirá-lo daí.
Na lavoura passou o tempo Valente andava e os irmãos escravos ajudavam a cuidar dele. Um dia me senti mal desmaiei. Suan me disse que eu estava de barriga me perguntou de quem era e eu chorei.
Ela me abraçou chamou seu irmão e fingimos que ele era o pai do meu filho. Zuar me tratava bem e acabamos sendo um casal de verdade. Meu filho nasceu na senzala e o batizamos com nome de Jotan.
Quando a baronesa ficou boa soube do meu segundo filho. Passaram sessenta dias Jotan era moreno claro e o escondíamos. Decidimos que devíamos fugir eu Zuar e as crianças, mas fomos pegos. Zuar morreu no tronco com cem chibatadas, eu e meus filhos fomos trancados na solitária até o barão voltar de viagem. No dia seguinte a cela foi aberta era a baronesa, voltamos para senzala. Fui à capela visitar o Pobrezinho Jesus. Dizia aos meus filhos que Ele sofria mais que nós. Valente tinha então quatro anos e me disse:- mamãe eu ouvi o pobrezinho dizer que tudo mudará.
O barão voltou doente com muita febre e logo morreu. Acompanhamos o enterro de longe.
Voltei a trabalhar na cozinha. O irmão da baronesa queria vender valente, corri até a baronesa me ajoelhei aos seus pés e implorei pelo meu filho. Ela me respondeu:
-Você já fala bem o português, sabes que não puder ser mãe, e o seu segundo filho é do barão? Abaixei a cabeça e ela me disse – ele é moreno claro tem todo o jeito dele. Sei que você não tem culpa ele fazia filhos para nascerem mais fortes e serem mais caros no comercio. Ele vendeu mais de quarenta e cinco filhos que eu sei, não pude fazer nada.Deixe eu criá-lo ele irá em boas escolas na cidade, abrirei uma escola na fazenda e Valente poderá estudar.Meu irmão esta indo para Espanha e se casará.
E assim aceitei. Passaram-se anos.
Meu filho Valente estudou, trabalhou na fazenda e com dezoito anos se casou. Jotan passou estudando fora e me mandava cartas. Eu não sabia ler, então esperava a sobrinha da baronesa, a professora da escola da fazenda Maria Carolina. Levei as cartas para ela ler e descrevia a cidade do rio de janeiro. Ele dizia que me amava e sabia do sacrifício que eu havia feito por ele.
Passaram muitos anos...Valente havia se casado e tido uma linda menina.
Recebemos a ultima carta de Juan dizendo que logo chegaria.
Mas, uma tristeza tomara conta de todos os escravos. Suan estava muito doente. Ela era minha amiga/irmã e tinha me ajudado a criar meu filho Valente.
Depois de quatro dias, Sua morreu em meus braços, olhando pela janela, um passarinho que cantava.
Ela me disse baixinho: - Ele veio-me dizer que estou livre!
Alguns dias depois fiquei responsável pela cozinha com a ajuda de minha nora. Tinha chegado uma carroça de outra fazenda com grãos que trocávamos por café. Fui averiguar e vi um escravo velhinho e resolvi levar-lhe água.
Quando ele tirou o chapéu eu o reconheci, chorávamos muito. Era meu pai com noventa e dois anos. A emoção tomou conta de nos e ficamos abraçados chorando de alegria.
Meu pai me contou que dois dos meus irmãos tinham fugido para Palmares. Ele reconheceu Valente que se aproximava e sorrindo lhe disse:
-você foi salvo porque se alimentou da urina de sua mãe e contou-lhe que era meu sobrinho e tudo que passamos.
Ele me abraçou carinhosamente e disse: - mamãe!
Passaram dez dias eu estava ajudando a trazer as verduras para cozinha quando a baronesa me chamou na capela que havia sido lavada e colocado bancos novos, tinham colocados muitas flores, ia ter uma missa por ordem da baronesa.
Ela fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado, estávamos aguardando a chegada do padre. De repente começaram a tocar os sinos da igreja e entraram as crianças brancas e negras trazendo o padre.
Eu estava orando de cabeça baixa, ainda me confundia com a oração, mas a voz firme e calma do padre me fez olhar!
-Pobrezinho Jesus os homens brancos e negros Te tiram da cruz, dos pregos!
O padre era meu filho Jotan! Quando acabou a missa Jotan ,agora padre João de Jesus me abraçou e disse.
-Mãe querida te peço sua benção!
E virando-se para a baronesa disse:
-Minha querida madrinha!
Jotan me levou até a cruz e vi que Jesus não estava lá.
- Filho você o tirou da cruz?
-Não mamãe! Eu aprendi toda a vida de Jesus e sei que Ele não está mais lá.
A baronesa dividiu as terras para quem quisesse ficar. Tínhamos uma casa, eu meu filho Valente com sua esposa e filhos. João de Jesus morava na casa da igreja.
Um dia a baronesa não acordou, morreu dormindo. A sobrinha e o marido tomaram conta de tudo. Logo vieram os italianos, eram
alegres, não tinham correntes. Mais de dez anos se passaram.
alegres, não tinham correntes. Mais de dez anos se passaram.
Eu colhia flores para a capela quando vi meu pai, minha irmã, meus irmãos e Suan colhendo flores comigo.
-Vamos colher mais flores em outro lugar, lá as flores são mais lindas!
Eu respondi:
_vamos! Olhei para trás e vi meu corpo deitado no altar.
-O senhor me libertou agora plantarei flores porque Te conheço Meu Senhor Jesus, viemos de correntes porque não te conhecíamos!
Luz para Luz!
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